Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 19 de junho de 2013

e os cães ladram... e a caravana ... passa!


Enquanto 500 mil se expõem

às balas de borracha

gases e sprays

as negociações se fazem 


nos bastidores


aos goles de café


 amarula e black jonnie...


ou royal salut.



Redução de tarifa não basta. PASSE LIVRE SIM!! 
Reduzem a tarifa para o povo e aumentam a isenção para os franqueados? 
MENTIRA!! MANIPULAÇÃO!!
Atenção às negociações de bastidores. Os discursos passaram a se abrandar?? Mal sinal. Tudo já está negociado.


Reflexos das diferenças


Então os jornais
e os des.go.ver.nos
e os desavisados
bradam o vandalismo...


Não!


Apenas as diferenças 


em 


e.vidência.


domingo, 10 de março de 2013

Por uma democracia menos cacique

BY 
130310-Indios3b

Para Washington Novaes indignação não basta. Reinventar política exige conhecimento, alternativas e relações sofisticadas de autoridade, como… as dos índios!
Entrevista a Inês Castilho, editora da série Outra Política
As sociedades indígenas podem ser exemplos inspiradores para nós, caras pálidas. Estamos condicionados a observar apenas suas carências. Não enxergamos outro aspecto, que poderia nos inspirar: “São sociedades sofisticadas”. Cultivam as relações horizontais, a liberdade de não receber ordem de ninguém; o acesso livre à informação; respeito e liberdade nas relações entre homem e mulher. Quem convida a esta nova mirada é o jornalista Washington Novaes, voltado há mais de 50 anos ao exame de assuntos ligados a ambiente, desenvolvimento e democracia. Autor do documentário “Xingu, a terra ameaçada”, reconhecido por inúmeros prêmios nacionais e internacionais, autor de treze livros, Novaes foi entrevistado no âmbito do estudo Política Cidadã, produzido pelo instituto Ideafix para o IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade).
Décadas de convívio com grupos indígenas levaram-no, por exemplo, a observar que, entre eles, ninguém se apropria da informação para transformá-la em poder político ou econômico. E a sugerir que talvez a era da internet, e o fim da comunicação de massas, tenham recriado condições para isso entre nós – desde que alcançadas certas condições políticas. “Para ser democrática, a informação tem que pertencer à sociedade. Mas não há legislação que proteja isso.”
Outra lição a aprender com os índios é o modo como evitam a sobrecarga dos recursos ambientais, ao dividir a aldeia cada vez que a população se torna excessiva. “Não construir megaconcentrações humanas é de uma enorme sabedoria”. Nós, ao contrário, elegemos o padrão das metrópoles como modelo de cidade, com ruas entupidas de prédios e carros. “O sujeito faz cinco torres de 40 pavimentos, e isso vai provocar um impacto enorme no trânsito, nas necessidades de água e esgoto, no lixo, na energia.“. Para ele, é possível construir vidas mais autônomas, mais livres, mais seguras. Mas para isso é preciso ir além da retórica da indignação. “Parte da sociedade vive nessa inação porque sonega impostos, suborna guarda, fura fila, não respeita a lei.”
Superar a condição de indivíduos alienados: essa é a difícil missão que nós e nossas próximas gerações temos de encarar, segundo Novaes. “Cada cidadão precisa pensar nos impactos que produz e em como reduzi-los. Isso vai implicar mudanças nos modelos de construção, nos modelos de energia. Porque, da forma que está, estamos caminhando para impasses gigantescos”, alerta o jornalista. Ele lembra que, em 1997, quando foi aprovado o protocolo de Kyoto, estabeleceu-se que em 15 anos, até 2012, os países industrializados reduziriam suas emissões de gases poluentes em 5,10%. “Pois ao invés de diminuírem 5,2%, as emissões aumentaram 45%. Estamos consumindo recursos mais de 30% além da capacidade de reposição do planeta. Isso é insustentável.”
Washington considera que só indo além das fronteiras do Estado-Nação, e definindo princípios de governança global democrática a humanidade poderá sair do atoleiro em que está mergulhada. “Como é que vamos continuar dessa forma, em que os países industrializados, com menos de 20% da população, consomem 80% dos recursos e têm quase 80% da renda do mundo? Não se trata de ter um governo mundial, mas de ter princípios universais”. A seguir, a entrevista.
130310-Washington Novaes
Qual é a sua percepção sobre a participação política do brasileiro?
Penso que a sociedade brasileira está em um momento crítico, porque vive indignada com a incompetência administrativa, o descaso, a corrupção, mas em geral se limita ao que eu chamo de retórica da indignação. Fica indignada, mas incapaz de movimentos que possam mudar o quadro.
Parte da sociedade vive nessa inação porque são muitos os cidadãos que sonegam impostos, subornam guarda, furam fila, não respeitam a lei. É preciso mudar isso. E também aprender a organizar-se em grupos para discutir os assuntos que incomodam, e chamar para ajudar na discussão o ministério público, a universidade etc. Para a partir daí criar objetivos concretos e levar ao campo da política – ou tudo vai continuar como hoje. Seria muito importante também para a universidade, que foi muito perseguida durante a ditadura militar e se fechou para os problemas da sociedade.
O problema é complexo e grave. Estava relendo os relatórios do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) do começo da década de 1990, e eles dizem uma coisa em que é preciso pensar: no mundo moderno, o Estado se tornou pequeno demais para enfrentar os grandes problemas do mundo, e ao mesmo tempo grande demais, incapaz de se aproximar dos problemas do cidadão comum. O Estado ficou imobilizado pelos dois lados, e a sociedade precisa aprender a romper com isso. É preciso ter macropolíticas capazes de responder aos grandes problemas da sociedade, mas também uma descentralização que leve o poder a se aproximar do cotidiano do cidadão.
