quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PÓS-ELEIÇÃO: FATO EM FOCO, NORDESTE SEM FUTURO!

Texto de Tania Bacelar - SUDENE

Segue abaixo, matéria mostrando a atual situação dos investimentos governamentais dos PACs na infraestrutura econômica da Região Nordeste, já paralisados desde 2010. 


1) O cenário futuro, em especial, depois destas eleições municipais, em que o principal partido do Governo (PT), foi derrotado fragorosamente no Nordeste, a Região já estava sendo penalizada pela paralisação das obras estruturais, agora o bicho vai pegar e vai-se ficar à míngua, por mera vingança, especialmente no momento em que a Região tenta se industrializar e cresce mais do que o Brasil, como um todo. A Região Nordeste, servia como plataforma eleitoreira, talvez, agora não sirva mais. 
2) Faz-se urgente e necessária, de novo de projeto político-econômico nacional de desenvolvimento para o Brasil e de efetiva integração econômica regional para o Nordeste! 
3) O instrumento institucional que pode viabilizar os mecanismos e recursos financeiros permanentes, capazes de fazer uma revolução econômica e social na Região, já está na Constituição Federal de 1988, é o artigo 165 parágrafo 7º, entre outros. 
4) Sem necessidade de disparar nenhum tiro, podemos e vamos regulamentar o artigo 165, parágrafo 7º, que determina a regionalização dos orçamentos da União (OGU, LDO, LOA, PACs, PPAs, Royalties e demais programas federais) e das estatais (Petrobras, Eletrobras, BNDES, BB, CEF, FINEP, CNPq, CAPES, etc.) na mesma medida da população. Quando historicamente, só conseguimos dispor nominalmente na média de 6 a 8% nos últimos 20 anos, passaríamos a ter mais de 27% de recursos estáveis para financiar o nosso desenvolvimento (a população do Nordeste é de 27,4% - IBGE, 2010). 
4) Se a Região Nordeste, deseja se desenvolver como merece e necessita, vamos à luta para fazer valer os nosso direitos constitucionais! 
5) Vamos impedir que os FPE e FPM, as transferências constitucionais obrigatórias, sejam apropriados indevidamente pela União (CF/1988; art. 160), para fazer cortesia com o chapéu alheio, junto a montadoras de veículos, FIESP, FIERJ, centrais sindicais e sindicatos de metalúrgicos, quase todos localizados na região Centro-Sul, enquanto os municípios nordestinos dependentes do FPM, minguam nas secas e no esvaziamento financeiro, desde 2010 e, até agora, sem as devidas compensações pelo Governo central, conforme determinação constitucional e sem nenhuma satisfação aos entes federados!!! 
6) É hora inadiável para se discutir e se rever, uma urgente reforma do Pacto Federativo no Congresso Nacional, inclusive com revisão das atuais leis tributárias (ICMS, IPI, IR e outros), os royalties do petróleo, a gestão fiscal e o gasto público, antes que o Brasil se desintegre!
7) O Governo, com sua visão centralista, autoritária, fragmentária, incompetente, sem governança e aparelhista, está dilacerando o futuro do Brasil!  
8) Vejam a atual realidade sobre o Nordeste e as sombrias perspectivas para o nosso cenário futuro, após 2013!
 9) Governo centralizado, só favorece à concentração de poder, a alta corrupção (vide os mensalões, os casos chachoeiras, etc.), à ação dos lobistas estrangeiros e nacionais, que estão vendendo os ativos nacionais e inviabilizando o país! 
Vamos descentralizar e desconcentrar a República!!! 
REFORMA DO PACTO FEDERATIVO JÁ!!!
10) Vide os artigos nos arquivos acima e abaixo, se mobilize e mobilize seus parlamentares e governantes, por uma urgente e inadiável Reforma no Pacto Federativo!!!

www.centrodeestudosdonordeste.blogspot.com/ 

REPASSANDO: PÓS-ELEIÇÃO, FATO EM FOCO!
ACESSE:
30/10/2012 10h02 - Atualizado em 30/10/2012 10h34

Relatório aponta colapso em portos, rodovias e ferrovias do Nordeste

Escoamento da produção industrial e agropecuária está ameaçado.
Pesquisa da CNI diz que governos precisam buscar alternativas.

Do G1 PE
Comente agora
Um mapeamento completo da região Nordeste foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apontar as prioridades e os investimentos necessários para a modernização, recuperação e ampliação de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. O objetivo é propor soluções para garantir o escoamento da produção industrial e agropecuária nos próximos anos. De acordo com o relatório “Nordeste Competitivo”, muitos são os problemas e os desafios que precisam ser enfrentados pelos governos dos noves estados.

Entre os problemas mais preocupantes, estão as rodovias da região. A falta de manutenção, o desgaste provocado pelo excesso de cargas transportadas diariamente e os gargalos podem colocar em risco o escoamento da produção até 2020. A rodovia em situação mais crítica é a BR 101 – o trecho mais problemático fica na divisa de Sergipe com Alagoas, na cidade de Propriá, passa por Maceió e vai até o estado de Pernambuco.

O trecho da cidade de Xexéu ao Recife tem capacidade para suportar 51,3 mil toneladas por dia, mas, atualmente, passam pela estrada veículos transportando 68 mil toneladas. Por dia, isso equivale a 32% a mais que a capacidade. Em 2020, a estimativa é que a utilização chegue a 98 mil toneladas por dia – 91% acima do limite.

Outro gargalo rodoviário é o trecho da BR-324, na Bahia, entre Feira de Santana e Salvador. O principal entroncamento rodoviário do Nordeste movimenta 40 milhões de toneladas de carga por ano. Também na Bahia, a BR-242, que escoa a produção de soja do estado, está em péssimas condições.
Na Bahia, a BR-242 escoa a produção de soja do estado (Foto: Reprodução/TV Globo)Na Bahia, a BR-242 escoa a produção de soja do estado (Foto: Reprodução/TV Globo)

A previsão da CNI é de um investimento de R$ 2,03 bilhões para evitar que nove rodovias se tornem intransitáveis nos próximos anos, operando com um excedente de até 151% da capacidade. A confederação diz que é necessário um investimento de R$ 25 bilhões para garantir a circulação e o escoamento da produção dentro do Nordeste, para outras regiões do país e para o exterior.

“O principal mérito desse projeto é identificar os fluxos de produção e comércio da região e, a partir desses fluxos, identificar quais aqueles projetos de infraestrutura que terão maior retorno econômico e social para a região”, contou José Augusto Fernandes, diretor de políticas e estratégia da CNI. Ao todo, o estudo aponta 83 projetos prioritários para resolver os problemas – desse total, apenas 26,5% estão em andamento.

