segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vida em Suspenso

Caixa de Guardados
Contas, botões e borboletas que ficam na memória….
By Mariu Gondim in Crônicas, Para aquecer o Coração


Flor Amarela. Oru am suda

Deixei de escrever nos meus blogs.
Deixei de expressar o que sinto, o que penso, o que vivo.
Vida em suspenso.
Limbo.
E, no entanto, são tantos sentimentos que se comprimem em meu peito, que eu poderia encher centenas de terabytes. Mas optei por sentir, perceber, acarinhar as emoções que me chegam aos borbotões antes de exprimi-las. É um novo olhar sobre mim mesma, o que sinto, o que vejo. É uma nova abordagem dessa vida que, se por um lado tem estado caseira demais, por outro nunca deixou de ser plena e rica.
A cada dia mais tenho certeza que a gente recebe tudo o que precisa para construir a missão a que nos propusemos. Culpar a vida porque resolvemos pintar com um martelo ou bater prego com o cabo do pincel, é pura perda de tempo. Mais vale olhar direitinho na caixa de ferramentas…
E a vida me deu a oportunidade de conhecer os mundos! Vivi eternamente com o pé sobre dois barcos, me equilibrando entre culturas, modos de pensar e de ser diferentes. E foi isso o que me permitiu ser o que sou, viver o que vivo, sentir o que sinto! Hoje eu transito entre todas as tribos, qual um Chico Mendes urbano, sem me sentir desconfortável, apesar de não pertencer realmente a nenhuma delas. Eu sou do mundo.
Penei pra entender que não, eu não era volúvel. Apesar de começar com V, o certo é que sempre fui Versátil. O que mais me motiva na vida é gente! Não existe bicho mais fascinante, complexo, difícil, interessante e belo do que o ser humano. Mesmo que tantos ainda nem saibam o que é ser humano… Eu sou discípula de Clarice, eterna observadora do cotidiano. “Viver ultrapassa qualquer entendimento”. E mesmo assim, eu insisto em tentar entender os mecanismos que nos movem. E, sobretudo, entender o que me move.
A maturidade me trouxe uma serenidade insuspeitada. Aprendi o desapego. Aprendi o silêncio. Uma amiga fez um “manifesto pela palavra dita”. Lindo! E tinha mais é que fazê-lo: não se pode compactuar com a tirania, a opressão e supressão da palavra como expressão do sentimento e da vida. Mas o silêncio não é a falta de palavra. É a palavra que transcende. Aprendi a calar para ouvir. E assim descobri novas linguagens: o gesto, o sorriso, a energia pulsante da vida. Entendi que um dos meus maiores focos de desarmonia foi o desconhecimento dessa ferramenta fundamental: o silêncio. Já dizia Lulu Santos que a vida é feita de “silêncio e sons”. E alguns desses sons só no silêncio podem ser sentidos… Que palavra descreve o bater de um coração amado? Ou o canto de um filhote de pássaro na janela? Ou o estalar de um beijo babado de uma criança? Ou a energia que jorra de um olhar carinhoso?…
Só no silêncio se pode sentir.essas coisas…
E só no ecletismo que sempre foi minha vida eu pude construir essa aprendizagem do ser humano. Carreguei o mundo nas costas durante toda a minha infância e adolescência. Combati moinhos de ventos. Vivi de espada em punho, en garde qual mosqueteiro de prontidão. Meti a cara no muro das paixões sem sentido, fugi das raias do sucesso, emburreci… Tudo em nome de “ser normal”, aceita, igual a todos aqueles que me chamavam de volúvel por não entender minha versatilidade. E me perdi nos labirintos de mim mesma, desci aos meus porões e engoli o medo e os espirros face a tanta coisa empoeirada, encaixotada, entulhada… Conheci o frio das masmorras da solidão. Cheguei à beira do precipício… E encontrei mãos que se estenderam pra me puxar de volta à luz, à relva, ao sol…
Foi nas tribos mais rejeitadas que aprendi lições fantásticas de respeito e consideração… Foi em lugares mais inusitados que encontrei pessoas lindas e sábias… Foi em alguns dos mais tradicionais que constatei hipocrisia maldade… Foi buscando me curar da volubilidade que descobri o tamanho da minha versatilidade. E foi então, que fiz as pazes com meus fantasmas e deixei fluir a serenidade.
Entendi que sou um ser único, como único é cada ser que existe. E que meu jeito de ser não é melhor ou pior que nenhum outro: é apenas isso: o meu jeito de ser. Sim, tenho o dom da palavra: dita, escrita ou calada. Sou boa ouvinte, pois que não sou juíza do viver alheio. Entendo que estou à frente de alguns e muito atrás de tantos outros. Mas o que importa é que estamos todos no caminho, em busca do mesmo objetivo: SER FELIZ. Por aceitar que vejo o que outros não vêem, que muitas vezes nem querem mostrar, aprendi a calar. E a usar esse dom em prol do outro, para esclarecer, desmistificar, unir. Só me descobri mediadora quando uma amiga-irmã assim me definiu.
Acho que o mais importante é que descobri o sentido das dimensões, das parábolas, das fábulas, das alegorias. Ao me descobrir grande, pude me saber pequena. Sou apenas uma pequena peça na engrenagem perfeita de um Universo infinito. Onde cada um tem uma função definida e uma missão a cumprir. Talvez eu ainda precise descobrir a parte que me cabe neste latifúndio. Talvez seja apenas isso: ajudar alguns a enxergar melhor o próprio caminho. Ou desmitificar caminhos e tribos… Talvez seja apenas um teste de resistência: até onde sou capaz de ir sem perder o fôlego, o riso, a crença no ser humano…
Não importa.
O caminho se faz ao caminhar. E as respostas estão soprando com o vento. Há que calar pra poder ouvi-lo.
Enquanto escrevo, me vejo qual druida celta, com manto, cajado e foice curva na cintura, me embrenhando na floresta. Vou em busca das ervas da sabedoria, plantadas ao longo dos milênios pelos sábios de todas as crenças. Vou em busca das raízes atlantes, nórdicas, vedas, judaicas, indígenas, xamânicas, africanas, budistas, hindus, islâmicas…. Vou atrás da luz que se filtra entre as folhas e mostra as belezas naturais, esculpidas, pintadas, produzidas por gregos, troianos e romanos (entre tantos outros)… Vou seguindo a flauta de pan, a gaita de foles, o violão cigano, o piano mais doce…
Me perdoem a ausência de textos.
Me perdoem a vida em suspenso.
Na verdade, é o oposto disso: hoje eu vivo tão intensamente cada segundo. que fica difícil registrar apenas alguns deles. Coleciono afetos, lustro memórias, edito ofensas e frustrações. Tiro de cada coisa e de cada momento o que de melhor posso ter. E aceito que talvez ainda não seja a hora de receber alguns dos meus anseios. Por isso, continuo seguindo, em busca de me preparar para o momento certo…
E só posso encerrar deixando a benção celta:
E até que eu de novo te veja, que os deuses te guardem na palma das mãos….
31/01/2011