Principalmente nesse mundo de hoje, em que a metrópole está se tornando um padrão. São Paulo, por exemplo, é um padrão de metrópole que foi se estendendo pelo interior, ao longo do eixo que passa por Jundiaí, Campinas, Ribeirão Preto, Uberaba, Uberlândia, até o Centro-Oeste, em Goiânia. E mesmo em lugares mais distantes, como Manaus, Belém e Boa Vista, vai-se encontrar essa mesma coisa. Em uma daquelas grandes avenidas de Manaus não vai se ver floresta, característica da Amazônia – só se veem prédios, só torres. Em Belém, a mesma coisa. Em Porto Velho o trânsito é um inferno. É preciso repensar isso, não manter esse modelo de transportes. Ou vamos continuar despejando centenas de milhares de carros por mês em lugares onde já não há mais como se mover? Centenas de milhares de motocicletas?
Quais os temas capazes de mobilizar a sociedade brasileira hoje, a seu ver?
A questão do transporte, certamente, é um deles. A segurança pública é outro tema. Penso também que o financiamento de campanhas, se houver uma discussão bem conduzida, pode ser muito eficaz. Porque hoje a influência de quem financia as campanhas se tornou muito grande. Os financiamentos vêm principalmente das grandes construtoras, das grandes empresas de coleta de lixo. E isso acaba determinando rumos para a política. É preciso que se discuta: não seria o caso de caminharmos para o financiamento público das campanhas? Os críticos desse modelo dizem que o financiamento pode ser público e, por trás do pano, continuar tendo financiamento privado. Não sei, é preciso discutir isso. Será que o caminho é o modelo do representante distrital, para aproximar a discussão das comunidades? O financiamento das campanhas precisa ser discutido porque, do jeito que está, eu às vezes penso, ironicamente, que talvez o modelo mais democrático tenha sido o da ditadura militar, em que só se podia botar na televisão o retrato 3×4 e três linhas de biografia. Aí se igualavam as possibilidades.
Acho também que, nessa questão das macropolíticas, é preciso discutir como é que se vai fazer, porque tudo o que o ser humano faz tem um impacto sobre o meio físico. No grande meio urbano esses impactos são grandes, e não são compensados por quem os provoca. Por exemplo, o sujeito faz cinco torres de 40 pavimentos, e isso vai provocar um impacto enorme no trânsito, nas necessidades de água e esgoto, no lixo e na energia. E quem é que paga por isso? Vivem abrindo exceções para deixar construir além do gabarito, de modo a não cobrar os impactos. Isso precisa mudar, a sociedade precisa discutir isso.
Trata-se de repensar nosso modo de vida em vários aspectos, não é?
Cada cidadão precisa pensar nos impactos que produz e em como reduzi-los. Isso vai implicar mudanças nos modelos de construção, nos modelos de energia. Porque, da forma que está, estamos caminhando para impasses gigantescos. Esses dias saiu uma notícia assim: em 97, quando foi aprovado o protocolo de Kyoto, se estabeleceu que os países industrializados reduziriam as suas emissões de gases poluentes em 5,10% até 2012. O balanço diz que essas emissões aumentaram 45%, e não diminuíram 5,2%. Os relatórios do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente mostram que estamos consumindo recursos mais de 30% além da capacidade de reposição do planeta. Isso é insustentável.
Tudo continua sendo regido pelas lógicas financeiras – sejam os países, sejam as empresas, até as próprias pessoas. Mas estamos caminhando para problemas graves. Primeiro, porque a situação do mundo está muito difícil. Já temos um bilhão de pessoas passando fome, e a chamada crise da água ameaça dois terços da humanidade. O Kofi Annan, que foi secretário-geral da ONU durante uma década – um homem experiente, informado – tem repetido e repetido o seguinte: hoje, os problemas centrais do nosso tempo não estão no terrorismo, mas nas mudanças climáticas e no consumo de recursos além da capacidade de reposição do planeta – Eles são uma ameaça à sobrevivência da espécie humana. Ainda mais lembrando que tudo isso vai ser agravado, porque a previsão dos demógrafos da ONU é de mais três bilhões de pessoas no mundo. Agora em novembro [de 2011] chegamos a sete, não é?
E há um ângulo que praticamente não se discute, que é o direito da sociedade à informação. Não estou falando em censura, ausência de liberdade de pensamento – não é isso. Estou falando o seguinte: hoje se sabe que quem tem mais informação tem mais poder. Mas não há nenhuma legislação que diga a quem pertence essa informação – porque, para ser democrática, ela tem que pertencer à sociedade. Se quem tem mais informação tem mais poder, a informação tem que ser democrática para que o mundo seja democrático, não é? Mas não há legislação que proteja isso.
Uma forma de regulação da mídia?
A meu ver, seria preciso escrever na Constituição que a informação é um direito, um bem da sociedade. É preciso legislar para regulamentar e proteger este direito. Não há nada, hoje, que diga aos meios de comunicação como devem proceder. Quer dizer, o meio de comunicação publica ou bota no ar o que ele quer. O critério é dele. Nisso aí está implícito o direito de omitir informação. É preciso reconhecer que há um direito da sociedade à informação, definir como isso vai ser colocado na Constituição e qual é a legislação que vai proteger esse direito.
Isso me faz lembrar as sociedades indígenas, nas quais a informação circula livremente. Haverá outras lições para nós, nessas sociedades?
A nossa visão de brancos, vamos chamar assim, sobre as sociedades indígenas, é muito peculiar, porque olha o índio não pelo que ele tem, mas pelo que ele não tem. Vê que o índio anda nu, que não tem isso, não tem aquilo. E não enxerga que as sociedades indígenas talvez estejam apontando em direção à utopia humana.
Uma delas é que, no seu formato tradicional, não há nas sociedades indígenas delegação de poder. O chefe não tem poder para dar ordem. Numa sociedade que se mantém viva, se um índio der ordem para outro, o outro vai achar aquilo engraçado, alguém dar ordem para ele. O chefe é o que mais sabe da cultura, o que mais sabe da divisão do trabalho, é o grande mediador de conflitos, tem de falar melhor. É o que mais sofre, também. Mas não dá ordem a ninguém. Nós, brancos, não enxergamos que luxo é viver, nascer e morrer numa sociedade sem nunca receber ordem de ninguém.
Da mesma forma, também nos esquecemos de que, quando uma sociedade indígena está na força da sua cultura, um índio é autossuficiente, não depende de ninguém para nada. Ele sabe fazer sua casa, sabe fazer sua lavoura, sabe fazer sua canoa, sabe fazer seus instrumentos de trabalho, a sua rede, os seus objetos de adorno, sabe identificar na natureza espécies que sejam úteis. Quer dizer, ele não recebe ordem de ninguém e não depende de ninguém para nada, a vida inteira.