Escoamento
O Nordeste é um grande produtor de açúcar, álcool, adubos e fertilizantes, combustíveis, metais, bebidas, grãos, biscoitos, petroquímicos, frutas e a criação de gado. Segundo o IBGE, o Nordeste responde por 13% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país. O estudo da CNI mostra que muito tem que ser feito para escoar a produção em condições ideais e evitar o colapso nos próximos anos.
Relatório aponta trechos de rodovias que devem ser recuperados (Foto: Reprodução/TV Globo)
Relatório aponta trechos de rodovias que devem ser
recuperados (Foto: Reprodução/TV Globo)

Entre os principais projetos estão a pavimentação da BR-110, entre Mossoró e Campo Grande e entre Janduís e Serra Negra do Norte, no Rio Grande do Norte; a construção da BR-110, entre São José do Egito e o entroncamento da BR-412, em Pernambuco; e a pavimentação da BR-110, entre Ibimirim e o entroncamento da BR-316, também em Pernambuco.

Portos
Além das rodovias, os portos também preocupam. Os do Recife e o Complexo Portuário de São Luís, no Maranhão, já operam acima da capacidade limite. Nos próximos anos, também vão operar acima da capacidade o Porto de Natal, no Rio Grande do Norte, o Complexo Portuário de Salvador, e os portos de Fortaleza e o de Pecém, no Ceará. Eles precisam receber investimentos de cerca de R$ 11 bilhões para ampliação e modernização.
Segundo o estudo, o Porto de Suape, em Pernambuco, também deve chegar a um nível crítico nos próximos anos. “Em termos de valor de investimento, 90% dos projetos identificados estão na área de portos e ferrovias. No entanto, a mensagem que esse projeto passa é que a questão de transporte deve ser vista de forma integrada. Ou seja, se eu tenho um ferrovia e o porto não funciona, eu não estou otimizando o meu investimento. Na medida em que eu possa, por exemplo, avançar na maior eficiência dos portos, eu também aumento o sistema de cabotagem na região. Em lugar de transportar um produto do Recife a Fortaleza por rodovia, eu poderei fazê-la através de navios”, comentou José Augusto Fernandes.
Complexo Portuário de São Luís, no Maranhão, já opera acima da capacidade limite (Foto: Reprodução/TV Globo)Complexo Portuário de São Luís, no Maranhão, já opera acima da capacidade limite (Foto: Reprodução/TV Globo)

A dificuldade em escoar a produção preocupa empresas e indústrias. Uma fábrica de cerâmica localizada na região de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco, é um exemplo do colapso que está se formando. A indústria se instalou ao lado do porto para facilitar o escoamento da produção para os mercados interno e externo. Cerca de 40% da produção são exportados, mas, mesmo estando a menos de 10 km de um dos principais portos do Nordeste, a empresa tem problemas na hora de escoar o produto.
A empresa gera 600 empregos diretos, R$ 300 milhões investimentos e produz 1,2 milhão de metros quadrados de cerâmica por mês. O empresário Marcos Ramos reclama da ineficiência dos portos e do alto preço cobrado. “Os problemas para quem precisa exportar acima de tudo é competitividade, ter custos adequados. A gente onera muito o custo do produto com a ineficiência e dos serviços que preciamos contratar com terceiros, como porto, transporte”, falou.
Estrada Férrea dos Carajás, que liga São Luís a Açailândia, no Maranhão (Foto: Reprodução/TV Globo)
Estrada Férrea dos Carajás, que liga São Luís a Açailândia,
no Maranhão (Foto: Reprodução/TV Globo)

Trilhos e rios
As ferrovias precisam de R$ 12 bilhões de investimentos. Apesar da construção da Ferrovia Transnordestina, é preciso recuperar trechos antigos de nossos trilhos. Alguns trechos estão em péssimo estado de conservação, como o da Estrada Férrea dos Carajás, que liga São Luís a Açailândia, no Maranhão.

O estudo também indica a necessidade de investimento de R$ 272 milhões nas hidrovias e na recuperação de rios importantes, como o São Francisco. Hoje, com problemas de assoreamento e necessidade de obras de dragagem, a navegação comercial no Velho Chico não é possível em vários trechos. “O que nos estamos oferecendo são projetos, prioridades para serem examinadas pelo setor público e setor privado. A nossa expectativa e que, com a maior participação das concessões, o setor privado também possa ter um maior envolvimento com esse projeto”, concluiu o diretor de políticas e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reforma política e sistema de governo. Hora de repensar

"Para além da questão moral, há neste episódio uma questão politico-institucional gravíssima. O nosso sistema politico é estruturalmente corrupto. Este fato decorre do atual regime politico híbrido com uma Constituição parlamentarista, onde tudo deve passar pelo Congresso, e um Presidencialismo onde o chefe de estado, eleito por outra via, não tem o apoio do Legislativo. O conflito se estabelece pela origem diversa dos poderes Legislativo e Executivo. Assim o presidente reina, mas não governa, a menos que coopte uma base parlamentar descompromissada e infiel.
 
Tal sistema foi instituído por Sarney ao vetar o parlamentarismo e restaurar a figura do presidente absoluto, sem fazer as adaptações constitucionais necessárias. Ao contrario do parlamentarismo autentico, em que o primeiro-ministro é eleito pela coligação que lidera o parlamento, ou de um presidencialismo bipartidário, como o norte-americano, onde o presidente é eleito indiretamente por delegados dos partidos, o que garante certa unidade entre o Legislativo e o Executivo, o nosso regime hibrido com 30 legendas de aluguel é literalmente um mercado.

 
No nosso regime político bizarro, batizado por Sergio Abranches de presidencialismo-de-coalizão, o chefe de estado para governar precisa do “toma lá, dá cá”, que mão se faz só com reais e dólares, mas com cargos, liberação ou retenção de emendas parlamentares e participações devidas, financiamentos de obras etc, tidos como “normais”. Destas praticas, inclusive com compra de votos em dinheiro, foram acusados os Presidentes Sarney, para prorrogar o seu mandato; Fernando Henrique Cardoso, para instituir a reeleição e fazer privatizações turvas, e Lula, para aprovar leis de seu programa político. Não vou julgar aqui o mérito de tais ações, senão analisar as razões da pratica.

 
Nesse sistema, os verdadeiros operadores da governabilidade são os chefes da casa civil e coordenadores políticos. Fica evidente que a compra de votos é resultado de uma crise estrutural de governabilidade, que se manifesta também pelo abuso de Medidas Provisórias. O comercio do voto continuará a existir, enquanto persistir o regime politico atual. Quanto irá custar, de forma explicita ou implícita, a votação das reformas que o País necessita? Se não quisermos ver a reprise deste filme, devemos julgar e condenar o sistema politico corruptor vigente. 

Tudo mais é circo. Mas tal reforma institucional só pode ser feita por uma Constituinte independente do atual esquema político-partidário, pois seus agentes não abrirão mão do cheque em branco que têm hoje para negociar a governabilidade."

(Paulo Ormindo Azevedo).