MANIFESTO PELA PALAVRA DITA




PELA EXPRESSÃO DO AMOR,
PELA EXPRESSÃO DA ALEGRIA,
DE TODOS OS BONS SENTIMENTOS QUE FAZEM
A VIDA MAIS LEVE E MELHOR DE SER VIVIDA.




ELOGIOS DITOS,
AMORES DECLARADOS,
PERDÕES CONFESSADOS,
AMIZADES COMPARTILHADAS.

O SILÊNCIO É UMA FORMA DE CONSTRUIR A PALAVRA A SER DITA.

PELA PALAVRA, PELO SOM DA MÚSICA, DO VENTO, DO BARULHO DAS ONDAS DO
MAR, PELO CANTO DOS PÁSSAROS.

A PALAVRA ENCONTRA O QUE O SILÊNCIO PERDE,
O SILÊNCIO AFASTA, A PALAVRA APROXIMA.
O SILÊNCIO DEIXA DÚVIDA, A PALAVRA ESCLARECE.

AO SILÊNCIO:
AS DORES, OS AMORES PERDIDOS, A FALTA DE ESPERANÇA, AS PALAVRAS QUE
MACHUCAM, A ETERNIDADE, O DESCANSO, O PENSAMENTO QUE EDIFICA E QUE
LOGO SE TORNA PALAVRA.


Dulce Dias
Advogando em causa própria.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Renascença

Shala Andirá

Como se ouvir, pesando a flor
recém desabrochada, no vazio.

A voz terna das raízes, sustentando o
...caule, e a incitação das pétalas ao
desconhecido do vôo até
habitar esse corpo de nuvem molhada
que pesa na leveza do salto,
no auge que nos une e precipita.

Nosso corpo de chuva pesando sobre a
terra fresca, flanando as pálpebras
até o sopro tenro do repouso
realimentando os frutos
de novas eras.

Onde seremos
um no corpo do outro,
renascidos, terra.

O SÉCULO X X X VENCERÁ!




O Amor
Em Paz.
Gal Costa
Composição: Caetano Veloso (baseado em poema de Vladimir Maiakovski)

Talvez
Quem sabe
Um dia
Por uma alameda
Do zoológico
Ela também chegará
Ela que também
Amava os animais
Entrará sorridente
Assim como está
Na foto sobre a mesa

Ela é tão bonita
Ela é tão bonita
Que na certa
Eles a ressuscitarão
O século trinta vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias

Agora vamos alcançar
Tudo o que não
Podemos amar na vida
Com o estrelar
Das noites inumeráveis

Ressuscita-me
Ainda
Que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro

Ressuscita-me
Lutando
Contra as misérias
Do cotidiano
Ressuscita-me por isso

Ressuscita-me
Quero acabar de viver
O que me cabe
Minha vida
Para que não mais
Existam amores servis

Ressuscita-me
Para que ninguém mais
Tenha de sacrificar-se
Por uma casa
Um buraco

Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme

E o pai
Seja pelo menos
O Universo
E a mãe
Seja no mínimo
A Terra
A Terra
A Terra


Obrigada, Jorge Dersu

om kriya babaji nama aum

sábado, 29 de janeiro de 2011

Além do Horizonte ...

... deve ter
Algum lugar bonito
Prá viver em paz
Onde eu possa encontrar
A natureza
Alegria e felicidade
Com certeza...

Foto acervo particular. Alvorecer em Peroba de Maragogi.

Lá nesse lugar
O amanhecer é lindo
Com flores festejando
Mais um dia que vem vindo...

Onde a gente pode
Se deitar no campo
Se amar na relva
Escutando o canto
Dos pássaros...

Aproveitar a tarde
Sem pensar na vida
Andar despreocupado
Sem saber a hora
De voltar...

Bronzear o corpo
Todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida
Sem frescura...

Se você não vem comigo
tudo isso vai ficar
no horizonte esperando
por nós dois

Se você não vem comigo
nada disso tem valor
de que vale o paraíso
sem amor

Além do Horizonte
Existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Prá gente se amar...

Roberto e Erasmo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ah, o amor...


... Ai me pergunto:
o que resta,
quando o amor,
o encontro,
estar junto
...
é apenas concessão?...
e quando
sempre há algo mais urgente
ou prioritário....
ou q única companhia é a luz...
o infinito
finito
sempre...