E a informação é aberta – o que um sabe, todos podem saber. Ninguém se apropria da informação para transformá-la em poder político ou econômico. Além de aquelas sociedades darem muita atenção ao seu entorno: nos lugares que conheço, quando uma aldeia chega a 300, 400 pessoas, ela costuma se dividir, exatamente para que não haja uma sobrecarga dos recursos ambientais dos quais a aldeia depende. Isso também é de uma enorme sabedoria, não construir megaconcentrações humanas.
E quanto ao relacionamento entre os gêneros?
Sobre a relação entre homem e mulher, eu sempre cito um aspecto para o qual o Orlando Villas Boas me chamou a atenção: em geral são sociedades em que a união entre homem e mulher é absolutamente livre. Casa e descasa quando quer, ninguém tem nada a dizer, não há nenhuma sanção social. Digamos que o homem não esteja satisfeito com a mulher, porque ela não está trazendo água limpa para casa, e isso é uma tarefa da mulher. Se ele quiser, pode simplesmente dizer “não tenho água, vou-me embora” – e ir embora. Mas, se ele quiser continuar com a mulher, não vai sequer dizer a ela que não está satisfeito, porque isso pressupõe que ele tem direito a que ela traga água para casa e pode reclamar se ela não trouxer – e ele não tem esse direito, ela traz se quiser. Está nas divisões de trabalho: é uma tarefa da mulher trazer água limpa para casa. Mas, se ela não quiser, não traz – e o homem não pode se queixar.
O que ele pode fazer é procurar o chefe, os mais velhos, e dizer: “olha, minha mulher não está trazendo água limpa para casa”, e eles provavelmente vão reunir os homens e as mulheres e explicar como é a divisão de trabalho na etnia deles, porque tais tarefas cabem aos homens e tais tarefas cabem às mulheres, e entre essas tarefas está trazer a água limpa para casa. Se a mulher quiser botar a carapuça, ela bota; se não quiser, também não bota. Mas não há sequer o direito de queixa.
É muito sofisticado, isso. São utopias em direção às quais a nossa sociedade precisa olhar, principalmente na crise em que estamos mergulhados. Temos que mudar os nossos modos de viver, eles são insustentáveis, incompatíveis com as possibilidades do planeta. Temos que encontrar outros caminhos.
A liberdade sempre foi uma bandeira de luta. Ainda é, hoje?
A gente falou das sociedades indígenas onde isso, digamos assim, chega ao extremo possível. No extremo possível da liberdade. Já os nossos modos de viver restringem cada vez mais a nossa liberdade. Estamos dependentes de uma porção de coisas fora de nós. Precisamos repensar nossos modos de viver para ter vidas mais autônomas, mais livres, mais seguras.
Sou de uma pequena cidade do interior de São Paulo, Vargem Grande do Sul. Com cinco ou seis anos de idade, eu andava sozinho pela cidade inteira e isso não implicava nenhum risco. Era uma cidade pequena, não tinha trânsito, todas as pessoas me conheciam. Meu pai era professor primário e minha mãe, costureira. E no entanto tínhamos um nível de vida que, para que eu pudesse proporcionar isso hoje, para meus filhos e netos, precisaria ser muito rico. Por exemplo, alimentação: um verdureiro trazia verduras na porta de casa, orgânicas, da mais alta qualidade; um leiteiro trazia o leite; e o pão era comprado ali na esquina. Ninguém tinha geladeira, então se comprava de manhã a carne abatida na madrugada e depois outra, abatida na parte da tarde, para ter sempre carne fresca. Era um alto nível de sofisticação alimentar. Nossa vida foi ficando cada vez mais complexa e difícil.
Considerando que não é possível voltar ao passado, como você enxerga as novas gerações vivendo nesse planeta?
Penso que as novas gerações estão muito envolvidas nesta sociedade complexa e tecnológica porque nunca conheceram outras possibilidades. O jovem hoje passa metade do dia na frente de uma tela de computador, até porque não tem outra possibilidade. Outra possibilidade implicaria o quê? Insegurança, sair de casa, riscos com o trânsito, com assaltos, perder tempo no transporte. Então, ele fica preso nisso.
Você pensa que a tecnologia, as redes sociais têm um papel nos processos de mobilização política?
A tecnologia tem muitos papeis e muitos caminhos, bons e ruins. A tecnologia implica um consumo de recursos naturais e de energia elétrica muito grande, implica caminhos que também precisam ser revistos. Exige um uso de minérios que está em crise, inclusive o de minérios mais raros, que têm grande aplicação na área tecnológica, computadores, celulares – há um impacto sobre isso, também.
Pensando no que falou até aqui, você imagina novas formas de fazer política?
A mesma coisa que a sociedade precisa fazer, tem que fazer também quem quer fazer política: chamar a sociedade para discutir. Ouvir a sociedade, ouvir as pessoas, ouvir o conhecimento, ser capaz de formular projetos e, depois, batalhar por eles. Não pode, repito, continuar nesta mera retórica da indignação.
Você imagina uma governança global no futuro?
Não sei se haverá uma governança global. Penso que, se a humanidade conseguir encontrar um rumo para sair deste imenso atoleiro no qual está mergulhada, vai ter que definir regras para todos os países. Porque veja, por exemplo, o impasse em que está a Convenção do Clima: os países emergentes e os países pobres dizem: quem tem de reduzir as emissões são os países industrializados, que emitem há muito mais tempo e em maior quantidade. Aí os países industrializados dizem: mas se os emergentes e os outros não aderirem não vai adiantar, porque hoje os emergentes e os pobres juntos já emitem mais do que os industrializados.
Como é que vamos continuar dessa forma, em que os países industrializados, com menos de 20% da população, consomem 80% dos recursos e têm quase 80% da renda do mundo? Como vamos fazer com isso aí? Vai continuar? Um habitante de um país industrializado consome 15 vezes mais energia que um habitante de um país pobre. Então, sobre regras de governança: não se trata de ter um governo mundial, mas de ter princípios universais.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Carta Capital