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O EXTERMÍNIO INDÍGENA CONTINUA

Indígenas ameaçam suicídio coletivo caso sejam despejados

Postado em: 22 out 2012 às 22:08

“Nós não vamos sair daqui! Vamos morrer todos juntos! Para a beira da estrada não vamos voltar mais, por isso vamos morrer todos junto, aqui, mesmo!”, dizem os índios Guarani-Kaiowá

Índios guarani-kaiowá da aldeia Passo Piraju, próxima a Dourados (MS),estão decididos a se matar caso seja cumprida a ordem de despejo que receberam em 8 de outubro. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados entrou em contato sexta-feira (19) com o governo federal para alertar que há risco de o suicídio coletivo ocorrer.
“Não se pode descartar o suicídio coletivo. Há dados sobre vários casos de suicídios nos últimos dez anos de guarani-kaiowá”, informou o segundo vice-presidente da CDHM, deputado Padre Ton (PT-RO).
Leia também
O parlamentar acrescentou que homens, mulheres, jovens, adolescentes e até crianças, por diversas vezes, têm se lançado na frente de carros e caminhões que passam por estradas próximas aonde moravam. “Foram atitudes tristes e desesperadas tomadas de forma individual por vários índios que consideraram, por algum motivo, não ter mais como levar adiante suas vidas nas terras onde seus ancestrais viveram”, disse Tom.

índios guarani kaiowá
                                Índios Guarani-Kaiowá  
                               anunciam suicídio coletivo   
                                no Mato Grosso do Sul 

(divulgação)

                         


Após a decisão do tribunal regional federal da 3ª região, em São Paulo, porém, cresceu o risco de que aconteça a morte coletiva. Os guarani-kaiowá souberam que haviam perdido um processo movido por fazendeiros e marcaram uma reunião para decidir o que fazer.
No última terça-feira, a comunidade Passo Piraju informou que: “nós não vamos sair daqui! Vamos morrer todos juntos! Para a beira da estrada não vamos voltar mais, por isso vamos morrer todos junto, aqui, mesmo!”. A decisão foi encaminhada à CDHM pelo Conselho da Aty Guasu Guarani Kaiowá. Esse é um grupo da sociedade civil organizada que é reconhecido pelo Executivo na interlocução com os índios.
O padre Ton e a 1ª vice-presidenta da comissão em exercício, deputada Erika Kokay (PT-DF), enviaram uma carta ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e à presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, a fim de que sejam tomadas providências para evitar o pior.
A comissão quer que se reveja o processo com rapidez e que se levem em conta os registros históricos a respeito da área ocupada pelos índios, o que provaria serem eles os legítimos donos daquelas terras. De acordo com os representantes da CDHM, durante décadas os índios perderam muitas de suas propriedades, repassadas ilegalmente por governos anteriores do Mato Grosso do Sul a terceiros.
Atualmente, os guaranis-kaiowás reclamam menos do que seria a totalidade de suas terras ancestrais. E eles enfrentam processos morosos e com advogados que não contam com a mesma estrutura à disposição dos representantes dos grupos contrários aos seus interesses.
.............................................................................................................................................................

Enqunto isso,  na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território. Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Parabéns à omissão do govern "Democrático-Popular" por permitir o assassínio de ancestrais aos quais o comissariado trabalhista não se vê como descendente e por estregar as terras brasileiras a estrangeiros. em 22/01/2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Chico de Oliveira - imcompatibilidade com o poder, a coerência e a consciência.


Em 2003, ao considerar que o patido ao qual se dedicou por 23 anos, desde sua formação, havia capitulado e perdido as diretrizes socialistas, Chico de Oliveira deixou o partido que ajudou a construir. Sociólogo extremamente crítico, seus posicionamentos fazem deste homem de quase 79 anos um dos intelectuais mais respeitados do Brasil. Entre outras afirmativas contundentes, não se diz Fernandista, mas argumenta que se deve "dar o seu a seu dono" quando afirma que o próprio FHC foi mais de direita que Lula- um conservador sem caráter
A entrevista de Julho deste ano ( 2012) está linkada no final desta publicação, logo após a matéria publicada em 2009.
Vale a pena assistir também a de ontem a noite ( 21.10.2012) na RedeTV.

ENTREVISTA: CHICO DE OLIVEIRA

"Vargas redefiniu o país na crise de 30; a chance é que o PT faça o mesmo na primeira grande crise da globalização"

Em entrevista à Carta Maior, Chico de Oliveira analisa o que considera ser a primeira grande crise da globalização capitalista. "Estamos diante de algo maior que a própria manifestação financeira da crise; algo que persistirá para além dela e condicionará todos os passos da história neste século", afirma. O sociólogo torce para que o PT tenha coragem e capacidade para ajudar o país a deflagrar um ciclo inédito de investimento pesado na economia. "Algo como criar cinco Embraer's por ano", exemplifica.


Dona Joventina preconizava para o filho Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira uma carreira venturosa no sacerdócio. Chico, porém, era apenas um em uma prole de onze; isso deve ter facilitado a desobediência ao roteiro materno. O desvio do percurso o levaria ao engajamento profano que começou com a adesão ao Partido Socialista, aos 20 anos de idade; mas nem por isso a rota gauche o afastou da leitura dos evangelhos. É tomando emprestado a palavra dos profetas que o sociólogo nascido em 7 de novembro de 1933, em Recife, companheiro de Celso Furtado no início da Sudene, fundador do PT e do PSOL, hoje um analista mordaz de ambos com reflexões que incomodam mas não são ignoradas, resume as esperanças –“talvez fosse melhor dizer a torcida”, retifica— em relação ao papel que a esquerda brasileira, especificamente o PT, poderá jogar diante do que classifica como a “primeira grande crise da globalização capitalista”.

“Aproveitai as riquezas da iniqüidade, aproveitai”, acentua o sociólogo, doutor honoris causa pela USP e pela UFRJ. Chico adiciona à evocação de São Paulo um sentido de engajamento que resume a brecha diante da qual, à moda gramsciana - cético na razão, otimista na ação, torce por um aggiornamento do projeto petista para a sociedade brasileira.

“Naturalmente, todas as outras crises foram globais devido ao peso da centralidade capitalista no processo, mas essa”, observa com entusiasmo intelectual na voz, “é a primeira crise da globalização do capital; uma crise de realização do valor que tem na derrocada financeira sua epiderme mais visível, mas não a essencial”.

O cerne do colapso sistêmico decorreria, no seu entender, da fantástica ampliação da fronteira da mais-valia nos últimos 20 anos. “Oitocentos milhões de pares de braços foram incorporados ao mercado de trabalho mundial com o avanço econômico da China e da Índia”, dimensiona. A riqueza produzida por esse perímetro dilatado da exploração capitalista –“que alia salários miseráveis à tecnologia de ponta”-- agregaria ao sistema “uma usina de extração de mais-valia relativa de proporções inauditas”. Um fluxo incapaz de se realizar nos mercados de origem, “onde é muito baixo o custo de reprodução da mão-de-obra”.

O sociólogo extrai daí a convicção de que se trata de uma crise do modo de produção no apogeu da globalização capitalista. Não apenas uma derrapada na gestão financeira do sistema, como acreditariam analistas da própria esquerda. Se a potencialização da mais-valia gerou sobras de capital na periferia para sustentar o déficit norte-americano –a China tem US$ 1,1 trilhão investido em títulos do Tesouro - e barateou o consumo no coração do império, numa endogamia até certo ponto vitoriosa, por outro lado não elevou os salários de ricos, nem de pobres. Ao contrário, depauperou o mundo do trabalho urbi e orbe. “A quebradeira imobiliária é um sintoma dessa contradição clássica, amplificada, entre a globalização do valor e a impossibilidade de realizá-lo na mesma escala porque não há poder aquisitivo equivalente, nem na periferia nem no núcleo do sistema”, reafirma.

