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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Utopia, não! Persistência.

Política do Bem entrevista Marina Silva

  Ela acredita e persiste. Muito. Desde a infância difícil no Acre até todas as suas conquistas políticas, a vida de Marina Silva, 53 anos, foi pautada pela superação. De candidata coadjuvante no início das eleições presidenciais de 2010 a fenômeno de quase 20 milhões de votos, Marina Silva ganhou ainda mais destaque nos últimos tempos. A ascensão verde de Marina impressiona. O perfil frágil se limita as suas características físicas porque, ao abrir a boca, ela convence. Conhecida internacionalmente por sua luta a favor do desenvolvimento sustentável, Marina está longe de integrar o grupo convencional da política brasileira. “Hoje não se discutem mais ideias e sim o poder pelo poder. Há uma polarização desgastada na política brasileira”, argumenta ela. “Não temos que ser oposição e nem situação. Temos que ter posições”, completa.

Por ser essa fortaleza de fibra e coragem, Marina vai angariando admiradores e companheiros para sua nova causa: a reinvenção dos padrões atuais, através do chamado Movimento Por Uma Nova Política. O projeto, lançado esse ano, tem como representantes membros que se dizem cansados dos moldes praticados em Brasília. Pesquisas mostram que hoje os partidos políticos estão em baixa. Os jovens, principalmente, já não se sentem representados da forma como acreditam que deveriam. O tradicionalismo político – desgastado por escândalos de corrupção, disputas partidárias, incoerência e inconstância – está abrindo aos poucos espaço para movimentos alternativos. Em um país onde seis ministros do governo caíram em menos de um ano por escândalos de corrupção, movimentos que clamam por mais ética, transparência e participação da população ganham força e cada vez mais aliados.

Segundo Marina, o Movimento Por uma Nova  Política ainda está no estágio de convocação e debate. “A pretensão não é criar partidos políticos e sim discutir com densidade algumas propostas”, avalia.
O que fica claro ao conversar com a ex-senadora e ministra do Meio Ambiente é que ela representa o ineditismo que faltava no cenário político brasileiro. Muitos não a compreendem e criticam sua plataforma política por acreditarem que é limitada e pobre, porque foca em propostas de sustentabilidade. Mas não há dúvida de que Marina deve ser considerada o respiro de ar puro na política do país. O Movimento Por uma Nova Política, bem como a postura de Marina Silva, estão com certeza um passo a frente do nosso tempo. Talvez ela seja avançada demais para o Brasil de hoje, talvez Marina não governe, mas com certeza ela deixará uma marca.

Marina é aquela figura que faz a diferença, que traz o novo, que move os sonhos. 

Ao ser questionada se pretende se candidatar para a presidência em 2014, Marina respirou fundo e respondeu: “Eu não sei. E quando falo que não sei, eu sinceramente não sei”. Ao entender mais sobre o Movimento Por uma Nova Política, é mais fácil compreender a resposta vaga e incerta de Marina. A proposta do movimento não está calcada em fórmulas, por isso, tudo ainda está no campo da construção e exploração. Por enquanto, a nova política é uma filosofia embrionária, que tem tudo para dar certo. O mais importante ela já fez: resgatou o otimismo que se perdeu.

É bonito ver como Marina Silva é firme e ao mesmo tempo tão idealista. É raro ver alguém há tanto tempo na política e com tanta motivação. Figuras assim estão em extinção na política brasileira e foi por isso que ela conseguiu um quadro tão positivo nas eleições de 2010. Uma figura política que depois de 16 anos no Senado Federal e algumas mudanças de partido conseguiu se manter de pé, íntegra, e ética é digna de palmas. Mais um motivo para admirar Marina: quando perguntada sobre momentos marcantes de sua trajetória política, ela respondeu: “Eu considero importante nunca ter me deixado aprisionar pela ideia de poder pelo poder”.

Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu e morreu em Xapuri, no Acre, assassinado aos 44 anos. Foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental. Sua atividade política tinha como principal objetivo a preservação da Floresta Amazônica e lhe deu projeção mundial.



