sábado, 22 de outubro de 2011

Manifesto Antropofágico - OSWALD DE ANDRADE



Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará. Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande. Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar. Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls. Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaigne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos. Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará. Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel, mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores. Só podemos atender ao mundo orecular. Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem. Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. O instinto Caraíba. Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia. Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro. Catiti Catiti Imara Notiá Notiá Imara Ipeju* A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais. * "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães” . Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia. Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César. A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue. Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas. Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: - É mentira muitas vezes repetida.Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti. Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais. Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário. As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo. De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia. O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa. É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci. O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz. A alegria é a prova dos nove. No matriarcado de Pindorama. Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas. Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI. A alegria é a prova dos nove. A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura - ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo - a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos. Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, - o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo. A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: - Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte. Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama. Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." (Revista de Antropofagia,Ano 1, No. 1, maio de 1928.) Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.

Compartilhado a partir do Perfil de 
Lúcia Padilla Gatto
FOTO: Cesar Sartori

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

dois pássaros (poemas e reflexões)




É difícil dizer-lhes o que eu sinto por ti. Eles nunca, jamais, te conheceram, e ninguém tem a tua fotografia. Assim, como podem eles alguma vez compreender o teu mistério? Vamos dar-lhes uma pista:
Dois pássaros sentam-se numa árvore, um come cerejas, enquanto o outro assiste. Dois pássaros voam pelo ar, a canção de um deles cai como cristal do céu, enquanto
o outro mantém-se em silêncio. Dois pássaros voam em círculo com o sol ao fundo, um reflecte a luz nas suas penas prateadas, enquanto o outro estende asas de invisibilidade.
É fácil adivinhar qual pássaro eu sou, mas eles nunca te encontrarão. A não ser que...
A não ser que eles já conheçam um amor que nunca interfere, que olhe muito além, que respire livre no ar invisível. Doce pássaro, minha alma, o teu silêncio é tão precioso. Quanto tempo será necessário antes que o mundo ouça a tua canção em mim?
Oh, esse é um dia pelo qual eu anseio!

"Two Birds"
poema de Michael Jackson
livro "Dancing The Dream - Poems And Reflections"
( recebido de Cibede Alves. https://www.facebook.com/profile.php?id=100001948785166)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O genocídio indígena e a entrega do Brasil


A Fundação Nacional do Índio (Funai) é o cartório do genocídio indígena no Brasil. Os brasileiros indígenas, vivendo na idade da pedra lascada em reservas artificiais, têm expectativa média de apenas 29 anos. A mortalidade infantil chega a 65%. De cada cinco índios que nascem, três morrem antes de completar cinco anos de idade.

A denúncia é do advogado Antônio Ribas Paiva, presidente da União Nacionalista Democrática (UND) – uma ONG especializada em projetos e estudos sobre a realidade brasileira, na linha patriótica e em defesa dos objetivos nacionais permanentes: democracia, soberania, paz social, progresso, integridade do patrimônio nacional, e integração nacional

Ribas raciocina que, como genocídio é crime hediondo, os dirigentes da Funai mereciam condenação exemplar. Mas o advogado indaga: ”Onde estará o Ministério Público Federal para exigir da Justiça uma punição aos responsáveis por este verdadeiro crime contra a minoria indígena? Cadê o MP? Ele não pode se omitir neste caso”.

Ribas também avalia que a política indigenista “está na contramão da sociedade, conduzida à luz de pessoas e ONGs estrangeiras” – a exemplo do que denunciou, corajosamente, na semana passada, em plena FIESP, o General de Exército Augusto Heleno Pereira. Na mesma linha de raciocínio do comandante militar, Ribas acrescenta que não é justo que os índios brasileiros padeçam na miséria, sem acesso ao século 21, apenas porque interesses particulares de um Poder Real Mundial desejam formar “nações” artificiais, apenas para controlar o riquíssimo subsolo mineral da Amazônia (exatamente onde ficam as tais “reservas” indígenas. O presidente da UND ironiza: “Seria mais barato e saudável comprar hotéis cinco estrelas exóticos, pelo mundo afora, para que nossos índios pudessem viver confortavelmente, com saúde. A Funai é o cartório do desperdício e genocídio indígena no Brasil”.

Ribas adverte que nossa classe política, desqualificada para o trato da coisa pública, se prepara para cometer um crime de lesa-pátria. Basta que o Senado aprove a Declaração Universal dos Povos Indígenas da ONU, para que as “nações indígenas” se transformem em uma norma constitucional que afronta a própria Constituição brasileira. Caso este crime legislativo seja cometido, ficam criados, formalmente, 216 novas “nações” na Amazônia. Todas independentes e passíveis de desmembramento do território nacional.

Ribas também critica a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança por terem promovido, ontem, uma incursão de intimidação na Vila Surumu, em Roraima, dentro da área que o governo destinou para a absurda Terra Indígena Raposa do Sol. “Só mesmo o Governo do Crime Organizado para desrespeitar uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, em favor dos produtores rurais e do governo de Roraima”.

A cena foi uma afronta. As forças policiais chegaram em onze caminhonetes, trazendo pelo menos 20 agentes fortemente armados, delegados e um negociador. A chegada dos policiais deixou moradores assustados e acirrou o clima de troca de acusações entre favoráveis e contrários à permanência dos arrozeiros na área.

A exposição da "luta" dos arrozeiros para permanecerem na Raposa Serra do Sol e uma possível decisão favorável do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de mérito das ações que contestam a homologação, terão conseqüências em toda a região amazônica. Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros, afirma que os indígenas querem progresso: Será uma virada de página no enfoque do tratamento da Amazônia, para entender que é necessário preservar primeiro o interesse nacional e a soberania”.