Chico pede calma ao entusiasmo afoito; não, ele não antevê um horizonte de derrocada final do capitalismo –“não se destrói o capitalismo, o capitalismo se supera”, reporta a Marx. Mas os dias que correm sinalizariam no seu entender uma inegável e brutal reacomodação de forças em escala planetária; aquilo que, insiste, será periodizado no futuro como a primeira grande crise da globalização capitalista. É aí que enxerga um hiato no hegemon norte-americano. A trinca descortina também uma fresta de esperança política —“torcida”, como ele prefere-- em seu ceticismo intelectual. É através dela que Chico contempla a oportunidade crucial para o país, para a esquerda e para o PT –“aproveitai as riquezas da iniqüidade, aproveitai ...”

A urgência norte-americana em lamber as próprias feridas – “disso será feito em boa parte o governo Obama”— inaugura uma janela obrigatória de rediscussão do desenvolvimento brasileiro. É valioso lembrar que o raciocínio parte do autor de um texto clássico da radiografia analítica do desenvolvimento nacional. É de 1975 seu famoso ensaio “Economia brasileira: crítica da razão dualista”. Com ele, e com o golpe de 64 fechou-se o ciclo da crença na existência de dois brasis, um capitalista, outro atrasado, dualidade que legitimaria sonhos reformistas desastrosos ancorados na suposta existência e disposição modernizante de uma burguesia nacional “aliada”.

O hiato de reacomodação capitalista que se abre agora, ao contrário, reservaria à esquerda, no seu entendimento, uma paradoxal possibilidade de repetir a história modernizante , mas não como farsa –“o que seria uma tragédia”-- e sim como ousadia e criatividade condensadas em um projeto democrático popular. “Trata-se de recriar um 1930 do século XXI”. A alegoria serve apenas para resumir o torque que se cobra das forças dispostas a superar a crise como requisito obrigatório para derrotar a coalização conservadora liderada pelo PSDB em 2010. “Na grande crise capitalista de 1930 tivemos uma reordenação do desenvolvimento brasileiro enfiada goela abaixo da plutocracia paulista”, lembra Chico de Oliveira para dar o crédito à visão de estadista de Getúlio Vargas. “Aquele foi um projeto arquiteto por cima; desta vez trata-se de fazer uma reordenação tão profunda,ou maior; mas induzida por baixo, pelas forças sociais da base da sociedade brasileira em nosso tempo”.

O PT, no seu entender, seria o operador desse aggiornamento histórico do desenvolvimento. “É quem dispõe de massa e de liderança, enquanto os demais agrupamentos socialistas constituiriam a ponta de lança instigadora do processo”. Em defesa provocativa dessa tese, o sociólogo exemplifica cobrando a metamorfose daquilo que já caracterizou, no calor do debate político, como “uma nova classe”: “O PT tem a força sindical; a estrutura sindical tem todos os fundos de pensão sob seu controle”, cutuca. A chance de emancipação do país na atual crise seria uma inusitada demonstração de competência e ousadia política da esquerda na canalização de fundos públicos para deflagrar um ciclo inédito de investimento pesado na economia. “Falo em se criar algo como cinco EMBRAERs por ano; acelerar o crescimento e dar um novo rumo à economia e à sociedade”, entusiasma-se no seu raciocínio. “Se um estancieiro gaúcho fez isso na crise de 1930 porque uma Dilma, que honestamente só conheço através da má vontade explícita da mídia; ou, quem sabe, um Gabrielli (presidente da Petrobrás), não poderiam ser instrumentalizados para fazê-lo na crise atual?”. A pergunta recebe da mesma voz uma ponderação pausada: “Devemos tratar essa possibilidade com uma discussão ampla e aberta; não oficialista, tampouco sectária, menos ainda cravejada de acusações entre petistas e não petistas. O que está em jogo é uma reacomodação brutal de forças; se ela devolver o poder aos tucanos aí sim estaremos fritos: eles ficarão aí mais dez anos”.

Leia a seguir trechos da entrevista de Francisco de Oliveira à Carta Maior:

Carta Maior - A crise financeira atual repõe a centralidade do trabalho, ou seja, devolve à esquerda o sujeito histórico que ele acreditava ter se esfarelado na história?
Chico de Oliveira - Na verdade, não concordo que essa seja uma crise financeira; tampouco acho que a sua origem esteja nos mercados financeiros centrais. A meu ver estamos diante de uma crise da globalização do capital. Todas as outras também foram crises globais, claro, devido à centralidade do capitalismo norte-americano. Mas essa crise não floresce exatamente num ponto geográfico; à rigor, se formos localizá-la seria na incorporação da mais-valia gerada na China e na Índia nos últimos vinte anos; novidade esta que influenciou o conjunto da globalização capitalista e redundou no atual colapso; uma crise de realização do valor. O sintoma financeiro é sua manifestação mais evidente, mas não a sua essência.

CM - A essência seria o barateamento da mão-de-obra mundial?
Chico - A essência é a impossibilidade de realizar o valor gerado por ela; ou seja a mais-valia extraída da incorporação adicional de 800 milhões de novos operários baratos ao mercado de trabalho mundial. Isso produziu uma revolução na medida em que dobrou ou triplicou a oferta de mão-de-obra oferecida ao capitalismo, dilatando a fronteira da mais-valia, sem contudo propiciar uma expansão equivalente da capacidade de realizá-la.

CM - Por quê?
Chico - Porque o custo de reprodução de mão-de-obra nas sociedades onde se expande a nova fronteira da mais-valia, casos da China e da Índia, principalmente, é muito baixo, ainda que a exploração esteja aliada à tecnologia de ponta. Estamos diante de uma crise clássica de realização do valor, amplificada; uma crise da globalização capitalista. O colapso das hipotecas nos EUA é a manifestação disso. De um lado, a produção na China e na Índia barateou o consumo norte-americano; propiciou também sobras de capital na periferia para financiar o Tesouro dos EUA. A China sozinha tem mais de US$ 1 trilhão aplicado em papéis do governo Bush. De onde saiu esse dinheiro? Certamente não foi geração espontânea. É mais-valia extraída do operário chinês que não se realiza lá porque o custo de reprodução da mão-de-obra local é baixíssimo.

