sexta-feira, 21 de junho de 2013

O QUE QUEREMOS?

 A Presidente convocou seus Ministros em reunião extraordinária e se questionam porquê.



"De acordo com auxiliares da presidente, esta postura violenta foi "além da conta". O problema, lembram, é que nesta quinta-feira não havia uma reivindicação específica que o governo possa analisar. Era o protesto pelo protesto. "

Não sei quem escreveu a nossa lista, por isso não cito a fonte. Decerto as reivindicações não são só minhas.

" E ainda perguntam... O que queremos?

Como professor do estado de Minas Gerais, em greve por tempo determinado, que estamos praticando apenas nos dias dos jogos da Copa das Confederações, exijo o cumprimento da lei federal 11.738, de 2008, que fixa um piso salarial nacional para os profissionais da educação e exijo o retorno à antiga carreira em forma de vencimento básico, pois ela nos foi retirada à força, juntamente com todos os direitos e benefícios conquistados até hoje. Quero o cumprimento do mínimo constitucional na educação, ...(etc)

Como cidadão participante das grandes manifestações, também compactuo com, vamos dizer, 90% dos cartazes que tenho lido, e palavras de ordem que tenho ouvido, ao vivo e nas mídias, e que exprimem ideias individuais, mas que traduzem aspirações de toda uma geração. Mas ainda nos perguntam o que queremos?


Queremos um decente teto salarial no país, principalmente para os cargos do executivo, do legislativo e do judiciário. Como não podemos barrar a livre iniciativa do lucro, queremos impostos grandes para quem ganha além do teto. Tenho certeza que teríamos bilhões que poderiam ser gastos com o aumento do salário mínimo. E toda vez que vocês forem subir seus salários, nós vamos para as ruas e pararemos todas as capitais, pois agora aprendemos o caminho e perdemos o medo. 

Queremos as verbas que seriam gastas para construir a Copa e as Olimpíadas, investidas sim no esporte, mas em poliesportivos comunitários, praças seguras e arborizadas, ginásios poliolímpicos, ciclovias, pistas de skate, e por aí vai. 

Queremos que a verba usada para tampar os rios, fosse gasta na sua revitalização, com infraestruturas de saneamento ecológico e energias sustentáveis, acompanhadas por políticas sérias de educação ambiental nas suas cabeceiras. 

Queremos incentivos de uso adequado das energias do vento, do sol, da água e da terra; queremos edificações sustentáveis, com captação da chuva e tratamento com reaproveitamento das águas sujas. 

Queremos sim, políticas públicas sérias, que providenciem obras para o povo, não pras empreiteiras. 

Queremos leis que proíbam os maus tratos aos animais. Exigimos respeito e honestidade. 

Queremos uma mídia livre, cibernética, que nos faça sentir parte da grande nação Terra, da grande irmandade chamada Humanidade, da grande fraternidade dos Terráqueos. 

Não queremos Belo Monte. 

Queremos o dinheiro que construiria Belo Monte, no aproveitamento sustentável dos rios e com projetos de energias limpas. 

Não queremos usinas nucleares. Tchernobyl e Fukushima não são suficientes? 

Não queremos a "Cura Gay" e sim respeito à diversidade! Não queremos a PEC 37. 

Queremos um Ministério Público forte, autônomo e sem rabo preso. Exigimos transportes públicos seguros, eficientes, limpos e sustentáveis, movidos a energias não poluentes e quem sabe, com tarifa zero? 

Queremos políticas de redução dos resíduos e o correto tratamento dos mesmos. 

Queremos hortas comunitárias, rurais e urbanas, e não queremos venenos nem Monsanto no mesa de nosso país. 

Queremos leis ambientais feitas para o meio-ambiente e seus habitantes, não para as mineradoras, companhias extrativistas, mega-hidrelétricas e empresários do agronegócio. 

Não toleramos mais o modelo colonial de exploração, na qual nossa matéria prima sai do país às custas de enormes perdas ambientais e sociais, retornando pra cá com valor agregado, fazendo os ricos mais ricos e o planeta mais doente. Estamos fartos da impunidade, corrupção e falta de respeito dos aparatos públicos. 

Não precisamos de mais quartéis e presídios, mas sim de escolas públicas de qualidade com pedagogias mais humanitárias.