O cartaz reproduzido acima é das eleições de 1986. Chico Mendes foi candidato a deputado estadual pelo PT do Acre, ao lado de Marina Silva para deputada federal constituinte, José Marques de Sousa , o Matias, para o Senado e Hélio Pimenta para Governador. Nenhum deles foi eleito.

Chico Mendes começou seu aprendizado do ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em incursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 19 anos. Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia.

A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.

Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas.

Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.

Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com Lula na região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.

Em 1981 Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue se eleger.

Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.

Liderou o 1º. Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional.

A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazônica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros.

Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos.

Na ocasião, Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o que aparentemente não convence a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente.

Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações organizadas após a instalação da UDR no Estado, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.

Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes , que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de perder a vida e que necessita de garantias.

No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes.

Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.

Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito, na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho.

Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção. Casado com Ilzamar Mendes (2ª esposa), deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época com dois e quatro anos de idade, respectivamente. Em 1992 foi reconhecida através de exames de DNA uma terceira filha.

Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providências e, através de articulação nacional e internacional, pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido.

Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.

 


Entre nós
( Mauricio RH, Marina Silva )

E chega novamente aquela expectativa própria dessa época, em que se misturam uma correria de fim de ano com uma típica calmaria pela chegada de um novo ano.

Correria que invade a alma, junto com o turbilhão de coisas que recaem sobre as pessoas. Problemas pendentes, não resolvidos, chegam a dezembro com um prazo final.

Questões não respondidas reaparecem e insistem em nos acompanhar após as festas. E todo o trabalho realizado no decorrer do ano também se apresenta como interrogação, a buscar validação, chancela, avaliação criteriosa... temos que fechar as contas.

A calmaria vem com a confortante promessa de que tudo poderá mudar para melhor no ano que chega. Sonhos não realizados comparecem na esperançosa bandeja dos compromissos futuros: mais tempo para viver a vida, em lugar de ser vivido por ela. Mudar antes de ser mudado. Renunciar mais às certezas que ensoberbecem a alma, antes de ser estagnado por elas.

O que se fez e o que não se fez, muitas vezes, vira fardo nessa época tão intensa. Alívio e aflição, já que o ano termina e chegamos lá, e um pouco de chateação pelas coisas que ficam para trás sem, de fato, ficarem. Abraços não dados agora apertam o coração, e partimos a nos acotovelar em shoppings e em mercados para lá encontrar os presentes que dirão a amigos e parentes que, na verdade, os amamos e os queremos por perto.

Pensamos também nas pessoas que perdemos, nos amados que se foram e não poderemos mais abraçar. Que saudade de nosso grande Chico Mendes, que foi arrancado de nós há 23 anos, e da partida precoce de André Urani.

Na espécie de tsunami emocional que costuma acometer as pessoas nas festas de fim de ano, há algo que, lá, meio soterrado por preocupações e ansiedades e pelo consumismo desenfreado no qual se transformou o Natal, pode dar sentido às coisas e ser o fio condutor a nos levar de uma etapa a outra, fechando as contas com o ano que passa e abrindo o livro para o que vem.

Para mim, é o que dá sentido às festas. Vem com a saudação do anjo a Maria, como lemos no Evangelho de Lucas: "Alegra-te". É que chega a boa-nova, de grande alegria.

Como diz Hannah Arendt, "esta fé e esta esperança no mundo talvez nunca tenha sido expressa de modo tão sucinto e glorioso como nas breves palavras com as quais os Evangelhos anunciam a 'boa-nova': 'Nasceu uma criança entre nós'". É a alegria da fé em nossa eterna capacidade de começar.

Que o espaço entre pensar e agir, findar e começar, brincar e trabalhar, e outras coisas que só se realizam entre nós e os mundos que nos habitam, possa ser sempre ocupado pela criança que nasce e renasce em cada um de nós.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lançado em Brasília o Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável

