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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

OS DEZ MANDAMENTOS DO POPULISMO


O populismo na América Latina adotou um amálgama desconcertante de posições ideológicas. Esquerdas e direitas poderiam reivindicar a paternidade do populismo, todas ao conjuro da palavra mágica 'povo'.
Populista quintessencial foi o general Juan Domingo Perón, que havia atestado diretamente a ascensão do fascismo italiano e admirava Mussolini a ponto de querer 'erigir-lhe um monumento em cada esquina'. Po pulista pós-moderno é Hugo Chávez, que venera Fidel Castro a ponto de tentar converter a Venezuela numa colônia experimental do 'novo socialismo'.

Os extremos se tocam, são cara e coroa de um mesmo fenômeno político cuja caracterização não se deve tentar, contudo, pela via de seu conteúdo ideológico, mas sim de seu funcionamento. Proponho dez traços. 

1- O populismo exalta o líder carismático. Não há populismo sem a figura do homem providencial que resolverá os problemas do povo. 'A entrega ao carisma do profeta, do caudilho na guerra ou do grande demagogo - recorda Max Weber - não ocorre porque a mande o costume ou a norma legal, mas porque os homens crêem nele.' 

2- O populista não só usa e abusa da palavra: ele se apropria dela. A palavra é o veículo específico de seu carisma. O populista se sente o intérprete supremo da verdade geral e também a agência de notícias do povo. Fala com o povo de modo constante, incita suas paixões, 'ilumina o caminho', e faz isso sem restrições nem intermediários. Weber assinala que o caudilhismo político surge primeiro nas cidades-Estado do Mediterrâneo na figura do 'demagogo'. Aristóteles sustenta que a demagogia é a causa principal das 'revoluções nas democracias', e percebe uma convergência entre o poder militar e o poder da retórica que parece uma prefiguração de Perón e Chávez: 'Nos tempos antigos, quando o demagogo era também general, a democracia se transformava em tirania.' Mais tarde desenvolveu-se a habilidade re tórica e chegou a hora dos demagogos puros: 'Agora os que dirigem o povo são os que sabem falar.' Há 25 séculos essa distor ção da verdade pública se desenvolvia na Ágora real; no século 20 ela o fez na Ágora virtual das ondas sonoras e visuais: de Mus solini (e Goebbels), Perón aprendeu a importância política do rádio para hipnotizar as massas.
E Chávez superou o mentor Fidel ao usar até o paroxismo a oratória televisiva. 

3- O populismo fabrica a verdade. Os populistas levam às últimas conseqüências o provér bio latino: 'Vox populi, vox Dei.' Mas como Deus não se manifesta todos os dias e o povo não tem uma única voz, o governo 'popular' interpreta a voz do povo, eleva essa versão à condição de verdade oficial, e sonha com decretar a verdade única. Os populistas abominam a liberdade de expressão. Confundem a crítica com inimizade militante, por isso buscam desprestigiá-la, controlá-la, silenciá-la. Na Argentina peronista, os jornais oficiais - incluindo um órgão nazista - contavam com generosos privilégios, mas a imprensa livre esteve a um passo de desaparecer. A situa ção venezuelana, com a 'lei da mordaça' pendendo como uma espada sobre a liberdade de expressão, aponta no mesmo sentido; terminará por esmagá-la.

4- O populista usa de modo discricionário os recursos públicos. Não tem paciência com as sutilezas da economia e das finanças. O erário é seu patrimônio privado, que ele pode usar para enriquecer-se ou para embarcar em projetos que conside re importantes ou gloriosos sem levar em conta os custos. O populista tem uma concepção mágica da economia: para ele, todo gasto é investimento. A ig norância ou incompreensão dos governos populistas em matéria econômica se traduziu em desastres descomunais dos quais os países levam décadas para se recuperar.

5- O populista divide diretamente a riqueza. O que não é criticável em si (sobretudo em países pobres, onde há argumentos extremamente sérios para dividir, de fato, uma parte da receita, à margem das dispendiosas burocracias estatais e prevenindo efeitos inflacionários), mas o populista não divide de graça: focaliza sua ajuda e a cobra em obediência. 'Vocês têm o dever de pedir!', exclamava Evita a seus beneficiários.
Criou-se assim uma idéia fictícia da realidade econômica e entronizou-se uma mentalidade assistencialista. No fim, quem pagava a conta? Não a própria Evita (que cobrou seus serviços com juros e resguardou na Suí ça suas contas multimilionárias), mas sim as reservas acumuladas em décadas, os próprios operários com suas doações 'voluntárias' e, sobretudo, a posteridade endividada, devorada pela inflação. Quanto à Venezuela, até as estatísticas oficiais admitem que a pobreza aumentou, mas a improdutividade do assistencialismo só será sentida no futuro, quando os preços dispararem e o regime levar às últimas conseqüências seu propósito ditatorial. 