Não queremos mais pagar nossos vereadores e deputados, a exemplo de vários países.

Não queremos que tratem usuários de maconha como criminosos, pois as drogas mais pesadas estão nas mãos da indústria farmacêutica e petroquímica, e estão sendo administradas no que chamam de remédios e em nossa alimentação. 

Queremos as terapias integrativas em todos os postos de saúde e médicos comunitários preventivos. 

Exigimos maternidades com parto humanizado, que tratem a mulher sem violência.

Exigimos postos de saúde e banheiros públicos no padrão FIFA. Aliás queremos todos os serviços públicos no padrão FIFA, e de forma gratuita. Não queremos propagandas do governo, baseadas na hipocrisia e falsidade, feitas com o nosso dinheiro. 

Ao invés, gastem esse dinheiro em campanhas publicitárias contra a violência doméstica, a publicidade infantil, os agrotóxicos, o bullying na escola e no trabalho, o tráfico de órgãos, os preconceitos de toda sorte, a escravidão de humanos e animais, a poluição sonora e visual, a comunicação violenta, a pesca predatória, o abuso de poder, a falsidade ideológica, a fofoca, a prevenção de doenças, o desperdício de recursos e energias, enfim, contra e qualquer forma de violência física ou simbólica que atente contra os preceitos referentes aos direitos universais e à cultura de paz planetária.

Sim queremos a utopia e sabemos que ela ainda é possível.

 É isto que queremos! "



A VELHA GLOBO: eu já lí esse filme!

Nem é necessário elaborar demais a forma de expor os fatos.

Então:

A Globo planta que o manifesto é apartidário e manda Jabor desqualificar o movimento.

Mas... recebe a ordem de modificar a postura e transforma os vândalos em heróis e coloca a todos nas capas de todos os jornais e revistas e relança os caras-pintadas...
A ditadura tenta enfraquecer a sociedade política organizada de todas as formas. 
A estratégia midiática agora é colocar agora a população contra a manifestação ou forçar uma necessidade de posicionamento mais enérgico por parte do governo para  controlar a "baderna". Afinal, o movimento cresceu "demais".

O fato é que " o MPL é um movimento de várias forças políticas, inclui ativistas 
independentes, organizações e partidos políticos. desde o início os militantes de partidos 
têm participado de reuniões para organizar os protestos, assim como têm levado suas 
bandeiras. 
No início eram poucas bandeiras, conforme as manifestações foram crescendo, cresceram o 
número de bandeiras e o engajamento de todos. O PSTU, o PSOL ("Juntos") e o PCB - 
assim como organizações menores a exemplo da LER-QI e Coletivos Anarquistas 
- marcaram presença em todos os protestos, com suas bandeiras."


Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrando o Golpe Militar 


Capa do jornal O Globo, celebrando o "ressurgimento da democracia", um dia após o Golpe Militar.

Capa do jornal O Globo, celebrando o "ressurgimento da democracia", um dia após o Golpe Militar. Clique para ampliar.


Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril de 1964:
“Ressurge a Democracia”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”
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Leia também, aqui no blog, editorias de outros jornais da época, clicando no link abaixo:

quarta-feira, 19 de junho de 2013

e os cães ladram... e a caravana ... passa!


Enquanto 500 mil se expõem

às balas de borracha

gases e sprays

as negociações se fazem 


nos bastidores


aos goles de café


 amarula e black jonnie...


ou royal salut.



Redução de tarifa não basta. PASSE LIVRE SIM!! 
Reduzem a tarifa para o povo e aumentam a isenção para os franqueados? 
MENTIRA!! MANIPULAÇÃO!!
Atenção às negociações de bastidores. Os discursos passaram a se abrandar?? Mal sinal. Tudo já está negociado.


Reflexos das diferenças


Então os jornais
e os des.go.ver.nos
e os desavisados
bradam o vandalismo...


Não!


Apenas as diferenças 


em 


e.vidência.


Protestos pela revogação do aumento das passagens se fortalecem e continuam




A repressão da polícia a mando do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Fernando Haddad (PT) fortaleceu os protestos em São Paulo. Agora, aqueles protestos pela revogação do aumento da passagem tornaram-se gigantes manifestações que refletem a insatisfação do povo com as prioridades dos governos. O Sindsef-SP está acompanhando de perto. 

