quarta-feira, 19 de junho de 2013

Protestos pela revogação do aumento das passagens se fortalecem e continuam




A repressão da polícia a mando do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Fernando Haddad (PT) fortaleceu os protestos em São Paulo. Agora, aqueles protestos pela revogação do aumento da passagem tornaram-se gigantes manifestações que refletem a insatisfação do povo com as prioridades dos governos. O Sindsef-SP está acompanhando de perto. 

Não é por 0,20 centavos. É por direitos!

Enquanto os governos Federal, municipais e estaduais alegam não ter verbas para reduzir o valor das tarifas do transporte coletivo, investem 30 bilhões em infraestrutura para receber a Copa do Mundo, que já é considerada a mais cara da história, com valor superior à soma das três últimas Copas.
O clima que tomou conta dos protestos é de inconformação com o fato dos governos traferirem para os megaeventos o dinheiro que deveria ser destinado à garantia dos direitos sociais fundamentais como saúde, educação, moradia e transporte público .
No caso específico do transporte, para além do discurso contrário à Copa, está a crítica ao alto lucro dos empresários do setor.  O próprio prefeito Haddad em entrevista à GloboNews, explicou a injusta divisão dos custos do transporte público: “a fatia do empresário é de 10%, a fatia do poder público é de 20% e a do usuário é de 70%”. Ainda segundo Haddad, no exterior a divisão é de 1/3 para cada.
Porém, a solução apontada pelo petista é não mexer no lucro dos empresários, aumentando o subsídio dado pela prefeitura.  Isto é, os trabalhadores pagam duplamente, porque pagam a passagem e os impostos.

Vem pra rua, vem! Contra o aumento!

Essa realidade levou mais de 65 mil pessoas, segundo pesquisa do Datafolha, à manifestação de ontem (17), iniciada no Largo da Batata, em Pinheiros.
Dessa vez, as vozes entoavam “Ah, coincidência, não tem polícia, não tem violência”. Isso porque todos os protestos anteriores, com destaque para o realizado na última quinta-feira, foram brutalmente reprimidos pela polícia e condenados pela grande imprensa por supostamente haver vandalismo. O 5º protesto deixou claro que  violência parte do Estado, não do povo nas ruas.
Por volta das 15h a estação de metrô Faria Lima e próximas à ela começavam a reunir os manifestantes. Às 17h o Largo da Batata já estava ocupado e, até o final da noite, pessoas não paravam de chegar para se somar ao movimento.
Uma parte dos participantes seguiu até a marginal Pinheiros, outra, ocupou a Faria Lima, e uma terceira parte foi para a Avenida Paulista. Os dois primeiros grupos se encontraram na ponte Octavio Frias de Oliveira. A maioria encerrou a passeata na Paulista.
A impressão que se tem no meio da mobilização, assim como quando se observa as imagens, é que o número de participantes apontado pela polícia e pelo Datafolha vai além. A cidade parou, e não parou isolada do restante do Brasil.

Manifestações sacodem o país

Em dias variados ou no mesmo dia, também aconteceram mobilizações no Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Viçosa (MG), Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Bauru (SP), Salvador (BA), Maceió (AL), Recife (PE) e outros municípios. Estima-se que, somente ontem, mais de 250 mil de pessoas preencheram as principais avenidas e espaços públicos pelo país afora, a exemplo da ocupação do Congresso Nacional, em Brasília.
A redução das tarifas já foi conquistada Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Natal (RN), Goiânia (GO) e em algumas cidades da Grande São Paulo.
As manifestações continuam em São Paulo. No final da tarde de hoje, milhares de pessoas se concentraram na Praça da Sé, partiram para a prefeitura e seguiram para a Avenida Paulista. O Datafolha estima que  50 mil pessoas participam deste 6º protesto na capital.


Por Lara Tapety / Sindsef-SP
Foto: AFP PHOTO/Miguel SCHINCARIOL 

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