À luz do amor, a cura. À luz do amor...a vida!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

tempo...

nasci na melhor idade
talvez
nem me tenha sido dado
esquecer
inteiramente
...os momentos vividos
para ter certo
o quanto já vivi
e quão pouco aprendi.
descobri:
toda minha ansia
por aprender mais
mera tentativa
de recuperar
o tempo desperdiçado
por que
tempo algum
é suficiente
como se cada dia
apenas segundos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ENQUANTO MUNDO CLAMA POR PROTEÇÃO AMBIENTAL ...

Apesar do posicionamento contrário dos técnicos do IBAMA;

Apesar de o Ministério Público Federal do Pará  ter encaminhado  ofício ao mesmo IBAMA prometendo ações judiciais caso a licença de instalação seja dada com a flexibilização das condicionantes impostas pelos técnicos responsáveis;

Apesar de imposição clara de flexibilização dos prazos para cumprimento de algumas das 40 condicionantes impostar para liberação da LICENÇA PRÈVIA , concedidas ANTES DO LEILÃO DA USINA, que caracterizam uma situação completamente irregular  no desrespeito aos possíveis estudos ambientais;

Apesar de a comunidade científica e técnica discordar enfática e categoricamente da implantação de UMDESEATRE AMBIENTAL na REGIÂO AMAZÔNICA;

O GOVERNO FEDERAL IMPOS A LIBERAÇÂO DA LICENÇA AMBIENTAL PARA CONSTRUÇÂO DA TERCEIRA MAIOR USINA HICRELÉTRICA DO MUNDO NOCORAÇÃO DA AMAZÕNIA. A desculpa é a urgência para evitar o atraso nas obras milionárias, estimadas em R$ 30 bilhões.

Conforme é comum acontecer em situações de impasse técnico – político, o presidente do IBAMA, Abelardo Bayma., pediu demissão alegando motivos pessoais.

Em dezembro, ainda na gestão LULA, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou empréstimo-ponte no valor de R$ 1,087 bilhão à Norte Energia para a implantação da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Belo Monte, no rio Xingu, no Pará tem licença parcial - instrumento que não existe no direito ambiental brasileiro – liberada pelo IBAMA.,nesta quarta-feira, a licença de instalação da usina hidrelétrica.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

GANÂNCIA, IRRESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA ... FALTA DE JUIZO!!

NOVAS AÇÔES POLÌTICAS VÃO, NESTE NOVO GOVERNO, ASSEGURAR A DESTRUIÇÃO DO NOSSO PATRIMONIO AMBIENTAL. TUDO DEVIDAMENTE REGULAMENTADO E COM DEFESA DOS POLÍTICOS QUE FORAM ELEITOS PELA NOSSA DEMOCRACIA DOENTE E MANIPULADA PELO PODER AUFERIDO POR NÓS MESMOS.

que paìs è este???





Mata Atlântica do Piauí é destruída para a produção de carvão

De todos os biomas brasileiros a mata Atlântica é o mais ameaçado. Tem apenas cerca de 7% de sua cobertura original. O desmatamento é proibido, nenhuma, mas no Piauí as carvoarias desrespeitam a lei.

O Jornal da Globo inicia hoje a exibição da primeira reportagem da nossa participação no Globo Natureza, série que nasceu do sucesso do Globo Amazônia. Mas nosso olhar sobre problemas ambientais vai agora além da Amazônia. A reportagem desta segunda-feira (10) trata da destruição da Mata Atlântica no Piauí, para a produção de carvão.

O som da motosserra é o que mais se ouve nas matas do sul do Piauí. Não sabem nem poupar o pobre jumento do peso excessivo.



Nos fornos sofrem os trabalhadores. Proteção, só a do capacete. Nada para suportar a fumaça e a alta temperatura. “É quente demais! Não tem outro trabalho, tem que fazer o que tem”, conta o carvoejador Gisley Omélio.

E vai tudo pro fogo. Até as espécies ameaçadas de extinção. A produção oficial chega a dez mil toneladas de carvão por mês. Mas segundo os ambientalistas, a mesma quantidade é produzida pelos fornos clandestinos.

Morro Cabeça no Tempo é o nome do município que concentra a maior parte das carvoarias. Tem menos de cinco mil habitantes, é o menor da região e um dos mais pobres do Nordeste.
“Se você tivesse vindo aqui nos anos 90, o clima era outro, bem mais agradável, bem mais fresco, dava pra viver muito bem. E hoje a gente percebe que é muito quente”, observa a professora Luzia Luz Neto.

As consequências já são visíveis. A maior lagoa da região encolheu 30%. Rios estão secando, nascentes desapareceram. Uma área, por onde o vaqueiro Claudionor Ribeiro passava todos os dias, era um brejo que matava a sede da boiada e do vaqueiro. Ele conta até onde chegava a água antes da seca dos rios. “Às vezes na capa da cela e quando ficava mais rasa, nas patas do cavalo. E a gente, se precisasse, só fazia abaixar na cela e beber”.

Na região da Serra Vermelha, de grande importância ambiental, três biomas se encontram no mesmo lugar: caatinga, cerrado e mata Atlântica.



De todos os biomas brasileiros a mata Atlântica é o mais ameaçado. Tem apenas cerca de 7% de sua cobertura original. Por isso, qualquer desmatamento é proibido, nenhuma árvore pode ser derrubada. Mas no Piauí as carvoarias desrespeitam a lei e com a conivência de quem deveria proteger a floresta.

Elas têm licença de funcionamento dada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Mesmo as instaladas dentro da mata Atlântica.

Ao Ibama cabe fiscalizar. O único escritório do órgão no local tem dois fiscais e uma área do tamanho do estado de Sergipe pra dar conta.

“Tem muita produção ilegal e o Ibama não dá conta. Dois servidores não dá pra fazer. Muito do consumo das grandes siderúrgicas chega lá como legal, mas de produtores ilegais que não estão licenciados a fazer carvão e fazem carvão e vendem para terceiros”, fala o analista ambiental do Ibama Hamilton Cavalcanti Júnior.

