quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Apaixonada: Humanidade, um devaneio.

Notícias de desespero, dor e medo. Incerteza do futuro , fragilidade presente... questiono a mim mesma o que tem me motivado a desistir de tantas conquistas individuais adquiridas para dedicar tantos anos de minha vida ao vale entre colinas. E por que tamanha tristeza que faz doer de saudade cada período de tempo afastada de minha querida Oeiras.

A cada dez dias contados distante, a cada lua cheia, o coração aperta e dói tanto que não consigo conter as lágrimas. Dói de saudade e frustração, dói de saudade e dor pela tristeza dos amigos, dói de frustração da impossibilidade de realizar ações tão simples, que mudariam facilmente o destino de tantos jovens, adolescentes, crianças e idosos - amigos tão queridos, que vejo passar por situações de pobreza física, por vezes emocional, sempre situações impostas por condições de miséria humana.

Fico aqui, do meu canto, a questionar por que a mesquinhez, a necessidade egocêntrica de manter controle e poder são agentes geradores de miséria que freiam o crescimento e a libertação das pessoas.
O que torna esses elementos geradores de miséria tão fortes, que mantém tanta gente sob controle e tão barato? Até quando a doença emocional de grupos de almas doentes apegadas a valores tão pequenos e superficiais vai manter meu povo escravizado, humilhado?

Medo ...
O medo escraviza.
Dinheiro é apenas instrumento de controle. É chicote e pelourinho.
Poder é o alimento dos abutres.

Que sina, ou karma é esse que me torna tão absurdamente sensível e suscetível ao sofrimento alheio? - Tão bom seria ter mantido a vida inteira minha armadura e simplesmente ser capaz de assistir à dor, ver feridas, mutilações, cortes e chicotadas como simples observadora e deixar tudo passar.

Mas não consigo permanecer em paz, dormir e acordar anestesiada em minha cama macia. Adormeço e as imagens impressas em minha mente me transportam para o vale do Mocha e do Pouca Vergonha. Para as margens do Canindé, do Talhada e do Poti... Sinto a dor da Mãe Terra, atacada pela ganância e inconsciência.
Sinto a dor de cada mãe de Oeiras, com seus filhos perdidos, sem sonhos.
Tanta gente em desespero, ou sem vontade de viver... sem horizontes.
Outros se enganando, agarrados a migalhas de goma tingidas de dourado, enganados e se enganando, espelhados na luxúria e luxo dos poderosos...


A paixão é esse tal sentimento que inebria e faz perceber tudo apenas com o coração. O que permite o amor acontecer é nos tornarmos conscientes do espaço vulnerável dentro de nós. Tão pequenos e frágeis, faltam- nos espelhos.
A partir do amor em compaixão, a consciência se expande e, com ela, possível ver com o coração.

Desapaixonar-se da humanidade talvez seja a meditação necessária.

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