Entenda por que o conflito envolvendo as terras Guarani Kaiowá tornou-se uma das maiores tragédias do País na área dos direitos humanos. 

Assinar · há 55 minutos 







Por Spensy Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da USP

A difícil situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, e particularmente dos Guarani Kaiowá, em sua natureza, não é diferente do que se verifica em várias outras regiões do Brasil e da América Latina. Estamos falando de um processo de expropriação territorial, com o objetivo de utilizar-se dos recursos naturais (terra, água, madeira) e consequentes violações dos direitos mais básicos dessas populações, como o acesso à alimentação, educação e saúde.

O que impressiona no Mato Grosso do Sul é, sobretudo, a dimensão dos problemas e o grau de acirramento dos conflitos. Em primeiro lugar, isso acontece porque se encontra ali, hoje, a segunda maior população indígena do País, 73.295 pessoas, número somente superado pelo Amazonas (168.680).
Juntos, os grupos de língua guarani falantes do dialeto Kaiowá (autodenominados Kaiowá) e os que falam nhandeva (autodesignados Guarani) conformam hoje o maior grupo indígena do País, com cerca de 45 mil pessoas, distribuídas por mais de 30 terras indígenas e 31 acampamentos à beira de estradas ou em pequenas porções de terra dentro de fazendas.

Nos últimos anos, diversos relatórios nacionais e internacionais, de organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional e a Survival, além de órgãos de governo e mesmo de Estado, como o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), têm apontado a situação dos Guarani Kaiowá como um dos maiores desafios atuais do governo brasileiro na área dos direitos humanos.

O outro forte fator que agrava a crise no Mato Grosso do Sul é o grande poder político da elite local, particularmente acentuado na conjuntura atual, em que o agronegócio se tornou um dos pilares de um modelo econômico baseado, em grande parte, na exportação de commodities primárias. De fato, é um mar de soja, cana-de-açúcar e pastagens para o gado bovino o que se vê, hoje, sobre as terras reivindicadas pelos Guarani Kaiowá, outrora uma região de grande biodiversidade, com matas ricas em madeiras nobres, como a peroba, o cedro e a aroeira.