A produção do Piauí - a legal e a ilegal - carrega cerca de 15 caminhões por dia. O carvão viaja quase dois mil quilômetros praticamente sem barreiras nas estradas.

O polo siderúrgico de Sete Lagoas, em Minas Gerais é o destino de todo o carvão que sai do Piauí. Muitos dos fornos - que produzem ferro gusa - se alimentam da destruição das matas nativas.

Das 61 indústrias que funcionam na região, menos de dez consomem carvão de procedência legal. Uma delas começou há 15 anos a plantar sua própria floresta. Só em uma fazenda tem 21 mil hectares de eucalipto.

“O mundo hoje está exigindo receber ferro gusa verde, de floresta plantada, que tem certificação de floresta plantada, o mundo hoje está exigindo isso”, explica o diretor de empresa Antônio Tarcísio Andrade.

Para o sindicato das indústrias, a saída é a nova lei florestal do estado de Minas que vai obrigar as empresas a consumir carvão vegetal apenas de floresta plantada.

A nova lei mineira estabelece um prazo: a partir de 2017, 95% do carvão consumido pelas indústrias de ferro gusa deverão ser de floresta plantada. Até lá ainda vamos ouvir muito barulho de motosserra nas matas nordestinas.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Piauí não reconhece a área onde estão instaladas as carvoarias como mata Atlântica. O conjunto das reportagens exibidas no Jornal da Globo, nos nossos outros telejornais e programas está no portal Globo Natureza.

MATÉRIA NA ÍNTEGRA: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2011/01/mata-atlantica-do-piaui-e-destruida-para-producao-de-carvao.html

domingo, 23 de janeiro de 2011

pensamentos da aurora ...

Obrigada, João Gilberto!!
Namastê!




" Não me importa saber se é estreito o caminho,
ou se são duras as penas impostas pelo rito,
eu sou o dono de meu destino,
sou o capitão da minha alma. "

...( William Ernest Henley )

Poema Triste ( Mario Quintana )

Eu escrevi um poema triste Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
...
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves

Faço barcos de papel!


Timidez
( Cecília Meireles )

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve...,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

Poema Triste ( Mario Quintana )

Eu escrevi um poema triste Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza

Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves

Faço barcos de papel!


"o amor medido"

Para João Gilberto.

nem a hora podia
dizer
ao certo,
nem a vontade de
expressar o coração -
um bater dilacerado
no peito,
nó na garganta
de grafite... e o verso
a romper o
sonho.

o amor é tudo
indizível.
ramo de vida,
rastro de quântica imensidão,
habitando o centro
do âmago
das chances perdidas.
dez para algum tempo

e a prova dos novos
conceitos caiu
feito lágrima.
amar é amar e
ponto de interrogação.
nunca saberemos
onde o infinito
dito
se alojará.

em que palavra?
em que promessa?
em que abraço?
em que beijo?
com que lua?
com que saudade
a vida
verterá
essa miríade de
sentimentos bons?

e amamos
por amar. isso,
para muitos é
felicidade.
para outros,
labirinto.
ai, quem agora
me sinto?

(pelo olho
me recolho
em algum
poema)

dai-me a expectativa
de repetir
quantas vezes for
preciso:
vital é o amor!



...
Ficar atento aos pensamentos - na busca permanente da expansão da consciência, e evitar que os sentimentos sejam um processo mental é a luta constante contra o ego. É preciso vigiar o monstrinho dentro. É ele que nos enfraquece e permite o medo, o controle exterior.

mente...

Foto arquivo particular. Poço Feio. Barra d'Alcântara.Série Paisagens do Piauí


... a mente, como o tempo, não para...
...não para o tempo ...
...para a mente...
...que mente.

"existência"

Ainda a Caatinga...Foto acervo particular. Paisagens do Piaui.Oeiras



o sol,
do infinito,
observa
...o poeta :

(há um silêncio
de grafite
entre as gretas
de luz)

que será
da vida
desse ser
na Terra,

que fará
de grande
no último
instante,

(a pino,
sagra calor
e meio-dia)

quando ofusco
os seus sonhos
de sons, furtando-lhe
as madrugadas?


Adriano Nunes

sábado, 22 de janeiro de 2011

POR AMOR...( PER AMORE...)



PER AMORE...



Io conosco la tua strada ogni passo che farai
Ie tue ansie chiuse e ivuoti sassi che allontanerai
Senza mai pensare che come roccia lo rittorno in te ...

Io conosco I tuoi respiri tutto quello che non vuoi
Io sai bene che non vivi
Riconoscerlo non puoi e sarebbe como se
Questo cielo in flamme ricadesse in me

Come scena su un attore ...

Per amore hai mai fatto niente solo
Per amore hai sfidato il vento e urlato mai ?
Diviso il cuore stesso pagato e riscommesso
Dietro questa mania che resta solo mia

Per amore hai mai corso senza fiato
Per amore perso e ricominciato
E devi dirlo adesso quanto de ti ci hai messo
Quanto hai creduto tu in questa bugia

E sarebbe como se questo fiume in piena risalisse a me

Como china al suo pittore

Per amore hai mai speso tutto quanto la regione
I tou orgoglio fino alpianto
Io sai stasera a resto non ho nessun pretesto
Soltando una mania che è ancora forte e mia
Dentro quest'anima che strappi via

E te lo dico adesso sincero con me stesso
Quanto mi costa non saperti mia ...

E sarebbe como se tutto questo mare
annegase in me...

Ela está em ti e tu estás Nela. Dela tu nasceste, Nela tu vives e para Ela voltarás novamente.

