Rogério Rocco
Rio - Quando o motorista para o carro no posto para abastecê-lo, ele paga em média R$ 3 pelo litro da gasolina. Para que isso aconteça, foi necessário construir e operar grandes plataformas para extração de petróleo em águas profundas, imponentes navios para seu transporte e complexas refinarias para a transformação em combustível. Ainda são necessários milhares de caminhões para a distribuição a outros milhares de postos para que, enfim, o combustível chegue ao consumidor.
Essa cadeia produtiva é caríssima, pois, além dos altos custos de construção, envolve série de riscos operacionais, sobretudo para o meio ambiente — exigindo investimentos em prevenção e, eventualmente, em multas, compensações e recuperação de áreas degradadas.
Porém, se esse mesmo motorista sente sede e resolve comprar uma água ali na loja de conveniências, pagará cerca de R$ 2 pela garrafa de 510ml. Ou seja, se quiser um litro de água mineral, pagará mais caro que a gasolina. Bem, e qual seria o custo operacional para levar a água até lá? Tem plataformas, navios, refinarias, caminhões-tanque, riscos ambientais? Não! Precisa apenas de uma nascente, alguns canos, reservatórios com estruturas para engarrafamento e o transporte.
Não estamos falando da situação de um país europeu ou do árido Saara, mas do Brasil — potência mundial em produção de água. Sequer falamos de projeção futura, quando a água seria mais cara que o petróleo... a água já é mais cara que o petróleo. A explicação talvez esteja associada ao fato de que a água mineral brasileira já esteja quase que integralmente nas mãos da norte-americana Coca-Cola e da francesa Nestlé.
Enquanto esperávamos por uma guerra pela água, eles entraram e compraram tudo, na maior paz! Ontem foi o Dia Mundial da Água. A Coca-Cola e a Nestlé comemoraram. E o Brasil, comemora o quê?
Analista ambiental e mestre em Direito da Cidade
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