Não é por 0,20 centavos. É por direitos!

Enquanto os governos Federal, municipais e estaduais alegam não ter verbas para reduzir o valor das tarifas do transporte coletivo, investem 30 bilhões em infraestrutura para receber a Copa do Mundo, que já é considerada a mais cara da história, com valor superior à soma das três últimas Copas.
O clima que tomou conta dos protestos é de inconformação com o fato dos governos traferirem para os megaeventos o dinheiro que deveria ser destinado à garantia dos direitos sociais fundamentais como saúde, educação, moradia e transporte público .
No caso específico do transporte, para além do discurso contrário à Copa, está a crítica ao alto lucro dos empresários do setor.  O próprio prefeito Haddad em entrevista à GloboNews, explicou a injusta divisão dos custos do transporte público: “a fatia do empresário é de 10%, a fatia do poder público é de 20% e a do usuário é de 70%”. Ainda segundo Haddad, no exterior a divisão é de 1/3 para cada.
Porém, a solução apontada pelo petista é não mexer no lucro dos empresários, aumentando o subsídio dado pela prefeitura.  Isto é, os trabalhadores pagam duplamente, porque pagam a passagem e os impostos.

Vem pra rua, vem! Contra o aumento!

Essa realidade levou mais de 65 mil pessoas, segundo pesquisa do Datafolha, à manifestação de ontem (17), iniciada no Largo da Batata, em Pinheiros.
Dessa vez, as vozes entoavam “Ah, coincidência, não tem polícia, não tem violência”. Isso porque todos os protestos anteriores, com destaque para o realizado na última quinta-feira, foram brutalmente reprimidos pela polícia e condenados pela grande imprensa por supostamente haver vandalismo. O 5º protesto deixou claro que  violência parte do Estado, não do povo nas ruas.
Por volta das 15h a estação de metrô Faria Lima e próximas à ela começavam a reunir os manifestantes. Às 17h o Largo da Batata já estava ocupado e, até o final da noite, pessoas não paravam de chegar para se somar ao movimento.
Uma parte dos participantes seguiu até a marginal Pinheiros, outra, ocupou a Faria Lima, e uma terceira parte foi para a Avenida Paulista. Os dois primeiros grupos se encontraram na ponte Octavio Frias de Oliveira. A maioria encerrou a passeata na Paulista.
A impressão que se tem no meio da mobilização, assim como quando se observa as imagens, é que o número de participantes apontado pela polícia e pelo Datafolha vai além. A cidade parou, e não parou isolada do restante do Brasil.

Manifestações sacodem o país

Em dias variados ou no mesmo dia, também aconteceram mobilizações no Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Viçosa (MG), Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Bauru (SP), Salvador (BA), Maceió (AL), Recife (PE) e outros municípios. Estima-se que, somente ontem, mais de 250 mil de pessoas preencheram as principais avenidas e espaços públicos pelo país afora, a exemplo da ocupação do Congresso Nacional, em Brasília.
A redução das tarifas já foi conquistada Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Natal (RN), Goiânia (GO) e em algumas cidades da Grande São Paulo.
As manifestações continuam em São Paulo. No final da tarde de hoje, milhares de pessoas se concentraram na Praça da Sé, partiram para a prefeitura e seguiram para a Avenida Paulista. O Datafolha estima que  50 mil pessoas participam deste 6º protesto na capital.


Por Lara Tapety / Sindsef-SP
Foto: AFP PHOTO/Miguel SCHINCARIOL 

domingo, 9 de junho de 2013

O facebook, o pensamento social e o compartilhar. Um ponto.


Unicorn Grocers in Chorlton, Manchester

Ethical economies of scale – can they really work?


100% envolvida no processo de pensar a cidade, a vida em comunidade, a necessidade do ser humano de repensar a distribuição das riquezas e a produção desde meu primeiro Congresso de Arquitetura em 1979, envolvi-me nos últimos anos de facebook com outras pessoas que vibram com a mesma sintonia: em busca de uma sociedade equânime e justa, onde os valores do consumismo irracional, o egocentrismo, o lucro e a necessidade de explorar para sentir-se bem sucedido e o desenvolvimento a qualquer custo não sejam mais entendidos como um bem ou necessidade para a humanidade.