"Você não apenas está aqui, mas 'é' a própria Terra.
Acredite nisso e lute pela Humanidade e por toda a Vida.
Tenha fé e entregue o seu coração com a mesma pureza que uma criança o faria"


  
Leia com os olhos da alma esta bela oração essênia à Mãe Terra e reflita, sinta...

 “Abençoado seja o Filho da Luz que conhece sua Mãe Terra
Pois é ela a doadora da vida.
Saibas que a sua Mãe Terra está em ti e tu estás Nela.
Foi Ela quem te gerou e que te deu a vida
E te deu este corpo que um dia tu lhe devolverás.
 Saibas que o sangue que corre nas tuas veias
Nasceu do sangue da tua Mãe Terra,
O sangue Dela cai das nuvens, jorra do ventre Dela
Borbulha nos riachos das montanhas
Flui abundantemente nos rios das planícies.
 Saibas que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra,
O alento Dela é o azul celeste das alturas do céu
E os sussurros das folhas da floresta.
 Saibas que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra.Saibas que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra. A luz dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos
Nasceram das cores e dos sons da tua Mãe Terra
Que te rodeiam feito às ondas do mar cercando o peixinho. 
Como o ar tremelicante sustenta o pássaro
Em verdade te digo, tu és um com tua Mãe Terra
Ela está em ti e tu estás Nela.
Dela tu nasceste,
Nela tu vives e para Ela voltarás novamente. 
Segue, portanto, as Suas leis
Pois teu alento é o alento Dela.
Teu sangue o sangue Dela.
Teus ossos os ossos Dela.
Tua carne a carne Dela.
Teus olhos e teus ouvidos são Dela também.
Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra
Não morrerá jamais,
Conhece esta paz na tua mente
Deseja esta paz ao teu coração
Realiza esta paz com o teu corpo.”

Oração à Mãe Terra - oração essênia - Evangelho dos Essênios

Paz e Luz
Namastê!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A RECEITA PARA UMA TRAGÉDIA

Greenpeace


Notícia - 17 - jan - 2011
 
Desmatamentos e ocupação de áreas que deveriam ser preservadas, somados às chuvas cada dia mais intensas, são a combinação perfeita para o drama das enchentes. 

 
Nova Friburgo (RJ) - O bairro de Duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram o município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Valter Campanato / ABr
Classificada pela imprensa como o maior desastre natural brasileiro, a enchente que desde terça-feira, 11 de janeiro, acarreta um número recorde de mortos - mais de 670 até o momento, milhares de desabrigados e perdas de produção agrícola na região serrana do estado do Rio de Janeiro é o resultado de uma equação perigosa: eventos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas intensas e por longo período e áreas fragilizadas por desmatamento.

Pouco mais de mil quilômetros separam o palco das enchentes e Brasília, arena onde deputados ligados ao agronegócio batalham por mudanças drásticas no Código Florestal brasileiro. Por esta estrada cruzamos alguns dos mais de 100 municípios em situação de emergência ou calamidade pública no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na paisagem, dois dos biomas brasileiros mais desmatados: a Mata Atlântica, que perdeu 93% de sua cobertura florestal, e o Cerrado, devastado pela metade.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ONG SOS Mata Atlântica, na última década, o ritmo de desmatamento da Mata Atlântica se manteve em torno de 34 mil hectares ao ano, uma área equivalente a quase 350 mil campos de futebol de mata nativa. No Rio de Janeiro, estado mais castigado pelas chuvas, mais de 80% de floresta já foi desmatado.

Também segundo o INPE, os últimos 60 anos foram de aumento gradativo da intensidade das águas. Chuvas acima de 50 mm por dia, algo raro até a década de 1950, hoje ocorrem entre duas a cinco vezes por ano na cidade de São Paulo, por exemplo. No dia de maior temporal em Nova Friburgo foram 182,8 mm, o que equivale a dizer que para cada metro quadrado, quase 183 litros de água caíram do céu. Em Teresópolis foram 124,6 mm de chuva.

“Eventos extremos, que tendem a aumentar por conta das mudanças climaticas, têm sido cada vez mais freqüentes e intensos. Se há dúvidas sobre como lidar com o problema, existe ao menos a certeza de que a solução não é a derrubada de mais floresta”, diz Nicole Figueiredo, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace.
Enquanto isto, em Brasília, os deputados ruralistas insistem em transfigurar a legislação florestal. É o caso das Áreas de Preservação Permanente (APP), cuja função é proteger margens de rios, encostas e topos de morros, garantindo a estabilidade geológica e a proteção do solo. Se depender da turma da motosserra, algumas faixas de APP serão reduzidas até pela metade. A proteção de beira de rios com larguras de até cinco metros, por exemplo, passariam dos atuais 30 metros para 15. Ficariam liberados para ocupação também os topos de morro, montes, montanhas e serra e áreas de várzea.




Para visualizar o resultado do ideário da motosserra, basta olhar as imagens da tragédia da região serrana. Aos pés de morros lambidos pela terra, o fruto deste tipo de ocupação e do desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas, à revelia do que hoje prevê o Código Florestal, é de pura destruição.
“A legislação florestal existe com um propósito claro, o de assegurar o bem-estar da população. É por questão de segurança que há a necessidade de proteger o solo e os rios”, diz Rafael Cruz, da campanha de Florestas do Greenpeace. “As alterações são propostas pela bancada ruralista são irresponsáveis”, complementa.

O Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente ocupadas irregularmente, uma área equivalente ao estado de Minas Gerais. Muitas destas regiões desmatadas estão em municípios que hoje estão em calamidade pública como Petrópolis e Teresópolis, que já perderam 70% de sua cobertura florestal, e São João do Vale do Rio Preto, com quase 80% desmatados.