O poder econômico e político dessa elite local, fortemente associada ao capital transnacional que financia o agronegócio protelaram ao máximo o processo de demarcação das terras indígenas na região. Desde que o movimento indígena Aty Guasu passou a organizar ocupações de terra como estratégia para pressionar o Estado brasileiro a agir na região, em meados dos anos 1980, a Fundação Nacional do Índio sempre agiu de forma pontual, sem buscar uma solução estrutural para os conflitos. Uma determinada área era ocupada, e somente ali se iniciava um processo de identificação e delimitação.
O movimento Guarani Kaiowá pela recuperação das terras surgiu na virada dos anos 80, no bojo da redemocratização, ao mesmo tempo em que se organizavam os setores populares de todo o País. Ao longo das quatro décadas anteriores, os indígenas haviam visto seu território ser ocupado progressivamente por milhares de colonos vindos de vários cantos do País. Com incentivo oficial, tanto do governo federal quanto do estado de Mato Grosso (a criação do Mato Grosso do Sul aconteceu em 1979). Nos anos 50 e 60, os líderes que ousavam reagir a esse processo de espoliação eram tachados de “comunistas” pelos órgãos indigenistas.

A mão de obra indígena já era explorada na região desde o século XIX, na extração de erva-mate, atividade instalada logo depois que o País ganhou a posse daquelas terras com a Guerra da Tríplice Aliança. Logo, os trabalhadores indígenas passaram a ser empregados no desmatamento massivo da região e implantação da monocultura extensiva, sobretudo da soja e da cana. Nos anos 70, intensificou-se o processo de expulsão das centenas de grupos locais para dentro de oito reservas indígenas que haviam sido demarcadas entre 1915 e 1928 pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, substituído em 1968 pela FUNAI).

Essas antigas reservas, contudo, não chegavam a 18 mil hectares de terra. Quando milhares de pessoas passaram a ser retiradas das áreas que ocupavam em “fundos de fazendas” por toda a região, os recursos naturais das antigas áreas do SPI rapidamente se esgotaram, e apareceram os problemas que, há 30 anos, assolam com força os Guarani kaiowá: conflitos entre as famílias, suicídios dos jovens, desnutrição infantil. Com a falta de terras, os homens, sobretudo, deslocam-se para longe da família a fim de buscar remuneração principalmente nas usinas de cana-de-açúcar – alvos de frequentes denúncias em razão da precariedade das condições trabalhistas.

Hoje, a situação enfrentada pelos jovens Guarani Kaiowá nessas reservas lembra muito a que é vivida nas periferias das grandes metrópoles brasileiras. Em Dourados, a área mais problemática, onde o índice de assassinatos chega a ser superior ao de países em guerra, como o Iraque, já surgiu até um grupo de rap, o Bro MC’s, inspirado em grupos como o Racionais MC’s.
“Sei que não é fácil levar a vida desse jeito/ Fazer o quê? Me rendo ou luto/ contra o preconceito?/ Sou índio, sim/ problema, não burro/ como pensa esse sujeito/ Daquele jeito!/ Continuo minha sina/ sabendo muito bem quem gerou minha ruí-na/ 510 anos de abandono confinados/ em reservas que mal cabem nossos sonhos (…)/ Vai achando graça, mas o papo aqui é sério/ você e sua cachaça mandam muitos pro cemitério/ (…) De lá pra cá, guerras, conflito/ Chegou a hora de lutar pelo direito dos índios”, cantam os rappers desse que é o primeiro grupo de rap -indígena a gravar um CD no País.

REAÇÃO EM CADEIA
A reação ao processo de confinamento foi contundente. Uma a uma, os militantes da Aty Guasu reconquistaram, desde os anos 80, mais de 20 pequenas porções de terra, hoje em diferentes fases de regularização fundiária. Inicialmente, a FUNAI adotou uma política de demarcar áreas minúsculas, obviamente insuficientes para as necessidades das comunidades – vide as terras indígenas jaguari (405 hectares), sucuriy (500 hectares) e jarará (479 hectares), todas demarcadas e homologadas ao longo dos anos 90.
Mais recentemente, as demarcações passaram a contemplar áreas maiores, porém esbarrando, cada vez mais, nas ações judiciais. Das três áreas homologadas no governo Lula, duas foram barradas por liminares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso aconteceu em 2005 com a terra indígena Nhanderu Marangatu (9.317 hectares no município de Antônio João), suspensa por Nelson Jobim, e, em 2009, com a terra indígena Arroio-Korá (7,1 mil hectares em Paranhos), embargada por Gilmar Mendes.

Nos últimos anos, os fazendeiros da região, fortalecidos política e economicamente, também tornaram as disputas cada vez mais violentas. Os assassinatos de lideranças, que já alcançavam repercussão internacional desde a morte de Marçal de Souza, em 1983, passaram a ser cada vez mais frequentes, sobretudo a partir de 2003, quando assassinam Marcos Verón, liderança de destaque no movimento Aty Guasu.