6- O populista alimenta o ódio de classes. 'As revoluções nas democracias são causadas sobretudo pela intemperança dos demagogos', explica Aristóteles. O conteúdo dessa intemperança foi o ódio contra os ricos: 'Algumas vezes por sua política de denúncias... e outras atacando-os como classe, (os demagogos) incitam contra eles o povo.' Os populistas latino-americanos correspondem à definição clássica, com uma nuance: fustigam 'os ricos', mas atraem os 'empresários patrióticos' que apóiam o seu regime.



Um efeito inevitável da demagogia é a subversão da democracia



O populista não busca, necessariamente, abolir o mercado: sujeita seus agentes e os manipula a seu favor. 

7- O populista mobiliza permanentemente os grupos sociais. O populismo apela, organiza, inflama as massas. A praça pública é o teatro onde comparece 'Sua Majestade, o Povo' para demonstrar sua força e escutar as inventivas contra 'os maus' de dentro e de fora. 'O povo', claro, não é a soma de vontades individuais expressas em um voto e representadas por um Parlamento; nem sequer a encarnação da 'vontade geral' de Rousseau, mas uma massa seletiva e vociferante que caracterizou outro clássico, Marx - não Karl, mas Grou cho: 'O poder para os que gritam ´O poder para o povo!´'

8- O populismo fustiga sistematicamente o 'inimigo externo'. Imune à crítica e alérgico à autocrítica, precisando apontar bodes expiatórios para os fracassos, o regime populista (mais nacionalista que patriótico) precisa desviar a atenção interna para o adversário de fora.
A Argentina peronista reavivou as velhas (e explicáveis) paixões antiamericanas que ferviam na América Latina desde a guerra de 1898, mas Fidel converteu essa paixão na essência de seu triste regime, definido pelo que odeia, não pelo que ama, aspira ou consegue. E Chávez levou sua retórica antiamericana a expressões de baixeza que até seu mentor Fidel (talvez) consideraria de mau gosto. Ao mesmo tempo, faz representar nas ruas de Caracas simulacros de defesa contra uma invasão que só existe em sua imaginação, mas em que um setor importante da população venezuelana (contrária, em geral, ao modelo cubano) acaba acreditando. 

9- O populismo despreza a ordem legal. Há na cultura política ibero-americana um apego atávico à 'lei natural' e uma desconfiança das leis feitas pelo homem. Por isso, uma vez no poder (como Chávez), o caudilho tende a se apoderar do Congresso e induzir a 'justiça direta' ('popular', 'bolivariana'), arremedo de uma Fuenteovejuna -a obra teatral de Lope de Vega sobre abuso de poder e justiça - que, para os efeitos práticos, é a justiça que o próprio líder decreta. Hoje, o Congresso e o Judiciário são um apêndice de Chávez, como na Argentina o eram de Perón e Evita, que suprimiram a imunidade parlamentar e depuraram, segundo a sua conve niência, o Poder Judiciário.

10 - O populismo mina, domina e, em último recurso, domestica ou cancela as instituições da democracia liberal. Ele abomina os limites a seu poder, considera-os aristocráticos, oligárquicos, contrários à 'vontade popular'. No limite de sua carreira, Evita buscou sua candidatura à vice-presidência. Perón se negou a apoiá-la. Se houvesse sobrevivido, seria impensável imaginá-la tramando a derrubada do marido? Não por acaso, em seus tempos aziagos de atriz radiofônica, representara Catarina, a Grande. Quanto a Chávez, ele declarou que seu horizonte mínimo é o ano 2020. 

Por que renasce de tempos em tempos a erva daninha do populismo na América Latina? As razões são diversas e complexas, mas aponto duas. Em primeiro lugar, porque suas raízes se fundem em uma noção mais antiga de 'soberania popular' que os neo-escolásticos do século 16 e 17 propagaram nos domínios espanhóis, que teve uma influência decisiva nas guerras de independência de Buenos Aires ao México. O populismo tem, além disso, uma natureza perversamente 'moderada' ou 'provisória': não termina sendo plenamente ditatorial nem totalitário; por isso alimenta sem cessar a enganosa ilusão de um futuro melhor, mascara os desastres que provoca, posterga o exame objetivo de seus atos, amansa a crítica, adultera a verdade, adormece, corrompe e degrada o espírito público. Desde os gregos até o século 21, passando pelo aterrador século 20, a lição é clara: o efeito inevitável da demagogia é subverter a democracia. ?

*Enrique Krauze é historiador mexicano

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Hipocrisia e repressão alimentam o falso moralismo social


     
Novidade nenhuma!  
Conversava com um padre, certa vez, a respeito da iniciação sexual dos rapazes e moças na comunidade interiorana. Os primeiros desejos dos meninos eram satisfeitos nos animais do quintal: caprinos, aves e asnos. A modernidade, inspirada na hipocrisia e falso moralismo apoiados na repressão sexual passou a iniciar meninos e meninas em estímulos homossexuais ou outras formas periféricas, alheias ao contexto social e familiar.
Passo a conjeturar, a partir desse fato, as motivações que levam a nossa sociedade a mentir, espoliar, roubar descaradamente e administrar o bem e o patrimônio público sem qualquer seriedade.   É mais que clara a posição e determinação executivas de evitar que continuássemos o movimento cultural iniciado há seis anos em Oeiras. Gente que pensa é realmente difícil de manipular, manter sob controle em regime de escravidão.