A bancada ruralista também espera conceder ampla anistia a quem desmatou até 2008, o que inclui as APPs. “A proposta segue na contramão da necessidade de recuperação de regiões frágeis, seja nas cidades, ou em áreas rurais, responsáveis pela produção de alimentos e o abastecimento de água para as áreas urbanas”, completa Rafael Cruz.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Desastres da Ação do Poder e da LEI HUMANOS...QUEM SÂO OS RESPONSÁVEIS?

Reintegração de posse destrói sonhos de 100 famílias em Murici
Acampamento Bota Velha



Sede onde as famílias se reúnem no acampamento

 
Acampado trabalhando na Casa de Farinha de Bota Velha



Entrada do acampamento Bota Velha, em Murici



Hoje, 19 de janeiro de 2011, um dia antes da data prevista para a reintegração de posse do acampamento Bota Velha, em Murici, foi publicada uma reportagem onde a manchete foi supostamente uma afirmação da CPT: “O sangue vai dar na canela”. Porém, tal frase jamais sairia de um organismo cristão.
De acordo com os representantes da CPT em Alagoas, em nenhum momento a entidade previu um clima hostil em uma reintegração de posse, muito pelo contrário, sempre prezou pela paz. Jailson Tenório, coordenador da zona da mata, ressalta que somente neste mês de janeiro já houve quatro reintegrações e em nenhuma houve conflito.
O caso de Bota Velha é destacado porque as famílias acamparam muitos anos antes de a Usina Santa Clotilde arrendar esta fazenda, o que só aconteceu em 2006, e durante todo este tempo o acampamento se manteve produzindo. Apenas em 2010 a Usina resolveu entrar com a reintegração de posse que está marcada para amanhã (20/01).
Os trabalhadores rurais do acampamento mencionado estão há 9 anos produzindo alimentos, morando, criando e educando seus filhos e filhas. São mais de 100 famílias que hoje vivem momentos dramáticos, pois toda a vida do acampamento está estruturada, com vários hectares de terras plantados; energia elétrica nas casas de taipa (não mais barracos de lona), muitas cobertas com telha, assim como a casa de farinha; duas sedes, com 3 turmas de escola funcionando, as quais foram alvo de reportagem da Gazeta de Alagoas em meados de dezembro de 2010.
A notícia da reintegração de posse chegou como mais uma tempestade no município devastado pelas enchentes do inverno passado, o qual recebeu a solidariedade do acampamento, através da distribuição dos alimentos lá produzidos para saciar a fome dos desabrigados. Em termos cristãos, Bota Velha repartiu do pão e agora está entregue a própria sorte.


Mais informações: (82) 9127-2364 / (82) 9127-2364 / (82) 9127-5773 / (82) 9341-4025

Comissão Pastoral da Terra – Alagoas
Lara Tapety – Relações Públicas – (82) 9305-6290
Setor de Documentação e Comunicação - (82) 3221-8600

O pão que o Estado amassou

*Carlos Lima


O ano de 2011 para as famílias acampadas começou de forma impactante. Não passou nem o primeiro mês do ano o Juiz Agrário, Airton Tenório, e o Governo de Alagoas – no segundo mandato de Teotônio Vilela, com um giro ainda mais à direita –  estão com disposição de leão.
Eles Já desalojaram 123 famílias, destruindo moradias e alimentos, num Estado de esfomeados. Já foram destruídos, somente em janeiro, 63 hectares de alimentos nos acampamentos acompanhados pela Pastoral da Terra (em Messias, nos acampamentos Pachamama: 40 famílias e 05 hectares de alimentos destruídos; Baixa funda: 26 famílias e 10 hectares de alimentos; Flor do Bosque 2: 18 famílias e 33 hectares destruídos e; Gitirana: 39 famílias e 15 hectares de alimentos destruídos). No caso do acampamento Gitirana, este merece um comentário a parte. Em visita ao imóvel, o juiz disse a este coordenador e aos acampados que área era improdutiva e ele não daria reintegração de posse, mas concedeu.
A Vara Agrária e governo estão utilizando a estratégia de promover tamanha violência no inicio do ano, que enquanto ainda reina o clima de comemorações ou férias, as reintegrações estão acontecendo numa velocidade assustadora (quem dera a reforma agrária caminhasse no mesmo ritmo), numa clara intenção de passar o rolo compressor sem que haja qualquer tipo de reação da sociedade.
Na próxima quinta, 20 de janeiro, está agendada a reintegração de posse da fazenda Bota Velha, em Murici, cidade arrasada pelas chuvas que caíram em junho de 2010, na qual centenas de famílias estão desabrigadas, 489 morando de forma indigna em barracas, esquecidas pelo poder publico.  Na tragédia de junho os acampamentos e assentamentos da região doaram muitos alimentos aos atingidos. O Estado, que ainda não construiu uma casa sequer para as vitimas das enchentes, pretende ampliar para 589 o número de barracas.
Numa reintegração como a do acampamento Bota Velha – onde as 100 famílias estão há 9 anos produzindo alimentos e construindo vida em comunidade, com escola,  capela, catequese e energia – não se trata apenas de um despejo, mas de colocar uma “pá de cal” na vida de muita gente. Gente jovem, gente idosa, gente criança, seres humanos, filhos desta pátria, que enxergam na reforma agrária a possibilidade de voltar a viver, de construir futuros, de buscar horizontes.
As “outoridades” que vão empurrar essas famílias para as periferias de Murici e Maceió, entregando-as como reféns do tráfico e da marginalização, decidem a vida das pessoas, a partir dos seus mundos, de suas castas, com salários robustos, dos seus compromissos de classe.
Caso o despejo da Bota Velha seja concretizado, vamos chegar à soma de 223 famílias despejadas e 95 hectares de alimentos destruídos. Considerando que o despejo pode acontecer no dia 20 de janeiro, vamos ter uma média de 11,15 famílias desalojadas por dia e 4,75 hectares de alimentos destruídos por dia. Fica difícil não fazer uma relação direta com 56% da população consideradas pelo senso do IBGE como extremamente pobres.
A vida, a dignidade da pessoa humana deve prevalecer diante de injustiças centenárias. O Estado criado para regular a sociedade não deve continuar apoiando as mesmas elites escravocratas de sempre, tem que incluir as famílias e garantir terra, moradia e renda. Do contrário, estamos próximos da barbárie.