CM - Mas a crise não marca o esgotamento dessa endogamia China/EUA?
Chico - Ela funcionou bem durante algum tempo e continuará a girar porque é proveitosa aos dois lados. Ao mesmo tempo a engrenagem esfarela o mundo do trabalho urbi e orbe; os assalariados norte-americanos simplesmente não têm fonte de renda para o padrão de consumo que ainda desfrutam; estão devolvendo casas e vão morar em garagens coletivas, dentro dos seus carros. Obama teria que elevar brutalmente o poder aquisitivo dessa gente para contornar a crise. Fará isso? Honestamente, não sei dizer. O fato é que as implicações desse processo devem ser estudadas cuidadosamente; estamos diante de algo maior que a própria manifestação financeira da crise; algo que persistirá para além dela e condicionará todos os passos da história neste século

(NR – CM levantou alguns dados que reforçam as preocupações de Chico de Oliveira: a incorporação ao mercado capitalista da produção chinesa, indiana e de países da antiga União Soviética colocou trabalhadores de todo mundo em concorrência internacional direta pela primeira vez na história; trabalhadores ocidentais tornaram-se minoria num mercado mundial que ganhou 1,2 bilhão de operários adicionais nos últimos 30 anos; 350 milhões de trabalhadores treinados, e mais caros, do Ocidente, responsáveis pela maior parcela da produção global até recentemente, estão sendo desalojados de empregos e salários; das 3 bilhões de pessoas ativas no mercado global hoje, metade ganha menos de US$ 3 por dia.

A China, a nova oficina do mundo, tem um custo/hora do trabalho de US$ 0,60, contra média de US$ 30/h na Alemanha, US$ 21 nos EUA e cerca de US$ 4,50 no Brasil .Resultado: dados compilados pela Comissão Européia revelam que a parcela de riqueza destinada atualmente aos salários é a mais baixa desde 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza abocanhada pelos detentores do capital financeiro vinha batendo recordes seguidos até o colapso atual. A produtividade ao mesmo tempo não pára de crescer –desde 2001, cresceu 15% nos EUA e saltou em média 8% a 10% ao ano na China. Entre 1990 e 2004, a participação dos produtos chineses no total de bens importados pela AL cresceu de 0,7% para 7,8%. No mesmo período, a fatia dos produtos brasileiros na região subiu de 5,3% para 6,5%)
.

CM - O que o senhor está dizendo é que a tentativa de equacionar a crise a partir de sua manifestação financeira não basta ?
Chico - É isso. A contribuição de Chesnais à compreensão da dinâmica capitalista foi importante num outro momento porque os marxistas sempre tiveram dificuldade em lidar com a questão financeira. Mas a interpretação chesniana não dá conta da crise atual. É uma crise de realização do valor.

CM - 1930 também foi uma crise de realização do valor e se resolveu....
Chico— Uma crise de realização do valor circunscrita ao território das economias centrais. Ainda assim exigiu um Roosevelt; e uma Guerra mundial para ser contornada. Esse paralelo apenas reafirma a gravidade do que temos diante de nós; e o que temos é uma crise da globalização à 29; o ferramental dos anos 30 não dá conta disso.

CM - O receituário keynesiano?
Chico - As opções keynesianas valiam para uma economia fechada que podia conter a livre movimentação de capitais; hoje você precisaria de um dinheiro mundial para regular a parafernália financeira; socorrer déficits em conta corrente e harmonizar desequilíbrios comerciais etc. O dólar não é isso; o dólar é uma moeda hegemônica, não é o dinheiro único que o instrumenal keynesiano necessitaria para ter eficácia atualmente.

CM - Estamos diante de um longo processo de solavancos e limbo sem redenção...
Chico - Uma crise longa, dura, que exigirá reacomodação brutal de forças e vai impor mudanças em todo o mundo e no Brasil também. Mas não tenhamos ilusão: o capitalismo não chegou ao limite. Tampouco é o fim da associação China/EUA; de algum modo ela prosseguirá porque é proveitosa aos dois lados. Ademais, o capitalismo não se destrói, ele é superado, como o leitor atento de Marx bem sabe.

CMQue espaço sobra para a periferia do sistema, caso do Brasil, entre outros?
Chico – Estamos emparedados entre a concorrência chinesa e a desordem financeira no coração do capitalismo. A crise nos pega no meio do caminho e, naturalmente, não podemos regredir e adotar um padrão chinês de salários de miséria. Alguns até gostariam, mas não dá, felizmente não dá mais e tentar seria uma calamidade social de proporções incalculáveis.

CM - Qual opção à paralisia, se é que existe uma - e viável?
Chico – Não existiu Vargas em 1930? A opção é uma soma de coragem política e investimento público pesado. Criar algo como cinco EMBRAERs por ano em diferentes setores; promover uma superação do modelo ancorado-o agora em forças sociais da base da sociedade. Carlos Lessa sugeria isso no BNDES, no começo do governo Lula; não deixaram...

CM - Mas o Brasil de Vargas não existe mais...
Chico - Para Getúlio também não foi fácil, mas ele fez. E fez à revelia da plutocracia mais poderosa do país; enfiou seu projeto goela abaixo da burguesia paulista e se firmou como um estadista da nossa história. A elite paulista jamais admitirá, mas ele foi o grande estadista do desenvolvimento nacional.

CM - Haveria espaço para esse salto nas condições do capitalismo do século XXI?
Chico - A crise é tão grave que abre um período de suspensão do hegemon; não sua derrocada, mas um hiato para lamber as próprias feridas. Isso tomará boa parte do tempo e das energias desse Obama, em relação ao qual, diga-se, não compartilho do otimismo de muita gente de esquerda. Mas o fato é que ele estará ocupado e com uma quantidade apreciável de problemas. Abre-se um espaço, portanto. Talvez até mais que isso: haveria uma potencial complementariedade de interesses se tivéssemos aqui um arranque de investimento público pesado. Isso de certa forma repercutiria positivamente no coração da economia norte-americana. Estamos diante de uma fresta histórica: uma suspensão do hegemon e um espaço de complementariedade para remar na mesma direção, o que poderá favorecer os dois lados a sair do buraco...

CM - Internamente a elite talvez não veja as coisas assim, como propriamente complementares, quando se associa crescimento a um arranque pesado de investimento público.
Chico – Nossa burguesia se transformou em gangue. Expoentes nativos são figuras do calibre de um Daniel Dantas ou esse Eike Batista que opera dos dois lados da fronteira boliviana; não se pode contar com protagonistas dessa qualidade para qualquer coisa, menos ainda para uma agenda de desenvolvimento. Não há saída por aí. Mas o Brasil também não teria saído da crise de 30 se Vargas fosse esperar a mão estendida da plutocracia de São Paulo, por exemplo. Ele ocupou o espaço e fez.

CM - Logo...
Chico – Logo precisaria reinventar o PT; um PT com a ousadia de um Kubitschek e de um Vargas; para fazer por baixo o que eles tentaram e fizeram por cima; um arranque do desenvolvimento induzido pela base social para mudar a economia e a sociedade. Cinco EMBRAERs por ano e ponto final.

CMO senhor acredita nesse aggiornamento do PT?
Chico - Se depender de torcida para que aconteça tem a minha. A lógica de acomodação de forças que a crise mundial impõe é de dimensões tão brutais, tão inauditas que exige da esquerda brasileira um desassombro igualmente inusitado.

CM - E os recursos para esse ciclo de investimentos pesados?
Chico - O PT tem a base sindical e a base sindical tem o controle de todos os fundos de pensão (NR: os fundos de pensão aplicam apenas na dívida pública federal recursos da ordem de R$ 155 bilhões de reais). Então tem recursos para serem remanejados e repactuados com a base trabalhadora; dentro dela o PT desfruta igualmente de massa e representatividade.