A crise nas reservas superlotadas também se intensifica na última década. Entre 2005 e 2006, ganham destaque na mídia nacional e no meio político as mortes em decorrência da desnutrição infantil. Como forma emergencial de combater o problema, intensifica-se a distribuição de cestas básicas. Em paralelo, o Ministério Público Federal intensifica suas pressões por uma solução real para o problema.

Segundo a legislação brasileira, o que está em jogo são as terras de “ocupação tradicional” do grupo (categoria definida pela Constituição de 1988, em seu artigo 231). Na cosmologia Guarani Kaiowá, essas áreas são chamadas de tekohá (de teko – modo de ser – + ha – lugar, uma palavra que poderia ser traduzida como “lugar onde se pode viver do nosso próprio jeito”). Isso ajuda a entender a formação dos acampamentos – geralmente buscando as poucas áreas de mata que restam na região, na proximidade de onde se localizavam antigos assentamentos indígenas.

A alusão a esse “outro jeito de ser” demonstra que o movimento Guarani Kaiowá é, sobretudo, uma reação cultural à imposição do estilo de vida dos Juruá (como os indígenas designam os brancos). Não por acaso, os xamãs são figuras importantes na luta pela terra, eles fundamentam o sentido dessa ação política com profecias sobre o retorno dos tempos de fartura e alegria, a partir da recuperação do antigo território indígena. Retomar um tekohá, como fez Nisio Gomes, é voltar ao contato com os espíritos da terra e dos ancestrais.

No fim de 2007, a FUNAI assina, junto ao MPF, e com o testemunho das lideranças da Aty Guasu, um Compromisso de Ajuste de Conduta para resolver de uma vez por todas a situação das terras Guarani Kaiowá. Em julho de 2008, são lançados seis grupos de trabalho para identificar e delimitar as terras indígenas, divididas de acordo com as bacias hidrográficas da região. Uma estimativa inicial dos antropólogos envolvidos é de 600 mil hectares a serem identificados – a extensão exata do território reivindicado só será conhecida com a publicação dos relatórios, nos próximos meses.

Na época, fazendeiros e políticos do estado difundiram a versão – prontamente desmentida pela FUNAI– de que as terras a serem demarcadas poderiam chegar a 12 milhões de hectares (quase um terço da área do Mato Grosso do Sul). Após um ato político na Assembléia Legislativa, o principal diário do estado estampou a manchete: “Produtores declaram guerra aos índios”.
Enquanto os políticos locais pressionavam o governo federal, os fazendeiros buscavam impedir o trabalho das equipes da FUNAI usando todo tipo de artifício jurídico. Diante da demora nos processos de identificação, mais uma vez os Guarani Kaiowá lançaram mão da estratégia de ocupar as terras reivindicadas para pressionar as autoridades.
O resultado tem sido uma série de conflitos sangrentos, desde 2009. Sem uma ação mais contundente do poder público, mais problemas certamente continuarão a ocorrer.

sábado, 26 de novembro de 2011

Decisões egocêntricas, prejuizo de todos.

CASTANHA DO PARÁ: uma por dia, 1 ano a mais de saúde e juventude. Há 1 ano cheguei a comprar 1 quilo por R$ 25,00. Atualmente, aqui em Maceió, custa até R$ 75,00. as amendoeiras estão virando tamborete de amarrar jegue. Os defensores das florestas estão sendo mortos, os índios exterminados, a cura natural presenteada pela natureza eliminada. Dona Dilma teve seu câncer curado pela natureza. será que ela tem consciência disso será que os senhores cupins-ruralistas-parlamentares tem saúde mental para continuar gerindo nossas vidas?
A VOCÊS QUE ACHAM BOBAGEM A GENTE FICAR AQUI TENTANDO ARGUMENTAR QUE POLITICA DESENVLVIMENTISTA NÃO É CERTO POR QUE NÃO É ÉTICO:
O Poder é um virus que adoece as mentes mais brilhantes. Por que ele agarra o EGO e convence as pessoas de que elas seriam muito mais, muito melhores emais espertas que todos os outros seres viventes. Na verdade, o poder serve apenas para trazer infelicidade, tristeza, dor, mesmo a quem se coloca como dono do mundo e acima dos comuns.

Assistam, por favor, o Video do Globo ecologia deste sábado -
o bem comum: reserva do rio iratapuru (ap)
, e talvez vc compreendam, ou talvez possam sentir por que esse projeto energético do governo PTista é completamente irracional, desnecessário e ERRADO. Este video foi ao ar em 17/07/2010 e representado hoje. A castanheira significa o sustento de muitas famílias e é um exemplo de respeito entre o homem e o meio ambiente