E o facebook certamente tem uma função determinada pela espiritualidade que coordena a vida neste planeta. É incrível como nos vem sempre pessoas especialíssimas com quem podemos compartilhar ideais, discutir pensamentos e encontram-se, mundo afora, soluções para questões que podem vir a se tornarem factíveis para todos.

Para tanto, devagarinho, espera-se que a consciência de cada um se expanda com o todo, que os valores se regenerem e que os seres passem a perceber-se no outro.
Sempre compartilho aqui neste espaço as ideias que os amigos compartilham. Claro que com respeito aos créditos das citações, ideias e fontes.

Ontem, decepcionada com as postagens sujas, doentias, que considero profundamente equivocada, havia decidido eliminar meus perfis no facebook. Lá mantenho contato com muitos dos amigos que tenho encontrado em minhas andanças desde que passei a me entender por gente. Certamente é meu link com minha história de vida e compreensão de mundo.

Todos os processos históricos que nosso pais tem vivido tem nos levado a abrir mão de nossas riquezas, de nossa soberania, de nosso pródigo destino. É que a miséria da condição humana escraviza os bravos lutadores que se engajam em campanhas políticas e assumem lideranças, certos de que irão, de alguma maneira, dar sua contribuição. Mas a força das corporações escravizadoras tem vencido as batalhas. Afinal, por aqui não tempos homens-aranha, homens- morcego, capitães-brasil capazes de levar tantos coringas e vilões ao lugar que lhes cabe.

De vez em quando, no nosso caminho em busca da sociedade mais justa, encontramos homens e mulheres bem intencionados, intencionadas. Ai a gente ganha novo ânimo, entusiasmo e se entrega a elaborar propostas, soluções para problemas que, de fora, percebemos com enorme simplicidade de solução. A dificuldade é que o ego, aquele bicho enorme que se instala no peito dos eleitos, começa a corroer as almas, corromper os espíritos, de um jeito tão doentio que a maioria sucumbe em nome da manutenção do poder. Afinal, alianças são feitas, acordos fechados, financiamentos liberados para se chegar ao controle e tomar nas mãos as canetas do poder e, assim, mesmo os bem intencionados, cedo ou tarde, sucumbem diante das corporações, dos lobbies e dos grupos sanguessugas da sociedade, da cidade, do planeta.

Mas hoje surgiu uma situação publicada por um amigo especialíssimo do meu face que resolvi reativar num momento de introspecção. Refere-se ao “Supermercado das Pessoas”, uma situação desenvolvida na Inglaterra e pode ser adotada por qualquer sociedade que tem vontade de compartilhar vida de maneira mais justa.

Obrigada, Kirttan!
Segue a postagem.

Entenda como funciona um supermercado colaborativo, que não visa ao “lucro pelo lucro”
Lydia Cintra 24 de janeiro de 2012 

Ideias inovadoras são aquelas que desafiam a lógica do que está estabelecido entre as pessoas. E por serem inovadoras, quebram o conforto do que é conhecido e propõem uma forma diferente (e melhor, muitas vezes) de pensar e agir.
Quando o assunto é supermercado, as coisas funcionam mais ou menos assim: existe um dono. Este dono paga funcionários que mantêm os processos em funcionamento (limpeza, estoque, logística, caixa…). O espaço fica aberto para receber clientes, que escolhem os produtos dispostos em prateleiras, pagam por eles e vão embora.
Em Londres, um grupo de pessoas decidiu fazer diferente e romper com este roteiro pré-determinado. A primeira explicação está no nome: The People’s Supermarket, ou, O Supermercado das Pessoas. A ideia foi desenvolvida no começo de 2009 por Arthur Potts-Dawson, Kate Bull e David Barrie, inspirado no exemplo do Park Slope Food Co-operative, da cidade de Nova York, EUA.
Neste novo modelo, as pessoas tornam-se membros do negócio (e cada membro é também dono) e oferecem horas de trabalho voluntário. Assim, ganham, entre outras coisas, o direito a descontos nas compras. Além do preço menor para os membros, os produtos já têm o valor reduzido, uma vez que o quadro de funcionários fixos é bem pequeno em relação a um supermercado comum.
Segundo os criadores do “Supermercado das Pessoas”, o objetivo “é criar um comércio sustentável, uma empresa social que alcança o crescimento e as metas de rentabilidade enquanto opera dentro de valores baseados no desenvolvimento da comunidade”.