CM - Essa é uma agenda para 2010?
Chico - É uma questão delicada para ser tratada num debate aberto; sem oficialismos de uns, nem preconceitos de outros. A história brasileira repete um impasse do desenvolvimento que não pode ser respondido com uma farsa porque seu resultado seria uma tragédia. Dessa vez o que se vislumbra como possível, repito, é fazer por baixo, com bases sociais existentes, e organizações disponíveis, aquilo que nos anos 30 e nos anos 50 se fez por cima: destravar o desenvolvimento e expandir o mercado interno. É preciso tratar isso com cuidado, insisto, sem oficialismos do PT, nem o sectarismo do Psol e do PSTU.

CMA candidatura de Dilma Roussef pode oferecer a amarração a esse esforço?
Chico - Honestamente não conheço a ministra Dilma, exceto pelo que leio da má vontade explícita da mídia em relação a ela. Torço para que seja aquilo que amigos petistas dizem que é. Ou então, que seja alguém como o Gabrielli, o presidente da Petrobrás, que certamente também sabe o que está em jogo e as variáveis para sair da crise. Trata-se de articular uma coalizão de forças dentro da qual o PT seria o operador porque é quem tem massa e liderança eleitoral; os grupos à esquerda teriam seu papel de ponta-de–lança. O fundamental é ter um debate com muita abertura e sem preconceitos.

CM - Se a crise se agravar há risco de a oposição ganhar terreno e viabilizar uma vitória de Serra?
Chico - Serra antes de ser um personagem político é um caso psiquiátrico. Qual é o seu projeto afinal? É a obsessão pessoal e doentia pelo poder. Diante de uma crise da proporção que temos pela frente, porém, se você não avançar será soterrado por manifestações mórbidas. A pá de cal viria na forma de uma vitória tucana em 2010; aí sim estaríamos todos fritos. Eles ficariam aí por mais dez anos.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Si!!!!, somos espíritus en busca de experiencias humanas

 
, y el amor la verdad y el espíritu son uno, son eternos y están mas allá de las leyes y normas que rigen el devenir de los tiempos.
y siendo un espíritu decido ser ser amor y ser libre y feliz de toda imposición.... y poder manifestarme como ese ser que soy y...¡un momento!...¿acaso eso que estamos diciendo no se trata de un concepto muy refinado y emotivo de nuestras finitas conclusiones sobre aquello que es infinito y eterno?..

¿nosotros libres de toda ley o norma?

¿Acaso no es una ley que nosotros como humanos que somos también debemos respirar aire y tomar agua?...¿y de ves en cuando ingerir alimentos?..¿alguna ves no hemos sufrido de dolor de cabeza o nos ha dado calor?...¿acaso no fue la creación que por si misma la que dio forma a este universo y que se sostienes a través de fuerzas que no han cambiado en la eternidad?....

la creación creo un medio ambiente con el que ínteractuamos que esta regido por leyes o lineamientos naturales que nadie invento y son genuinas, ubiquémonos en nuestro mundo como humanos y que nuestra vida como tal sea conforme con los lineamientos de la creación y no conforme a nuestras creencias o interpretaciones de lo que para nosotros debe ser la espiritualidad dentro del ruido y la prisa de nuestras sociedades.

En ausencia del pensamiento sentimentalismos y del devenir de nuestra vida es cuando reconocemos lo que somos espiritualmente , eso es meditación, y despertar es fluir como humanos entre las corrientes naturales de la creación.

Fuimos creados hombres y mujeres en el fluir de los lineamientos creacionales, cuando nos hacemos a la deriva de estas corrientes nuestro temor crea a los dioses haciéndonos padres de ellos y esclavos al mismo tiempo, volver a las corrientes naturales o mantenernos a la deriva es una decisión que incuestionable mente esta en las mejores de las manos...

¡Las tuyas!

Gioconda Lobo Briceño

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Quando o amor vos chamar, segui-o

...
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, 
assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e,
com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.

Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações, onde rireis, 
mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.

Pois o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
'Deus está no meu coração', mas que diga antes: 'Eu estou no coração de Deus.'
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor, se vos achar dignos,
determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, 
sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, 
e nos lábios uma canção de bem-aventurança.

(Gibran Khalil)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A ODISSÉIA DA VIDA - O DESENVOLVIMENTO INSUSTENTÁVEL E A DEGRADAÇÃO PLANETÁRIA



Marcos Torrigo

Vivemos um momento único na trajetória humana no planeta. Com o desenvolvimento tecnológico e o avanço da ciência, houve intenso crescimento populacional e também o aumento da expectativa de vida . Entretanto, isso defronta a humanidade com alguns desafios à sua sobrevivência, bem como a da biodiversidade do planeta. Segundo especialistas, já estaria em curso uma extinção em massa de diversas espécies por conta da ação humana.

Diante desse cenário, uma questão ética se sobrepõe: é justo que, devido ao nosso consumismo, nossas máquinas, construções e dejetos tóxicos, deixemos de conviver com tigres, leões e jaguares selvagens? Devemos abrir mão da beleza das florestas, flores raras e plantas medicinais? Carregaremos na consciência a responsabilidade pelo ocaso das sociedades tradicionais, aborígenes, índios e inuítes que estão completamente associados à natureza que os cerca? Queremos viver num mundo assim?

A pressão que exercemos é gigantesca, pois já consumimos em um ritmo maior do que a capacidade de o planeta gerar recursos. Também ocupamos vorazmente a superfície terrestre com nossas estradas, cidades, plantações e pastagens. Aliás, para onde você acha que vai o óleo de cozinha, o detergente, o amaciante e demais produtos químicos que utilizamos em nosso dia a dia? O destino são os rios e oceanos, ou seja, jogamos nosso lixo na casa de outros seres vivos. Isso sem contar com o plástico e seus efeitos nocivos na vida dos animais, os quais morrem aos milhares simplesmente porque alguém prefere as sacolinhas plásticas às sacolas de pano das nossas avós. Esses são somente alguns exemplos para demonstrar o peso das nossas ações sobre o planeta.

Há alternativas tecnológicas que podem ser utilizadas para garantir um desenvolvimento sustentável. Entretanto, ainda não o são ou por comodismo ou por ferirem interesses financeiros questionáveis, apoiados em premissas errôneas e concepções ideológicas ultrapassadas.

Enquanto escrevo estas linhas um sabiá pousa nas árvores do meu jardim e canta. Será que meu sobrinho quanto tiver a minha idade terá este singelo prazer?