 
    Sebastão Castanho.Castanheiro do Amapá.
 ( Você conhece o Projeto Jari?  A devastação da floresta para implantar outro projeto megalomano de um americano, iniciou-se em 1967. Nos últimos 50 anos, temos transformado a Amazônia num inferno.  )
Sem respeito ao individuo, à natureza, qualquer projeto , independente de fundamentação técnica, teórica e qualqeur justificativa intelectualmente plausível, é , simplesmente, ERRADO.
Sem ética, sem moral, sem caráter, sem respeito, sem amor, SIMPLESMENTE não serve, não presta, não é bom para o BRASIL por que não é bom para os brasileiros. TODOS!!
Enquanto os brasileiros poderosos não aceitarem que pstura ética envolve todas as decisões e só assim essa sujeira toda de corrupção e roubalheira será erradicada de nosso país, NADA , NENHUM PROJETO, NENHUMA DECISÃO tomada com base em egocentrismo será adequada ao desenvovimento do país que deveria ser o exemplo de dignificação da raça humana.
PORTANTO: a decisão de trabalhar em grupo nepótico para fortalecimento de estruturas de exploração, uso do bem ´comum e público em proveito próprio e em dtrimento de qualquer beneficio coletivo é SIM ROUBO.
Quando ambientalistas tentamos justificar e encontrar soluções menos danosas para os projetos nefastos, são tentativas desesperadas de proteger o futuro de nossos flhos e netos, dos BRASILEIROS.
Mas , mesmo assim, a fome de poder egocentrica desvirtua as justificativas e tenta ridicularizar tudo o que é proposto. e manipula as informações e montam uma estratégia midiática monstruosa para alimentar os egos de cada um. CRIAM uma massa monstruosa. Precisamos estar alertas. TODOS!!
 " Se acharmos meios de permitir que as pessoas se encontrem e trabalhem juntas, poderemos alcançar resultados melhores do que se trabalharmos separadamente".
 Elinor Ostrom
  (Los Angeles, 7 de agosto de 1933) é uma cientista política estadunidense.
Recebeu o Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel de 2009, juntamente com Oliver Williamson, pela análise da governança econômica, especialmente dos bens comuns. Foi a primeira mulher a receber este prêmio.
Formada em ciência política pela Universidade da Califórnia em Los Angeles, desenvolveu uma linha de pesquisa na área de bens comuns, influenciada pela nova economia institucional. Seu trabalho descreveu a formação de uma relação sustentável entre o homem e os ecossistemas, através de arranjos institucionais que se desenvolveram ao longo de milhares de anos.




Retarde o envelhecimento comendo uma castanha por dia

Uma castanha por dia, não mais do que isso, garante as doses de selênio de que seu corpo precisa para preservar cada célula,botar para fora possíveis substâncias tóxicas e viver maispor DIOGO SPONCHIATO
Cabe na palma da sua mão, e ainda sobra um espaço e tanto, a arma que vai superproteger as unidades microscópicas do seu organismo. Em segundos, ao mastigar uma única castanha-do-pará, você recarregará os níveis de um mineral extremamente importante para uma vida longa e saudável: o selênio. A pequena oleaginosa repõe a quantidade do nutriente necessária para dar combate ao envelhecimento celular, causado pela formação natural daquelas incansáveis moléculas que danificam as células, os radicais livres.

Um estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, atesta que a ingestão diária de duas castanhas-do-pará recentemente rebatizadas castanhas-do- brasil eleva em 65% o teor de selênio no sangue. Mas provavelmente os neozelandeses não usaram o legítimo produto brasileiro. Ora, nós somos sortudos. É que ascastanhas produzidas no Norte e no Nordeste do país são tão ricas em selênio que bastaria uma unidade para tirar o mesmo proveito. A recomendação é de que um adulto consuma, no mínimo, 55 microgramas por dia, diz a nutricionista Bárbara Rita Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Minerais daUniversidade de São Paulo. E com uma unidade da nossa castanha já é possível encontrar bem mais do que isso de 200 a 400 microgramas do bendito selênio. Aliás, o limite de consumo diário do mineral é de 400 microgramas, portanto, não vá com muita fome ao pote. No caso de uma criança, meia castanha seria suficiente, afirma Silvia Cozzolino, presidenta da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.

E por que toda essa fama do selênio? Ele é essencial para acionar enzimas que combatem os radicais livres, responde Christine Thomson, a pesquisadora neozelandesa que investigou as propriedades da castanha. O selênio se liga a algumas proteínas já existentes em nosso corpo para formar essas enzimas antioxidantes, descreve, completando, Bárbara Cardoso. Na ausência dele, as tais enzimas fi cam sem atividade e, então, deixam de combater os radicais e ainda desguarnecem as defesas do organismo.

O mineral da castanha também teria um papel especial na proteção do cérebro. É que, com essa capacidade de acabar com a farra dos radicais livres, as células nervosas seriam preservadas, evitando o surgimento de doenças neurodegenerativas com a idade. Justamente por isso, a pesquisadora Bárbara Rita Cardoso começa a estudar os possíveis benefícios do selênio em portadores do mal deAlzheimer. A gente desconfia que nesses pacientes os radicais façam maiores estragos, diz ela.
tireóide também funciona melhor na presença do selênio, acrescenta Christine Thomson. Isso porque, se não houver esse elemento, ela não consegue produzir direito seus célebres hormônios. O mineral também está intimamente associado à capacidade de o organismo se livrar de substâncias tóxicas, ajudando-o inclusive a expulsar possíveis metais pesados que se alojam nas células.