*Coordenador da Comissão Pastoral da Terra em Alagoas (CPT/AL) e formado em história pela UFAL 

Revisão e edição: Lara Tapety
Acesse o blog: www.cptalagoas.blogspot.com
Também no twitter: @cptalagoas

Apaixonada: Humanidade, um devaneio.

Notícias de desespero, dor e medo. Incerteza do futuro , fragilidade presente... questiono a mim mesma o que tem me motivado a desistir de tantas conquistas individuais adquiridas para dedicar tantos anos de minha vida ao vale entre colinas. E por que tamanha tristeza que faz doer de saudade cada período de tempo afastada de minha querida Oeiras.

A cada dez dias contados distante, a cada lua cheia, o coração aperta e dói tanto que não consigo conter as lágrimas. Dói de saudade e frustração, dói de saudade e dor pela tristeza dos amigos, dói de frustração da impossibilidade de realizar ações tão simples, que mudariam facilmente o destino de tantos jovens, adolescentes, crianças e idosos - amigos tão queridos, que vejo passar por situações de pobreza física, por vezes emocional, sempre situações impostas por condições de miséria humana.

Fico aqui, do meu canto, a questionar por que a mesquinhez, a necessidade egocêntrica de manter controle e poder são agentes geradores de miséria que freiam o crescimento e a libertação das pessoas.
O que torna esses elementos geradores de miséria tão fortes, que mantém tanta gente sob controle e tão barato? Até quando a doença emocional de grupos de almas doentes apegadas a valores tão pequenos e superficiais vai manter meu povo escravizado, humilhado?

Medo ...
O medo escraviza.
Dinheiro é apenas instrumento de controle. É chicote e pelourinho.
Poder é o alimento dos abutres.

Que sina, ou karma é esse que me torna tão absurdamente sensível e suscetível ao sofrimento alheio? - Tão bom seria ter mantido a vida inteira minha armadura e simplesmente ser capaz de assistir à dor, ver feridas, mutilações, cortes e chicotadas como simples observadora e deixar tudo passar.

Mas não consigo permanecer em paz, dormir e acordar anestesiada em minha cama macia. Adormeço e as imagens impressas em minha mente me transportam para o vale do Mocha e do Pouca Vergonha. Para as margens do Canindé, do Talhada e do Poti... Sinto a dor da Mãe Terra, atacada pela ganância e inconsciência.
Sinto a dor de cada mãe de Oeiras, com seus filhos perdidos, sem sonhos.
Tanta gente em desespero, ou sem vontade de viver... sem horizontes.
Outros se enganando, agarrados a migalhas de goma tingidas de dourado, enganados e se enganando, espelhados na luxúria e luxo dos poderosos...


A paixão é esse tal sentimento que inebria e faz perceber tudo apenas com o coração. O que permite o amor acontecer é nos tornarmos conscientes do espaço vulnerável dentro de nós. Tão pequenos e frágeis, faltam- nos espelhos.
A partir do amor em compaixão, a consciência se expande e, com ela, possível ver com o coração.

Desapaixonar-se da humanidade talvez seja a meditação necessária.

sábado, 15 de janeiro de 2011

MAIS UM CRIME CONTRA O FUTURO DA HUMANIDADE

O GOVERNO BRASILEIRO CONTINUA COMENTENDO CRIMES CONTRA O FUTURO DA HUMJANIDADE E A SOBERANIA NACIONAL


A CRY FOR THE HEART OF AMAZONIA










O Presidente do IBAMA se demitiu ontem sob forte pressão para permitir a construção do desastroso Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, que iria devastar uma área imensa da Amazônia e expulsar milhares de pessoas.


Proteja a Amazônia seus povos e suas espécies: Assine a petição para Presidente Dilma contra a barragem e pedindo eficiência energética.


OS PARECERES TÉCNICOS DO IBAMA INFORMAM QUE - COMO SEMPRE _ a população não foi devidamente consultada. TODAS AS AUDIENCIAS PUBLICAS DO IBAMA SÂO FORJADAS , conforme depoimento das populações interessadas.


Assine a petição

O Presidente do IBAMA se demitiu ontem devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.

A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.

A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença – ou, se nós nos manifestarmos urgentemente, poderá marcar uma virada nesta história. Vamos aproveitar a oportunidade para dar uma escolha para a Presidente Dilma no seu pouco tempo de Presidência: chegou a hora de colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar. Assine a petição de emergência para Dilma parar Belo Monte – ela será entregue em Brasília, quando conseguirmos 150.000 assinaturas:

https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl


Abelardo Bayama Azevedo, que renunciou à Presidência do IBAMA, não é a primeira renúncia causada pela pressão para construir Belo Monte. Seu antecessor, Roberto Messias, também renunciou pelo mesmo motivo ano passado, e a própria Marina Silva também renunciou ao Ministério do Meio Ambiente por desafiar Belo Monte.

A Eletronorte, empresa que mais irá lucrar com Belo Monte, está demandando que o IBAMA libere a licença ambiental para começar as obras mesmo com o projeto apresentando graves irregularidades. Porém, em uma democracia, os interesses financeiros não podem passar por cima das proteções ambientais legais – ao menos não sem comprarem uma briga.