A visão de mundo, predominantemente pautada pelo cristianismo e cartesianismo, concebe o ser humano apartado da natureza. Infelizmente, trazemos isso como um meme, praticamente um programa mental, que norteia as nossas ações e concepções de mundo. O sociólogo francês Edgar Morin, em entrevista à Guitta Pessis-Pasternak que consta do livro Do Caos à Inteligência Artificial, aponta que os postulados cartesianos são norteados pela “divisão entre sujeito e objeto, entre a natureza e o homem que deve dominá-la”. Pessis-Pasternak indaga Morin se a busca por dominar a natureza não seria uma projeção do monoteísmo ocidental. Ele concorda e ainda vai mais longe, demonstrando como essa concepção não tem sentido, uma vez que não estamos no centro do universo, mas na periferia. Além disso, nos compara a aprendizes de feiticeiro ao tentarmos dominar a natureza e o nosso planeta. Para Morin, é impossível separar o ser vivo do seu ecossistema, o indivíduo de sua sociedade, o sujeito do objeto.
A concepção de mundo que separou o ser humano da natureza fundamentou a conquista da América pelos europeus e a submissão dos povos indígenas. Tendo como base uma proposta evangelizadora e eurocêntrica, os índios foram rotulados como “selvagens” e “bárbaros”.


Claude Lévi–Strauss, no prefácio ao livro de Marcell Mauss, Ensaio sobre a dádiva, entretanto, pondera a inigualável e admirável capacidade dos americanos nativos em utilizar as potencialidades do novo meio natural, domesticando animais e plantas. Por exemplo, descobriram como incorporar à sua dieta a mandioca brava, um tubérculo letal em sua origem, neutralizando sua toxicidade. Além disso, europeus aprenderam a usar o tabaco, a batata, o tomate, o cacau, o milho, o amendoim, a borracha e várias outras espécies com os americanos nativos.

Podemos ampliar a descrição de Lévi-Strauss ao lembrarmos do yage (ayahuasca, daime e outras denominações), cujo preparo demanda a mistura de diferentes plantas, revelando sua complexidade de elaboração e, consequentemente, alto grau de conhecimento dos recursos naturais. Paralelamente, pode-se destacar a domesticação dos camelídeos, como a alpaca e a lhama, em larga escala nos Andes. Por seu turno, os maias desenvolveram um calendário mais preciso do que o europeu e criaram o conceito de zero, que Lévi-Strauss nos esclarece ter sido descoberto pelo menos meio milênio antes dos indianos, sendo posteriormente levado pelos árabes à Europa. Isso sem contar com as contribuições culturais dos povos nativos às artes, à religião e à organização social. 
Desumanizar o outro e a sua cultura, assim como estabelecer de forma etnocêntrica valores dominantes como padrão, é um grave erro em todos os sentidos. Ao privar a humanidade de conviver com culturas variadas e as suas infinitas respostas ao desafio da existência, essa massificação é nefasta, embora infelizmente ainda se faça presente em diversas culturas e nações, dentre as quais podemos destacar o Brasil atual. Nosso país, como sabemos, tem condições privilegiadas em relação aos recursos naturais, porém lamentavelmente este ano de 2011 pode entrar para história brasileira e mundial como um dos mais trágicos. Em nome de um projeto de desenvolvimento ultrapassado que beneficia interesses estrangeiros, algumas poucas empresas privadas e interesses políticos duvidosos, será liberada a destruição das florestas numa área de quase duas vezes o tamanho do estado de São Paulo – 420 mil km2 – caso seja aprovado o projeto que prevê a reformulação do Código Florestal.

A decisão para tal, em vez de ter levado em conta a opinião de cientistas, técnicos e especialistas, as modificações propostas foram feitas por políticos de forma atabalhoada e sem base. O resultado disso é que as maiores entidades científicas do país condenaram as alterações, e a própria ONU, por meio do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), alertou para os riscos trazidos pela nova proposta.

Dentre os problemas apontados, o novo código possibilita a utilização de topos e encostas de morros. O leitor lembrará os episódios recentes dos desabamentos nas regiões serranas do Rio de Janeiro, as mortes e prejuízos financeiros decorrentes. As matas ciliares que protegem os rios também serão atingidas, aumentando a exposição à erosão e consequente falta de água, o que é um contrassenso na atual conjuntura mundial que já antevê escassez dos recursos hídricos. Muitos especialistas apostam que as guerras de hoje por petróleo serão substituídas por guerras por água.

or ocupação da terra, em especial da Amazônia. Na lógica gananciosa e sem fundamentos, isso aumentaria a capacidade de produção de grãos e a sua consequente exportação. O eixo de criação de gado migra para Amazônia, promovendo uma gigantesca devastação. A partir daí, será uma questão de tempo para a tomada do espaço pela soja, a mineração e, claro, a ocupação humana e obras infraestruturais subsequentes.
A demanda mundial por comida é gigantesca, especialmente nos países populosos como a China. O Brasil tem condições de ser o maior produtor de alimentos do mundo, mas sem água e sem os cuidados básicos com o manejo do seu ambiente essa conquista fica cada vez mais distante, além de trazer riscos de diversas naturezas.

Há uma questão geopolítica importante, mas que não tem recebido acompanhamento que lhe é devido pela mídia. A China desbancou os Estados Unidos e é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. É evidente a afinidade ideológica com o governo e, pelo visto, sua “matriz de desenvolvimento” também serve de (mau) exemplo. A China tem comprado vastas extensões de terra no Brasil e na América Latina e, quando não age diretamente, financia agricultores locais. O Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada –, em seu relatório “As Relações Bilaterais Brasil-China: A Ascensão da China no Sistema Mundial e os Desafios para o Brasil”, salienta que as relações com a China constituem oportunidades, entretanto podem ser ameaçadoras a longo prazo.
Nesse documento, o economista do Ipea, Eduardo Costa Pinto, traz afirmações também apontadas por especialistas consultados pelo jornal norte-americano The New York Times em reportagem na qual define a relação comercial entre Brasil e China de “neocolonial”, na qual cabe ao Brasil o papel de colônia.
Os dados do Ipea apontam como foco das exportações brasileiras o mercado de commodities. É fácil observar que importamos produtos industrializados e exportamos matérias-primas. Limitar as exportações brasileiras às commodities agropecuárias e minerais não representa uma opção interessante, uma vez que fragiliza a posição do país caso ocorra exaustão destes recursos. Logicamente, como os produtos industrializados têm maior valor agregado e empregam mais pessoas para o processo de fabricação, há o estimulo à maior capacitação técnica. E o mais alarmante é perceber que a economia brasileira está cada vez mais dependente da China, já que o país asiático tem investido bilhões no setor energético brasileiro, também buscando o controle das operações, o que fere a soberania nacional.

Ainda no mesmo relatório do Ipea, outra informação também repercutida pelo The New York Times dá conta de que os chineses têm comprado empresas brasileiras ou a elas têm se associado para assim garantir as exportações com o interesse evidente nos recursos naturais brasileiros.

Segundo informação publicada no site da Presidência da República, “a China já superou os Estados Unidos como maior parceiro comercial do Brasil, com um movimento de 56 bilhões de dólares em 2010, o que é 25 vezes mais do que em 2000”. Ainda segundo a página da internet, em matéria sobre projeto de construção de estradas: “Hoje o Brasil tem três alternativas para chegar ao Pacífico e levar seus produtos à Ásia: sair dos portos brasileiros e contornar o continente em direção à complicada passagem do Estreito de Magalhães, na Patagônia, Chile; contornar o continente em direção ao norte e atravessar o Canal do Panamá; ou utilizar o corredor interoceânico já existente entre Buenos Aires, na Argentina, e o porto de Valparaíso, no Chile”.

