Jornal do Meio Ambiente
Os ambientalistas do Piauí estão assustados com o projeto Energia Verde que, asseguram tratar-se do maior desmatamento em andamento no Nordeste. O projeto está localizado entre os municípios de Curimatá, Redenção do Gurguéia e Morro Cabeça no Tempo. No primeiro momento estão transformando em carvão vegetal 77.947 hectares de Caatinga. O total do projeto é de 114.755.
A área é na Serra Vermelha, no condomínio Chapadão do Gurguéia. Segundo o ambientalista Francisco Soares, a região aparece entre os 900 locais considerados prioritários para biodiversidade brasileira, de acordo com relatório recente do Ministério do Meio Ambiente.
A empresa responsável pelo projeto é a JB Carbon S/A, de propriedade do carioca João Batista Fernandes, que teve licenciamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e Ibama.
Existem fortes indícios de que as terras foram griladas. Encontra-se em andamento no Interpi três ações discriminatórias contestando a origem da terra, entretanto, o Interpi interpretou que o Ministério Público Estadual deferiu em favor da JB e o projeto foi liberado.
O Procurador Geral de Justiça, Emir Martins Filho, nega que tenha emitido parecer em favor do JB para a implantação do projeto. "Solicitei os documentos para analisar, mais veio o processo eletivo do Ministério e fiquei muito ocupado", disse o procurador que encaminhou na última sexta-feira, a documentação para a Curadoria do Meio Ambiente, a fim de exames minuciosos.
O Diretor Geral do Interpi, Francisco Guedes, disse que foi contra a liberação das licenças por considerar o projeto muito grande. "Como o Ministério Público tem o poder para opinar e terminou por deferir respeitamos o parecer", comentou o Diretor, que mostrou o documento assinado pelo o chefe da Assessoria Jurídica do Ministério, Erivan José da Silva Lopes. No parecer, o Chefe da Assessoria Jurídica do Ministério, diz que os argumentos ainda não estão claros e, ao tempo em que defere, solicita do Interpi que se manifeste sobre novos documentos.
Bichos morrem a toda hora
A área do projeto está localizada a uma altitude de 700 metros acima do nível do mar. Inicialmente foi autorizado pelo o Ibama o desmate de seis mil hectares. No local onde hoje está ocorrendo à retirada das árvores da Caatinga se testemunha também sucessivas mortes de animais silvestres.
A atividade carvoeira é desenvolvida com a mão de obra de mais de mil homens que usam a motoserras para descortinar o manto verde. A madeira é queimada em mais centenas de fornos que funcionam dia e noite.
O trabalho começou em agosto passado e já deixou seqüelas em muitos homens. "Ninguém agüenta esse serviço por muito tempo. Não se consegue arrancar uma tarefa por dia, como quer a empresa", se queixa Edson Pereira, um baiano de 21 anos que chegou ali há menos de um mês atraído pela possibilidade de ganhar cerca de 600 reais ao mês. Desiludido, já sabe que no máximo vai conseguir ganhar 400, por isso, pretende abandonar o trabalho o quanto antes.
As dificuldades impostas pela vegetação, um tanto sinuosa, aliada a alimentação precária, impedem um bom rendimento desses homens que são obrigados a limitar sua produção diária. Os empecilhos têm provocado uma rotatividade de trabalhadores impressionante. "Estou há 15 dias aqui mais já quero ir embora. Se é de ganhar pouco sofrendo desse jeito, prefiro voltar nem que seja para passar fome", disse Adelino Oliveira, 30, outro baiano que acorda às 5h da manhã e passa o dia manuseando uma moto-serra. "No final do dia essa coisa, (referindo-se ao instrumento de trabalho), está pesando mais de 30 quilos", afirmou e disse ainda que a alimentação é precária. "Tem dia que ninguém consegue comer. No lanche, as vezes mandam somente cuscuz ou biscoito".
O outro colega seu também da Bahia, Estado onde os chamados "gatos" estão recrutando trabalhadores, Raulino Santos, enquanto trabalhava quase mutila o "jacarezinho do mato ou pitoco", um raro réptil que só existe nessa região. Já morto, o carvoeiro exibe o bicho e revela que diariamente na atividade mata dezenas de animais.
Descoberta cientifica na Serra Vermelha
Numa rápida visita ao local do projeto localizamos uma tartaruga de aspecto diferente. Obedecendo aos critérios de preservação, o animal foi enviado ao professor de Zoologia da USP, Hussan Zaer, que afirmou ser o bicho completamente desconhecido da ciência. Zaer, que é doutor em répteis, está de malas prontas para desembarcar na Serra Vermelha a fim de estudar o bicho e descobrir outros que, segundo ele, certamente existem. "Uma região como aquela, ainda totalmente desconhecida da ciência, certamente vamos realizar grandes pesquisas", aposta.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Curimatá também está preocupado com as conseqüências do projeto. "Temos certeza que serão muitos os estragos que esse desmatamento vai deixar na natureza", disse o Secretário de Políticas Agrícola do Sindicato, Elias Ribeiro da Silva.