Conheça 15 características do The People’s Supermarket e entenda como funciona essa nova forma de comprar:
1. Não há bônus para chefes. Ou seja, não há a concentração da renda e dos lucros. Você pode se perguntar: como viver sem lucro? A ideia é justamente pensar fora da caixa e muitas vezes de forma antagônica ao que é considerado “natural”. Uma margem de lucro menor muitas vezes simplifica as coisas. Dinheiro nem sempre é a forma mais interessante de lucro;
2. A lógica é o alimento PARA as pessoas e PELAS pessoas. Não existe consumidor final. Existem pessoas que consomem e fazem a coisa acontecer. Segundo o Manual dos Membros, a ideia é a criação de um supermercado “que destaca as possibilidades do poder do consumidor e desafia o ‘status quo’.”
3. Quem é membro também é dono do negócio e tem poder de decisão. “Quando você se torna um membro, começa a dividir a propriedade do negócio. Quando você anda em um supermercado tradicional, anda na loja de alguém. Quando é um membro, anda dentro da sua própria loja”, diz o Manual.
4. Qualquer pessoa pode comprar no supermercado. Porém, quem se torna um membro tem alguns benefícios, direitos e responsabilidades a cumprir, como: pagar uma taxa anual de 25 libras, trabalhar voluntariamente em um turno de 4 horas a cada 4 semanas, comprar regularmente no (seu) supermercado, fazer “marketing boca-a-boca” (ou seja, falar do The People’s Supermarket para amigos, colegas, conhecidos, família…) e manter-se informado sobre o que está acontecendo na empresa.
5. Dedicação, energia e engajamento são as características esperadas para quem quer ser (ou já é) um membro;
6. Uma das intenções é conectar a população urbana com a comunidade rural local, provedora dos alimentos que abastecem as cidades;
7. É importante considerar que as pessoas estão prontas para as mudanças. Por isso, novos modelos de consumo devem ser colocados em prática e naturalmente serão bem aceitos pela população (ou pelo menos por parte dela);
8. Um dos propósitos do negócio é um supermercado que atenda as necessidades dos membros da comunidade oferecendo alimentos saudáveis e de alta qualidade, por preços razoáveis;
9. As compras são feitas de fornecedores confiáveis, com os quais o supermercado cria boas relações;
10. A produção de alimentos local, nas proximidades de Londres, tem preferência. Uma das regras é comprar produtos britânicos sempre que possível;

People’s Kitchen, a cozinha criada para evitar desperdícios
11. Um dos principais objetivos é reduzir ao máximo o desperdício de alimentos. Uma das formas encontradas para isso foi a criação de uma “cozinha-restaurante” que prepara pratos com alimentos que estão com a data de vencimento próxima. As refeições devem ser nutritivas e saudáveis, sem conservantes e açúcar em excesso, para os clientes levarem prontas para casa.
12. Ainda para evitar o desperdício, o supermercado faz compostagem, processo de produção de adubo feito com resíduos orgânicos;
13. Como valores do negócio, o supermercado proporciona treinamentos de habilidades para seus funcionários e voluntários que podem ser aplicados tanto no trabalho quando fora dele. A empresa, a partir deste prisma, deve ser um recurso de desenvolvimento para a comunidade como um todo;
14. O ambiente de trabalho é feito para que todos deem sua contribuição. Todos são bem-vindos e livres de julgamento. E qualquer um pode ser membro. Não há razões sociais, políticas ou religiosas que impeçam uma pessoa de fazer parte;
15. O local não vende cigarro.