Mapear as ações políticas e administrativas dos líderes do interior do Piauí é bastante simples. Para tanto é suficiente analisar de maneira isenta os fatos históricos, historietas e fuxicos de calçadas e sombras das Praças. Muito simples seria descrever o mapeamento político e histórico de Oeiras desde o Estado Novo. Tecnicamente, analisar o funcionamento da cidade enquanto uma Empresa seria o suficiente para apontar soluções praticas para problemas sociais crônicos.  Basta compreender e gerenciar o patrimônio publico como uma Empresa e não como  fundo do quintal ( ou senzala ) que a coisa publica se torna um bem administrável e lucrativo. Trata-se de aceitar o poder como uma simples forma de prestação de serviço à comunidade e não uma forma de apropriação fácil e indébita do bem comum. Basta gerir a vida da cidade com uma compreensão exata das relações interpessoais, por que essas definem as relações de poder, de posse, comando, decisões político administrativas. Ética não pode ser relativa nem condicional.

Algo absurdo? - Claro que não! 
Mas quando afirmamos isso, passamos a ser chamados de visionários, burros, inocentes ou mesmo retardados. Por que esperto é o ladrão, o oportunista, o tarado pelo poder e por ascensão social. É sempre o bem apessoado, o respeitado, bajulado e, principalmente reconhecido como rico. Rico a partir do roubo ou da espoliação do bem público e pior, com o aval da maioria. Isso é que é o mais grave: poderes absolutos adquiridos e mantidos através do medo, com o apoio religioso e de todos os vassalos dos falsos reis.

Detesto politicagem! 
Sou apaixonada pelo valor humano que mantém a sociedade viva. 
Política limpa e eficiente é nobre e lícita. 
O que o Brasil inteiro e o mundo enfrentam, a crise ética, é  reflexo claro e nítido do processo de instituição da hipocrisia e repressão como instrumentos de manutenção do poder. 
Viver na mentira, pela mentira, de mentiras é a verdade aceita e imposta pela mídia.

A repressão que se inicia através do controle sexual e hipocrisia, desde a infância, deixa as pessoas enlouquecidas e cegas.
Depressão, crises emocionais e de identidade são o centro do problema e precisam ser encarados. Enquanto igrejas, instituições de ensino e instrumentos de controle mantiverem a sociedade reprimida e acorrentada a falsos moralismos, mentiras e sujeiras varridas para debaixo dos tapetes, escondidas nos colchões, os preconceitos, homo fobia, injúrias, injustiças e maldades se imporão sobre a harmonia e desenvolvimento sociais.

Se não fosse trágico, seria cômico. Ao avaliar as situações impostas à produção cultural de Oeiras, tendo a reavaliar as análises de Lacan para Freud. A religião e o apego à falsa moral reprimem e alienam as mulheres, que ficam em casa ou nos bancos das igrejas a orar e suplicar pela santidade dos seus maridos festeiros, raparigueiros, muitas vezes homossexuais, bissexuais e pedófilos. Vive-se em orgias, na jogatina ou no bacanal das garotas de programa de fora trazidas pelos “vaqueiros” vizinhos, nos quartos e esquinas vigiadas por olhos velhos fuxiqueiros e fuxiquentos. 

Oração?
Orai irmãos! Para redimir a humanidade de sua hipocrisia.

Do alto das calçadas, sob os olhares críticos, reprimidos e repressores, qualquer demonstração de afeto é castrada e condenada. A mentira, idolatrada. Os lideres espirituais, políticos, agentes culturais, artistas e comunidade pensante são, todos, amarrados e suprimidos em todo seu potencial criativo e valores humanos. 
Quem pagará essa conta ao novo mundo?

Cidade em cinzas e ruínas.

Comerciantes e empresários herdam não sabem o que, para produzir não sabem como nem para que. Precisam de se apegar aos falsos valores que mantém o poder pelo poder, ao prestígio de uma sociedade fechada e morta, em que os novos valores jamais podem ameaçar aos times que sempre estiveram ganhando e - por isso - não podem ser mexidos.
Não sabem o que fazer com as heranças materiais. 
As heranças culturais, intelectuais, valores morais e éticos são queimadas ou trancafiadas nos quartinhos dos loucos. 
Esquecidas! 
Quando e onde resta alguma sanidade, a sociedade e a comunidade expulsam. Medo de ter sua loucura explicitada e desmascarada.
É assim o vale entre montes sob a Doce Colina. Quase todos somos negros, mas apenas alguns têm coragem de assumir a cor. Muitos chegaram a me dizer que isso é normal, por que sempre foi assim.
Que sociedade é essa?
...
...
Mas a Semana Santa vem e,
liberto Barrabas, 
Cristo será ainda esta vez imolado. 
Promessas pagas ( aos santos),
tudo em paz !