Segundo ele, os brejos e as lagoas dos baixões, que são alimentadas com a água que vem da Serra Vermelha, já começam a secar. "Já apelamos para tudo quanto foi órgão responsável para nós dar uma explicação sobre esse projeto e nada", conta Elias que foi localizado pela reportagem no Instituto de Terras do Piauí-Interpi, buscando informações sobre a origem da Serra Vermelha, que diz ter certeza, pertencer ao Estado e União.
Ali Elias ficou sabendo que os 114.755 mil hectares foram registrados em nome de 37 proprietários que formaram o Chapadão do Gurguéia. De acordo com o procurador do Interpi, Marlon Reis Filho, em 2005 foram abertas três ações discriminatórias para investigar a origem da terra que, segundo ele, tem fortes indícios de serem grilhadas.
Outro segmento da sociedade que também demonstra preocupação com o Energia Verde, são os engenheiros agrônomos. De acordo com o presidente do Sindicato dos Engenheiros Agrônomos do Piaui, Avelar Amorim, a maior preocupação é quanto à localização do projeto que se encontra em área de recarga, ou seja, recebe água da chuva e alimenta os recursos hídricos.
Segundo o presidente da Associação da categoria, Avelar Amorim, foi muito precipitado a liberação das licenças de instalação e desmatamento pela Secretaria do Meio Ambiente e Ibama. "Além de a área ser de recarga, está na Caatinga, um bioma fragilizado e ameaçado e onde a maioria da flora e da fauna ainda é desconhecida", disse o agrônomo, completando que a maioria das árvores da Caatinga leva décadas para se desenvolverem.
Projeto
O projeto da JB Carbon trata-se, segundo o engenheiro florestal, Elizeu Rossato Tombolo, um dos técnicos do negócio, é um plano de manejo florestal sustentável e faz parte do projeto âncora do Plano de Desenvolvimento da Bacia do Rio Parnaíba-Planap, realizado pela Codevasf e governo do estado. O plano foi dividido em 38 fazendas cujos proprietários são oriundos do Sul do país.
De acordo com Rossato, não está havendo desmatamento na Serra Vermelha. "No início, foi solicitando licença para desmatar 80 mil hectares para plantar soja e conseguimos a liberação pela Secretaria do Meio Ambiente. Mas, no Ministério do Meio Ambiente, fomos convencidos a mudar para plano de manejo sustentável", garantiu.
Ele explicou que a atividade é ecologicamente correta, socialmente e economicamente sustentável. Além de gerar 2 mil empregos diretos e 5 mil indiretos. "Os trabalhadores usam equipamentos de proteção, dormem em alojamentos e são bem alimentados", garantiu.
Em relação ao manejo, Rossato explicou que como as árvores são cortadas no tronco elas vão se recuperar. "Em três anos elas se regeneram e crescem bem mais forte", garante. Quanto aos bichos ele disse que eles estão caminhando e que quando a mata crescer retornarão.
Já o Diretor Administrativo da JB, Hugo Morila Coelho, está insatisfeito com a possibilidade da criação de um parque na região. Segundo ele, a reserva seria uma imposição da Fundação Rio Parnaíba-Furpa, mas que deve ser abortada pelo o Ibama que percebeu que a Furpa não representa os interesses da sociedade dos municípios envolvidos. "Toda a população da região é contra a implantação do parque", garante. Ainda segundo ele, a unidade afetaria também o projeto da JB.
Tânia Martins
Um comentário:
UM PLANETA SUSTENTÁVEL
É POSSÍVEL
COM OUSADIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DO INDÍVIDUO,EXERCÍCIO PLENO DA CIDADANIA E REFORMAS POLÍTICAS NAS LEIS AMBIENTAIS NO MANEJO DO SOLO E
DAS FLORESTAS E COMUNIDADES INDÍGENAS,EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL,VER UMA CRIANÇA DE ORIGEN INDÍGENA,MENDINGANDO NOS CENTROS URBANOS É UMA MANCHA NA BANDEIRA BRASILEIRA.
QUEM SOU EU : SOU NETO DE INDIOS,E NETO DE QUILOMBOLAS,QUE A CADA DIA
LUTA POR LIBERDADE E RESPEITO DOS QUE DEFENDEM A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA.
ESTOU COM VOCE JOSEVITA,EU AMO ESTE PAÍS CONTINENTE CHAMADO BRASIL. PINDORAMA EM PARTICULAR PARA MIM.
ATT.: LUIZ CARLOS DA SILVA
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