A cúpula do desgoverno Lula pensa diferente. E promove a cínica relativização do poder do Estado. Só compre as leis e se faz presente quando é conveniente. Os radicalóides do Planalto, seguindo a conveniência de seus verdadeiros patrões e parceiros externos, insistem em questionar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que concedeu uma liminar em favor dos arrozeiros e do governo de Roraima, impedindo que o Estado perca território e tenha sua economia prejudicada.

Os petistas, parceiros de negócio e aliados no desgoverno alimentam a já leniente cultura política no Brasil, onde a classe dirigente sente prazer em desrespeitar a norma legal ou, então, interpreta a norma de maneira casuística. Esquecem que o parâmetro da autoridade é a legalidade. No autoritarismo, eles promovem a insegurança do Direito e inviabilizam a Democracia. No maior cinismo, dão um golpe institucional, enquanto posam de democratas. Estamos diante da mais anti-patriótica ditadura.

Por isso, merece todo destaque a primeira reação formal de um General de 4 estrelas, membro do Alto Comando do Exército, condenando, previamente, o desrespeito á Constituição, com o risco de alienação do território nacional. O General Heleno deu seu brado de alerta porque tem consciência de uma doutrina bem clara para os verdadeiros patriotas.
A Missão das Forças Armadas, constitucional e até supra constitucional, é a defesa da pátria contra os seus inimigos externos e internos, além da defesa da nação de si mesma, quando mantida em erro por traidores ou demagogos, com risco para a soberania. No cumprimento dessa destinação legal, os comandantes das Forças Armadas são Soberanos, não podendo ser submetidos à convocações ou delongas Político-Partidárias.

O limite entre a tolerância e a ação é a garantia total da soberania nacional. Todos deviam saber que a ORDEM PÚBLICA é o patrimônio jurídico mais importante para a sociedade, porque é a garantidora da própria vida e da liberdade dos cidadãos. Se o desgoverno Lula não sabe disso, nunca é tarde para aprender. Tão grave quanto o desgoverno de lesa-pátria é a incompetência política ou leniência institucional da chamada oposição, que nada faz para combater tantos desmandos e desrespeitos à lei.

Augusto de Franco, em artigo na semana passada, foi no x do problema: “O fato é que o lulopetismo tem um projeto de poder e montou um esquema de poder para continuar no poder. As oposições, por sua vez, não têm um projeto de poder, não montaram nenhum esquema paralelo de poder e têm apenas aspirações de personalidades, que querem fazer sua carreira pública ascendendo a cargos de governo cada vez mais altos. Essas personalidades - que ainda por cima competem ferozmente entre si - continuam achando que está tudo bem na República, enquanto tiverem a possibilidade de concorrer a um cargo representativo. Encaram a política como uma carreira como outra qualquer. Enquanto pensarem assim, não se unirão para dar um basta na escalada do banditismo de Estado no Brasil. Nessas circunstâncias, a competição fica muito difícil, muito desigual. Parasitada por um regime neopopulista manipulador, a democracia brasileira sucumbe progressivamente à ocupação do Estado atualmente em curso”.

Tudo isso tem uma razão histórico-cultural. Os traços autoritários, a ausência de democracia e a ação do crime organizado são resultados históricos de um Estado que tem vício de origem. Nosso Estado não se originou da vontade da sociedade. A nossa sociedade é que foi “concebida” por um Estado. O Brasil é fruto de um Estado que foi “inventado” por outro Estado (o império ibérico que nos concebeu e que se sucedeu a outros impérios anglo-americanos que hoje nos controlam porque deixamos). O papel criminoso da nossa “oligarquia marginal” é subjugar a sociedade brasileira, para continuar explorando-a, histórica, cultural e economicamente.

Por isso, são bem vindas reações espontâneas de cidadania, como a do professor João Batista de Andrade, que resolveu recolher um abaixo-assinado, via Internet, pedindo o impeachment do chefão Lula. O motivo legal: o desgoverno torra R$ 1 bilhão por dia com (juros, serviços e rescalonamento) da dívida pública, mas não executa o orçamento, desrespeitando o artigo 212 da Constituição Federal.
Quem conhece o professor JB sabe que ele não tem nada de “golpista” – como os petralhas certamente vão tentar desmoralizá-lo. Golpe é não cumprir a Constituição e entregar o Brasil de bandeja às Nações amigas, como fazem os petistas e peemedebistas no atual desgoverno. Ainda bem que segmentos esclarecidos da sociedade condenam o golpe e reagem democraticamente. O Brasil ainda tem salvação. Vamos salvá-lo.

PS – Como se não bastasse tanto autoritarismo, mais um golpe é desfechado contra a liberdade de expressão na web. Bloqueio do acesso no Brasil a todos os blogs hospedados no portal wordpress.com, por ordem judicial. A ordem tem como objetivo proibir o acesso a um determinado blog do WordPress e a Justiça não informou o nome do blog e a razão da decisão de bloquear a página. Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet), para que a decisão judicial seja cumprida, os provedores de terão de barrar o acesso a todos os sites oferecidos pelo serviço. É a censura em andamento.

sábado, 8 de outubro de 2011

A Serenidade (Hermann Hesse)

(Hermann Hesse)

" A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte. Seja o poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os terrores da vida, ou o músico que lhes dá os tons de uma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas. Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade dos deuses e das estrelas. O que eles nos dão, não são mais as suas trevas, dores ou o medo, porém, uma gota de luz pura, de eterna serenidade ! Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias e religiões, o último e supremo termo que poderão atingir é essa "serenidade"