Foto: Eugenio Novaes/ENFOTOS

A ex-senadora Marina Silva participou na manhã desta terça-feira (7) do lançamento do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Brasília.
“Estamos em algo semelhante ao movimento Diretas Já. Temos de avançar e não retroceder nas conquistas que já tivemos”, avaliou Marina Silva. Ela ressaltou que o Código Florestal não trata de uma questão puramente ambiental. “É o encontro da economia com ecologia”, disse a ex-ministra pouco antes de classificar esta Semana do Meio Ambiente como “uma das mais tristes da história”.
O Comitê conta com a adesão, até gora, de quarenta entidades, entre elas OAB, CNBB, Conic, CUT, SOS Florestas, Instituto Ethos, ABI, Comitê Intertribal – veja manifesto abaixo. Também estiveram presentes na solenidade – que teve como mestre de cerimônia a atriz Cristiane Torloni, contando ainda com os atores Vitor Fasano e Letícia Sabatella, engajados na luta ambiental – parlamentares de diversos partidos.
Marina reiterou as críticas à violência contra lideranças rurais que há tempos é praticada na Região Norte. “Essas pessoas morreram em nome dessa legislação que corre o risco de ser revogada [caso o Senado aprove o Código Florestal assim como passou na Câmara]. [Se aprovado o projeto] acabaremos com a base legal que defende as populações. As pessoas estavam vulneráveis, mas pelo menos a lei estava do lado delas”, argumentou a ex ministra.
Segundo a ex-ministra, “a mentalidade dos brasileiros é melhor do que a do Congresso que votou esse projeto. Devemos sair daqui para ir além da agenda de conversas com líderes, partidos e com a presidente Dilma Rousseff, para cumprir a agenda Um Milhão contra a Devastação”, disse Marina. Para ela, o esforço de coletar 1 milhão de assinaturas contra o texto do novo código e de organizar manifestações públicas será fundamental para dar respaldo àqueles que decidirão sobre a forma como ele será aprovado. “Tudo depende de uma sustentabilidade ética e política. Devemos fazer um esforço para dar sustentabilidade política aos senadores para que mudem o projeto. E se não der, vamos dar sustentabilidade política para que a presidente Dilma o vete”, enfatizou.
Representando o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, o secretário-geral do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, sugeriu que sejam mobilizadas  e esclarecidas as bancadas estaduais de senadores e deputados, por ocasião de seu lançamento também nos Estados. Para ele, a  mobilização será importante para aprovação, pelo Senado, de um Código Florestal comprometido com a defesa do meio ambiente. O Comitê aprovou a convocação de grandes concentrações populares contra o que está sendo chamado “Código da devastação” – como aprovado pela Câmara -, ou passeatas de “um milhão contra a devastação” , conforme proposta apresentada pela ex-candidata do PV à Presidência e ex-ministra Marina Silva durante a cerimônia.
A atriz Christiane Torloni, que representa o Movimento Amazônia para Sempre, lembrou da época da campanha Diretas Já, pela redemocratização do país, movimento do qual participou. “Na época, conseguimos colocar mais de 1 milhão de pessoas nas ruas. Acho isso perfeitamente viável, para convencer aqueles que têm de ser convencidos e de constranger aqueles que têm de ser constrangidos”, disse a atriz.
“Já tivemos um presidente da República que disse para esquecer o que ele escreveu; outro, que falou que não leu o que assinou; não podemos permitir parlamentares que aleguem que não sabiam o que estavam votando”, afirmou o secretário-geral da OAB Nacional, sendo aplaudido pelo plenário da entidade lotado por representantes de mais de duas dezenas de entidades  da sociedade civil que integram o Comitê.”Os parlamentares e a sociedade devem ser esclarecidos sobre o real teor do que está sendo votado e seu impacto para esta e as futuras gerações”, acrescentou Marcus Vinicius Furtado Coêlho, reforçando a necessidade de que o Comitê procure e convença os parlamentares sobre a importância da alteração, pelo Senado, do Código aprovado na Câmara.
O representante da OAB Nacional lembrou que também a Lei do Ficha Limpa foi fruto da pressão popular, de abaixo-assinados com quase dois milhões de assinaturas de cidadãos, da mobilização de inúmeras entidades, e só assim conseguiu reverter um quadro que era desfavorável à sua aprovação entre os parlamentares. Em seu pronunciamento na abertura da cerimônia de lançamento do Comitê, Marcus Vinicius salientou também o compromisso da OAB com o cumprimento do artigo 225 da Constituição Federal, que assegura a proteção ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. “O desenvolvimento sustentável não pode ser uma expressão simbólica, mas vivida em sua concretude”.

Fontes: Agência Brasil e OAB