*
Retarde o envelhecimento

comendo uma castanha por dia
*
1 castanha por dia......não mais do que isso,
garante as doses de selênio de que seu corpo precisa
para preservar cada célula,
botar para fora possíveis substâncias tóxicas e viver mais.
*
Cabe na palma da sua mão, e ainda sobra um espaço e tanto, a arma que vai superproteger as unidades microscópicas do seu organismo. Em segundos, ao mastigar uma única castanha-do-pará, você recarregará os níveis de um mineral extremamente importante para uma vida longa e saudável: o selênio. A pequena oleaginosa repõe a quantidade do nutriente necessária para dar combate ao envelhecimento celular, causado pela formação natural daquelas incansáveis moléculas que danificam as células, os radicais livres.
*
Um estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, atesta que a ingestão diária de duas castanhas-do-pará recentemente rebatizadas castanhas-do- brasil eleva em 65% o teor de selênio no sangue. Mas provavelmente os neozelandeses não usaram o legítimo produto brasileiro. Ora, nós somos sortudos. É que as castanhas produzidas no Norte e no Nordeste do país são tão ricas em selênio que bastaria uma unidade para tirar o mesmo proveito. A recomendação é de que um adulto consuma, no mínimo, 55 microgramas por dia, diz a nutricionista Bárbara Rita Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Minerais da Universidade de São Paulo. E com uma unidade da nossa castanha já é possível encontrar bem mais do que isso de 200 a 400 microgramas do bendito selênio. Aliás, o limite de consumo diário do mineral é de 400 microgramas, portanto, não vá com muita fome ao pote. No caso de uma criança, meia castanha seria suficiente, afirma Silvia Cozzolino, presidenta da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.
*
E por que toda essa fama do selênio? Ele é essencial para acionar enzimas que combatem os radicais livres, responde Christine Thomson, a pesquisadora neozelandesa que investigou as propriedades da castanha. O selênio se liga a algumas proteínas já existentes em nosso corpo para formar essas enzimas antioxidantes, descreve, completando, Bárbara Cardoso. Na ausência dele, as tais enzimas ficam sem atividade e, então, deixam de combater os radicais e ainda desguarnecem as defesas do organismo.
*
O mineral da castanha também teria um papel especial na proteção do cérebro. É que, com essa capacidade de acabar com a farra dos radicais livres, as células nervosas seriam preservadas, evitando o surgimento de doenças neurodegenerativas com a idade. Justamente por isso, a pesquisadora Bárbara Rita Cardoso começa a estudar os possíveis benefícios do selênio em portadores do mal de Alzheimer. A gente desconfia que nesses pacientes os radicais façam maiores estragos, diz ela.
*
tiróide também funciona melhor na presença do selênio, acrescenta Christine Thomson. Isso porque, se não houver esse elemento, ela não consegue produzir direito seus célebres hormônios. O mineral também está intimamente associado à capacidade de o organismo se livrar de substâncias tóxicas, ajudando-o inclusive a expulsar possíveis metais pesados que se alojam nas células.
*
Algumas pesquisas indicaram que o consumo de selênio está relacionado com uma redução no risco de câncer de próstata. Isto levou alguns analistas a recomendarem o consumo de castanhas-do-pará como uma medida preventiva. Estudos subsequentes sobre o efeito do selênio no câncer de próstata foram inconclusivos.
*
O chá da casca da castanheira-do-pará é usado na Amazonia para tratamento do fígado, e a infusão de suas sementes paraproblemas estomacais.
*
É também muito usada pelos caboclos para clarear os cabelos. Colocam a resina pura nos fios, expondo-os ao sol por longo tempo. No corpo, mais propriamente nos seios e abdômen, aplica-se o seu óleo bruto em massagens, para evitar estrias e amaciar a pele, deixando-a suave e sedosa. *
Compare a castanha-do-pará com a Castanha portuguesa
*
*Comparamos 25 gramas de cada, o que equivale a
3 castanhas portuguesas e 6 castanhas-do-pará.
*
1 - Caloria
A castanha portuguesa é a melhor opção para quem precisa controlar o peso, já que contém 32 calorias. A castanha-do-pará soma 164.
2 - Cálcio
A castanha-do-pará oferece quase quatro vezes mais do mineral que fortalece o esqueleto — 40 miligramas —, contra apenas 11 da castanha portuguesa.
3 - Fósforo
Esse nutriente que garante disposição aparece muito mais na castanha-do-pará: 181 miligramas. Já a castanha portuguesa fica bem atrás, com 24 miligramas.
4 - Gorduras
A castanha-do-pará tem 16 gramas, contra 0,34 da castanha portuguesa, mas o bom é que são gorduras saudáveis, que protegem as artérias.
5 - Potássio
A portuguesa contém 178 miligramas desse nutriente que combate a hipertensão, um pouco mais do que a castanha-do-pará, com seus 164 miligramas.
6 - Ácido fólico
A vitamina que diminui o risco de tumores ganha um certo destaque na castanha portuguesa — são 9 microgramas, contra 5 da castanha-do-pará.
7 - Selênio
Esse potente mineral antioxidante aparece aos montes na castanha-do-pará — são 740 microgramas. A portuguesa, coitadinha, não contém quantidade que mereça ser mencionada.