A hidrelétrica iria inundar 100.000 hectares da floresta, impactar centenas de quilômetros do Rio Xingu e expulsar mais de 40.000 pessoas, incluindo comunidades indígenas de várias etnias que dependem do Xingu para sua sobrevivência. O projeto de R$30 bilhões é tão economicamente arriscado que o governo precisou usar fundos de pensão e financiamento público para pagar a maior parte do investimento. Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.


O CRIME!!!
TUDO JUSTIFICADO E SSSINADO POR TÈCNICOS NOTADAMENTE IRRESPONSÁVEIS E ALIENADOS



Os defensores da barragem justificam o projeto dizendo que ele irá suprir as demandas de energia do Brasil. Porém, uma fonte de energia muito maior, mais ecológica e barata está disponível: a eficiência energética. Um estudo do WWF demonstra que somente a eficiência poderia economizar o equivalente a 14 Belo Montes até 2020. Todos se beneficiariam de um planejamento genuinamente verde, ao invés de poucas empresas e empreiteiras. Porém, são as empreiteiras que contratam lobistas e tem força política – a não ser claro, que um número suficiente de nós da sociedade, nos dispormos a erguer nossas vozes e nos mobilizar.

A construção de Belo Monte pode começar ainda em fevereiro.O Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, diz que a próxima licença será aprovada em breve, portanto temos pouco tempo para parar Belo Monte antes que as escavadeiras comecem a trabalhar. Vamos desafiar a Dilma no seu primeiro mês na presidência, com um chamado ensurdecedor para ela fazer a coisa certa:

parar Belo Monte, assine agora:

https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl


Acreditamos em um Brasil do futuro, que trará progresso nas negociações climáticas e que irá unir países do norte e do sul, se tornando um mediador de bom senso e esperança na política global. Agora, esta esperança será depositada na Presidente Dilma. Vamos desafiá-la a rejeitar Belo Monte e buscar um caminho melhor. Nós a convidamos a honrar esta oportunidade, criando um futuro para todos nos, desde as tribos do Xingu às crianças dos centros urbanos, o qual todos nós podemos ter orgulho.

O QUE DEFENDE O POVO INDÍGENA



S.O.S. XINGU


Fontes:

Belo Monte derruba presidente do Ibama:
http://colunas.epoca.globo.com/politico/2011/01/12/belo-monte-derruba-presidente-do-ibama/

Belo Monte será hidrelétrica menos produtiva e mais cara, dizem técnicos:
http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/04/belo-monte-sera-hidreletrica-menos-produtiva-e-mais-cara-dizem-tecnicos.html

Vídeo sobre impacto de Belo Monte:
http://www.youtube.com/watch?v=4k0X1bHjf3E

Uma discussão para nos iluminar:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101224/not_imp657702,0.php

Questão de tempo:
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2011/01/13/questao-de-tempo-356318.asp

Dilma: desenvolvimento com preservação do meio ambiente é "missão sagrada":
http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20110101161250&assunto=27&onde=Politica

Em nota, 56 entidades chamam concessão de Belo Monte de 'sentença de morte do Xingu':
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/08/26/em-nota-56-entidades-chamam-concessao-de-belo-monte-de-sentenca-de-morte-do-xingu-917481377..asp

Marina Silva considera 'graves' as pressões sobre o Ibama:
http://www.estadao.com.br/noticias/economia,marina-silva-considera-graves-as-pressoes-sobre-o-ibama,475782,0.htm

Segurança energética, alternativas e visão do WWF-Brasil:
http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/posicao_barragens_wwf_brasil.pdf

domingo, 9 de janeiro de 2011

Memória





Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
...
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

Resíduos



Drummond

Postagem de João Gilberto em 8.1.2011 no FB.

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato

sábado, 1 de janeiro de 2011

De quem?


01 Janeiro 2011
A prosa poética de um jovem cronista Matheus Landim
Fisgada do Blog de Luciano Siqueira...



O garoto tinha um quê de problemático. Não sabia quem era. Disse que sonhara uma vez que era um homem sem rosto, "mas com chapéu", que se olhava em um espelho segurando outro espelho, e o espelho refletia o reflexo, muitas e muitas vezes, um de volta para o outro, vai e vem, vai e volta, uma infinidade de mundos dentro de mundos, dois dentro de um, quatro dentro de dois, mundos mudos, internos, refletidos, virtuais, muitos homens sem rosto dentro de si próprios, cada vez menores, interiores, inferiores, todos um homem só, um espelho só, profundo sem fim, limitados pelas molduras. Ele contou esse sonho a um amigo, que se riu. Má escolha, a do amigo. Ele também tinha um quê de problemático. Era um desses matadores de sonhos profissionais, seres ranzinzas facilmente encontrados em todos os lugares, simplórios, pessimistas que se dizem realistas. Mandou-o fazer poesia, talvez uma crônica, visitar um psicólogo. Falou que ele, definitivamente, deveria escrever sobre isso, senão falar. O garotou passou dias sentado em um barquinho de lembranças, tremulando ao vento das memórias, em um imenso, plácido rio de pensamentos. Às vezes ele ficava exausto de tentar pescar uma ideia, e molhava as mãos no rio calmo, só para se distrair com as ondulações de conceitos que se formavam. Um dia, até choveu lógica. Mas nada vinha. Não conseguia nada. Até tentou escrever uma crônica e um poema, mas não era criativo. Ou pensava que não era. Ou não pensava que era. Sentado em um barquinho, ordenado, condenado a escrever crônicas, talvez poemas, como ele iria saber, se só era um homem sem rosto, "mas com chapéu", segurando um espelho na frente de outro espelho? Ficou preocupado. Não era criativo. Agora ele era um homem sem rosto e sem criatividade, nada menos, nada mais, nada nada, nem crônica, nem poema, nem cronista, nem poeta, nada ninguém.