Uma nova forma de estabelecer relações de compras passa pelo envolvimento de pessoas da comunidade no funcionamento do estabelecimento. Dessa forma, as pessoas se “apropriam” daquilo que faz parte do dia-a-dia (no caso, um supermercado) e fazem com que ele seja mais do que prateleiras que oferecem opções de (quase) tudo.
O modelo do The People’s Supermarket é interessante do ponto de vista da co-criação: pessoas, juntas, criam um espaço saudável de trabalho que substitui de forma bastante eficiente o modelo de consumo passivo que conhecemos hoje – que é, também, mais agressivo ao meio ambiente a às relações sociais estabelecidas dentro desse sistema.
Este espaço saudável inclui o sorriso que você dá para aquele vizinho que agora é colega de trabalho voluntário e organiza frutas nas gôndolas com você, inclui o cuidado maior que as pessoas aplicam naquilo que fazem quando o resultado está diretamente ligado a elas mesmas e a pessoas próximas e inclui, por fim, a sensação (agradável) de que o que está sendo feito gera um bem comum e não apenas o lucro pelo lucro.
Ou seja, um ambiente participativo é menos impessoal, mais caloroso e mais sustentável nas relações entre pessoas e meio ambiente.
(Imagens: Facebook/ The People’s Supermarket)

Era uma vez... O gatinho riscado.

E assim Diana aprendeu a mentir, manipular, trapacear...




Era um vez...
 

Família quase normal de classe média, pai funcionário público, mãe dedicada a atividades domésticas. Em casa sempre algum auxiliar que vinha do interior para estudar e, a título de ajuda, ajudava nas das tarefas da casa que vivia sempre cheia de visitantes do interior.

Certo dia, de volta de longa viagem, o pai chega com um amigo que traz de presente para as crianças, dois mimos embrulhados em papeis de presentes iguais. O conteúdo, porém era diferente: um gatinho e um cachorrinho de borracha.
Cada irmã abre um pacotinho. Maria encontra o cachorrinho e Diana o gatinho.
Maria, feliz da vida, corre pro colo da avó a mostrar o presente.
Diana, decepcionada, emburrada e trombuda, corre para o colo da babá chorando: - Eu não gosto de gatinho. Eu quero o cachorrinho.
A babá tenta fazer uma troca, mas a loirinha diz: - Não. Eu gostei do meu cachorrinho. Não quero trocar. O gatinho também é lindo, mas o cachorrinho é meu.


No dia seguinte, logo cedo, aos prantos e em gritaria,  Diana corre para os pais e mostra o gatinho todo riscado de caneta Bic. Aquela tinta é impossível de limpar em borracha e ela sabia disso:
- Mamãe, reclama Diana, Maria riscou meu gatinho. Você tem que trocar. Eu fico com o cachorrinho e ela fica com o gatinho que ela riscou com inveja.
- O pai, furioso, acorda Maria e exige que ela entregue o cachorrinho à irmã e lhe dá uns safanões para deixar de ser invejosa. Ao lado, agarrada às pernas da mãe, com ar de vitoriosa, Diana sorria entre as sobrancelhas. Maria dizia:- eu não risquei gatinho nenhum. Não vou trocar. Não é justo.

Ao ouvir os gritos e choros, a avó e a babá vem da cozinha em defesa de Maria e Diana. Cada uma, claro, em defesa da sua criança.
Maria levou os safanões, recebeu castigos e apesar da interferência da avó (com quem havia dormido e sabia que ela não tinha feito a maldade com o gatinho) poderia também brincar com o cachorrinho, mas o cachorrinho e o gatinho eram de ambas. Tudo afinal, naquela casa, era das duas filhas.
 
Diana, com aquele estardalhaço, conseguiu seu intento. Mentir e fazer escândalo, mobilizar a todos em função de sua situação de fragilidade de filha caçula lhe rendeu o gatinho e o cachorrinho por que, afinal, para Maria, ela sim estaria ganhando por que então teria a chance de brincar com sua irmã ( mesmo obrigada pela situação que ela própria criara), com o gatinho e com o cachorrinho. De quem era, na verdade, não importava. O que ela queria era a amizade e o carinho da irmã.
 
Não ficou claro, jamais, quem riscou o gatinho de caneta Bic, mas, decerto, o escândalo surtiu efeito nefasto na personalidade de Diana e no emocional de Maria. Maria sabia que não tinha riscado o gatinho. Poderia ter sido Diana ou qualquer outra pessoa da casa. Menos ela. E deu-se por satisfeita com o desfecho do drama. No entanto, aquele fato determinou uma deformação na personalidade de  Diana que,até hoje, guarda os brinquedinhos de borracha.

Talvez um troféu.