As obras feitas com o dinheiro brasileiro utilizam a matriz rodoviária, iniciativa questionável ao considerarmos seus altos custos de implementação, além da poluição gerada pelo seu uso. Talvez uma matriz ferroviária bem estruturada atendesse melhor as necessidades de transporte de mercadorias. Por outro lado, há projetos de hidrovias associadas a muitas hidrelétricas na região amazônica. A Usina de Belo Monte é uma delas e visa a fornecer energia elétrica a mineradoras e a outros projetos na região.
Por qual motivo esses megaprojetos não estão estampados nas páginas de todos os jornais, abordando seus impactos ambientais altíssimos e o gigantesco custo financeiro? Já que vivemos em um país democrático, o governo não deveria consultar a sociedade?
E, nessa conjuntura, as comunidades nativas não são respeitadas, tampouco o habitante das cidades que vê seu dinheiro sendo usado na construção de hidrelétricas, hidrovias, portos, estradas e mais uma infinidade de obras sem um planejamento de longo prazo. Como resultado desse conjunto de iniciativas atropeladas desde sua concepção, não desenvolvemos as nossas reais capacidades e vocações, já que apenas copiamos uma matriz de desenvolvimento antiquada.

Imaginem quantos segredos a maior floresta do mundo abriga. Tal qual fizeram os povos nativos no passado, que se beneficiavam de uma relação estreita com a natureza, poderíamos descobrir plantas com propriedades terapêuticas e com potencial para colocar o Brasil na vanguarda de uma nova medicina. De acordo com dados do Ibama, cerca de 20 mil extratos de plantas nativas indispensáveis à fabricação de remédios saem por ano ilegalmente do Brasil para ser empregados na fabricação de medicamentos e cujo mercado mundial alcança valores de US$ 400 bilhões ao ano. Vale lembrar que o Brasil é o país com a maior biodiversidade no mundo.
Por fim, não podemos excluir a importância da natureza e suas florestas em relação às mudanças climáticas globais.
A natureza presta inúmeros serviços gratuitos e “invisíveis”, os quais acabamos não dando atenção porque estamos acostumados a eles. O ar que respiramos, a água que bebemos, controle de enchentes e desabamentos, polinização (sem abelhas a fome do mundo aumentaria) e vários outros.

No caso do Brasil, o climatologista Antônio Nobre salienta que a floresta amazônica impede que o país se transforme num deserto. Ela produz gotículas de água que são levadas pelos ventos como rios aéreos. Uma das causas do desequilíbrio ambiental no mundo é justamente o seu comprometimento. 

A importância econômica da natureza motivou, inclusive, um estudo profundo chefiado pelo economista sênior do Deutsche Bank Pavan Sukhdev "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade". Nele, é comprovado o óbvio: que é muitíssimo mais barato a natureza cuidar de alguns processos vitais ao invés de nós humanos nos incumbirmos de criar mecanismos próprios para tal.
Mais um texto importante de Morin, “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, aborda que nossa atual “Condição Planetária” se tornou possível com a internet e a comunicação de massa, embora o fenômeno tenha origem nas grandes navegações. Isso gera o desafio da informação, hoje em dia em quantidades gigantes, e o que fazer com ela, já que a educação formal não contempla essa avalanche de dados.

Ele alerta para os crescentes riscos aos quais a humanidade está exposta: a ameaça ecológica e a degradação da vida planetária. Urge, assim, a necessidade não só de se conhecer profundamente essas questões, mas descobrir soluções por meio de uma consciência planetária. Isso não é uma tarefa fácil, pois envolve processos sociais, econômicos e ideológicos.
Interligados e complexos, esses problemas estão inter-relacionados, da mesma forma que o fenômeno da escassez de alimentos está diretamente relacionado à questão ecológica. E com esse raciocínio o autor reforça que a humanidade é agora uma comunidade de destino comum.

Morin também aborda que aquilo que denomina de “antropo-ético”, ou seja, a capacidade de o ser humano desenvolver a ética, a responsabilidade e a autonomia pessoal, em complemento à participação social essencial à união do gênero humano, uma vez que temos um destino comum. A democracia é fundamental nesse processo, já que permite a alternância de poder com os cidadãos exercendo sua responsabilidade cívica por meio do voto.
Nesse cenário, é importante comprometer o indivíduo com essa consciência social, ou seja, aquilo que o conduz à cidadania. As ONGs e o trabalho voluntário, por exemplo, são campos para o desenvolvimento da ética, pois vão além dos Estados nacionais, da política e mesmo da religião.

Infelizmente, ainda há muitos indivíduos com visão fragmentada da realidade, especialmente na política. Entretanto, agora, mais do que nunca, é imprescindível que se entenda a complexidade do planeta para que se crie uma ética comum ao gênero humano.
Trazendo essa problemática para mais perto de nosso cotidiano, termino este texto conclamando você, leitor, à ação. Procure os políticos em quem votou e mostre o seu descontentamento. O Senado Federal abriu um canal de comunicação sobre o Código Florestal. Faça bom uso dele. Complementarmente, há centenas de movimentos e entidades de envergadura (como a OAB, por exemplo) que são contrárias às mudanças propostas ao Código Florestal. Em paralelo, estão ocorrendo diversas manifestações em vários lugares do Brasil. Dê a SUA contribuição à Vida.

O planeta é similar a um grande ser vivo com as condições ideais para a existência da vida. Estamos tão acostumados com seu equilíbrio natural que nem percebemos quanto ele é frágil. E, caso o pior aconteça, não teremos para onde ir. Se você não se importa com as outras formas de vida, se importe ao menos com a sua vida e com a das pessoas que você gosta. Isso porque o que atualmente chamamos de “desenvolvimento” está se tornando insustentável, inclusive para a espécie humana.

Está em discussão no Senado Federal o PLC 30/2011, que trata da reforma do Código Florestal brasileiro. Você pode participar do debate, encaminhando sua manifestação.
Ajude o Senado a fazer leis melhores. Participe!

http://www12.senado.gov.br/codigoflorestal/sugestao

Fontes:
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Introdução de Claude Lévi-Strauss, Marques. Lisboa: Edições 70, 1988.
PESSIS-PASTERNAK, Guitta. Do Caos à Inteligência Artificial. São Paulo:Unesp, 1993

As Relações Bilaterais Brasil-China: A Ascensão da China no Sistema Mundial e os Desafios para o Brasilwww.ipea.gov.br/portal/images/stories/.../110408_estudochinaipeamre.pdf
China’s Interest in Farmland Makes Brazil Uneasy
http://www.nytimes.com/2011/05/27/world/americas/27brazil.html?_r=1&pagewanted=all
China Conexão Atlântico-Pacífico integra continente e facilitará comércio exterior
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/02/07/conexao-atlantico-pacifico-integra-continente-e-facilitara-comercio-exterior
Os interesses por trás das hidrelétricas da Amazônia
ttp://colunas.epoca.globo.com/planeta/2011/06/06/o-que-esta-por-tras-das-hidreletricas-da-amazonia/
Os sete saberes necessários à educação do futuro

Portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf