quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Espelho, espelho meu.




Por que ódio a Lula e o antipetismo?

Caixa dois, emenda parlamentar, propina, negociata para assinatura de contrato e concessão, licitação fraudulenta, vantagem escusa, nepotismo, formação de lobby e quadrilha, negociação de projeto fraudulento para SINCONV ou votação de Leis Complementares ... tanto faz. As práticas gerenciais, legislativas e executivas que se tornaram praxe nos últimos 50 anos não são exclusividade do PT. Ora, amigos! Não venham me dizer que o Lula é a besta-fera do apocalipse e que comunista é papafigo.
Os juristas  admitem na mídia: isso é APENAS  caixa 2. Como assim? Apenas? Então o que  serve ao sistema e convêm deixa de ser errado?
Tudo o que é feito pelo nosso legislativo tem como  objetivo único a manutenção do poder nas mãos que sempre o detiveram. 

O poder instituído precisava de algo para atingir e culpar, enforcar, crucificar, execrar.

Aprendi com meu tio: quem pode manda, quem tem juízo obedece. Essa é a regra. 

A realidade é que tudo de que TODOS os Par.ti.dos são culpados. Somos todos responsáveis. Lula é o dedo apontado nas ventas de cada um que recebeu alguma vantagem política como negociação de algum tipo de apoio. O problema do Brasil é ético. Nosso problema é o velho “e o que eu levo nisso”. Ao se afirmar isso decerto todos que lerem este texto dirão: eu não! Por que encontraram em sua história de vida diversos momentos em que “levou vantagem”, mas morrerão negando.

Há 12 anos, trabalhava como consultora para Negócios com o Brasil junto ao Ministério da Economia da Eslovênia e tive a oportunidade de representar a entidade num congresso para Empresários na Câmara de Comércio de Viena. O Palestrante era o Professor Paul Singer (Economia Solidária) e estavam presentes investidores de toda a América Latina, representantes do Banco do Brasil e empresários europeus. Indignei-me ao ouvir do interlocutor argentino que o problema dos investimentos no Brasil eram os 30% de praxe que, há anos, tem que ser negociado antes de qualquer investimento no nosso país. Morava na Europa mas sonhava em regressar para meu país diante do novo momento social que se anunciava com as propostas do PT. Voltei, mas as parcerias se mostraram incoerentes. O poder estabelecido foi posto em cheque.

Negociações de cunho ideológico feitas à revelia do Congresso e sem transparência devem ser investigadas e simplesmente suspensos os contratos, assim como punidos os contratados. 

Duvido, entretanto, é que algum dos senhores e/ou senhoras envolvidos em qualquer que seja o nível de gestão pretenda ir contra por que todos, de uma forma ou de outra, são beneficiados. À época, indignada com a “ofensa argentina” pedi o microfone e intervim afirmando que corrupção é via de mão dupla. Existem corruptos por que existem os corruptores e cabe aos mais fortes evitarem situações em que coloquem em cheque povos em situação de fragilidade quaisquer que sejam. Isso é questão ética. Mantenho o posicionamento.
Quem não aceita corrupção, começa em casa e na postura enquanto cidadão. Começa em não treinar uma criança como mentiroso ao criar situações de barganha para conseguir obediência importante e necessária. 

Impõe moral quem a tem. 
Impõe respeito quem o tem. 

Acontece que a sociedade doente trata imediatamente de criar mentiras e forçar máculas nas imagens das pessoas que colocam seus egos em cheque ou as ridicularizam. Quando não logram êxito na desmoralização com as mentiras diversas vezes repetidas, agridem ou simplesmente eliminam-as.   Urgia ao poder estabelecido extinguir qualquer força contra capaz de realizar mudanças sociais por que sociedade empoderada finda por extinguir todo tipo de escravidão. Era o objetivo. Caso contrário, não haveria sentido em tanta desmoralização da pequena parcela pensante da população que defende melhorias sociais e equidade. Apontar um culpado como se o “roubo do PT “tenha sido o único e o maior problema do nosso país é, no mínimo, inocente. O problema não é um par.ti.do  e sim as alianças entre todos com o objetivo único de manter-se no poder ou retomá-lo. Poder pelo poder.

Na falta de espelhos, faz-se necessário eleger UM culpado para expiar os pecados e redimir a todos. Mas amigos, a desonestidade começa na formação de equipes em que se priorizam parentescos ou panelinhas em detrimento da qualificação profissional, fraudes em concursos e o famoso QI (quem indica). Admitir as próprias fragilidades exige muita coragem e acima de tudo hombridade. 

Certamente nosso coração chinfrim não nos proporciona tamanha grandeza e firmeza de caráter.

Discordo de inúmeras maneiras e caminhos empreendidos. Discordo especialmente de alianças oportunistas a qualquer custo. Para mim, esse é o maior motivo de não ser mais PT. Mas já fui e guardo saudosa minha estrelinha de cinco pontas – que remetia ao meu ideal inconfidente.

Brasil velho de guerra só terá jeito quando houver uma mudança radical do sentimento íntimo do brasileiro. Quando formos corajosos o suficiente para enfrentar nossos destinos e desígnios sem impingir culpa a outrem.

Não sou idólatra nem dou crédito a Par.ti.do nenhum. Como costumam dizer na web: "não tenho político nem ladrão de estimação". 


Passei uma madrugada a ler todos os programas de governo desses candidatos e não consigo escolher de maneira ideologicamente aceitável a nenhum deles. Mas afinal aquilo tudo é apenas estratégia eleitoreira e, na hora H, farão tudo conforme os financiadores de campanha ordenarem. É assim há séculos. Quem não se coaduna com os esquemas é eliminado. Simples assim.

O sistema é podre. 

Uns financiados pelas instituições financeiras, outros pelo agronegócio... nada suficientemente honesto nem a serviço do país. Entretanto, por questão cidadã, admito que – desta vez – terei que economizar meus 3,50 para me pronunciar pelo menos contra a grosseria e ignorância que certo senhor inoculou na mente política do brasileiro.

Lula é o dedo na cara da sociedade estabelecida. Somos todos culpados e somos todos espelho. Afinal, somos todos Lula ou espelho dele.