quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cordel do Ano Novo


Queridos amigos e visitantes. Este espaço tem sido nosso melhor meio de expressão.
Agradeço a todos pela companhia carinhosa.
Que sejamos MAIS no novo ano!
Compartilho com vocês esta mensagem que acabo de receber do Sam.
Meu carinho a cada um!















Cordel do Ano Novo



Festival do Ano-Novo
Desde a antiguidade...
Na velha Mesopotâmia:
Foi grande festividade...
Nos meus tempos de criança:
Festejei a novidade...


2.000 a.C:
Começou o Festival...
Na antiga Babilônia:
Foi festa primordial...
Equinócio da primavera:
Lua Nova magistral...


Festejava-se em março:
Era festa de primeira...
O povo aproveitava:
Sacudia a pasmaceira...
Saudava o Sol nacente:
Depois da noite festeira...


A 23 de setembro:
Ano-Novo celebrado...
Pérsia, Assíria, Fenícia:
No Egito... Sol adorado...
Na Grécia em dezembro:
Era bem comemorado...


Na Roma antiga o festejo:
No mês de março era dado...
Depois passou a janeiro:
Por ser Jano cultuado...
Há muito tempo o Ano-Novo:
Pelo povo é celebrado...


Em 153 a.C:
O ano-novo romano...
A festa consolidou-se:
No calendário juliano...
Dia 1º de janeiro:
Calendar gregoriano...


Em 25 de Março:
Era o ano festejado...
Chegava a primavera:
No mundo do outro lado
Até 1º de Abril:
Novo ano cultuado...


Gregório XIII instituiu:
O 1º de Janeiro...
Hoje é comemorado:
No Ocidente inteiro...
Até mesmo no Oriente:
Já é ato costumeiro...


Mudou-se o calendário:
O povo festeja a mil...
Resquício da tradição:
O 1º de Abril...
É o Dia da Mentira:
Na Europa e no Brasil...


Na noite de São Silvestre:
O povo fica acordado...
Para a virada do ano;
É preciso estar ligado...
Nessa noite não se dorme:
É costume consagrado...


O Ano Novo chinês:
É móvel no calendário...
Em janeiro ou fevereiro:
Li no Perpétuo Lunário...
Luzes...Pirotecnia:
Fluem do vocabulário...


A 19 de março:
Do calendário atual...
Ano-Novo esotérico:
De cunho espiritual...
Resgata a tradição:
Do tempo imemorial...


Hégira... Rosh Hashaná:
Buda...Moisés...Maomé...
Cristo Jesus em Belém:
Menino de Nazaré...
Harmonia para Gaza:
Menos bomba, mais café...



Pé de porco e lentilha:
Gritar, correr e dançar...
Bombons, balas e doces:
Festejos a beira mar...
Oferendas para os santos:
Fogos explodem no ar...


Pra você tudo de bom:
Saúde...Felicidade...
Novo ano de harmonia:
Luz...Solidariedade...
Paz...Amor e Alegria:
Sucesso...Fraternidade...


Espantem os maus espíritos:
Chega de insanidade...
Viva-se a comunhão:
Basta à barbaridade...
É hora de união:
Paz, amor e liberdade...


Fogos e oferendas:
E gritos de alegria...
Chega de guerra e terror:
Fome, ódio, hipocrisia...
Paz e amor para todos:
Saúde e sabedoria...


Belos fogos de artifício,
Abraços e buzinada...
Sonhos e esperança:
Nossa alma renovada...
Pelo fim da violência:
Paz e amor na jornada...


Abraçe, beije, comemore:
Faça a renovação...
Troque a roupa, os lençois:
Alivie a tensão...
Sorria e se ilumine:
Faça uma boa ação...


10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1:
A contagem regressiva...
Um adeus ao ano velho:
Viva a vida progressiva...
Sem guerras e atormentos:
Consciência reflexiva...


Um Ano-Novo de luz:
O novo sol vai brilhar...
Que tudo se concretize:
Possa tudo melhorar
Multiverse o dia-a-dia:
O novo ano vai raiar...

Feliz Ano-Novo...

Gustavo Dourado
www.gustavodourado.com.br

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sem palavras...

Imagina...
Tom Jobim ( opus no.1)
Piano de Marcos Nimrichter.

era a palavra, portanto

era para dizer
apenas a palavra
mais simples, a palavra
...pura, a palavra seca,
dizer como se diz

que está com fome,
dizer do jeito
quando se quer
pedir licença,

dizer apenas o que
era pra ser dito e pronto:

a palavra-pólvora,
a palavra-prisma,
a palavra-pérola,
palavra pronta,
prestes a dizer

por si o que quer
ser dito, a dizer
tudo como deve,
tal faz o silêncio.

era para dizer
que o amor vem
descendo as ribanceiras, que vem
sôfrego
por entre as mil e umas trincheiras, que vem
trôpego
rolando pelass cáries das ladeiras, que vem

em transe
suspirando,
surpreendendo-nos e
superando-nos,
supondo-nos invencíveis

em um só ponto. era a palavra
por dizer

a fala dos sem alicerces,
dos que provêm
de preces e
pressas e,
às vezes, cala.

porque
era a palavra cara
à face, à coragem
de dizê-la, a palavra
dos arrependidos,
dos que estão dentro

do círculo dos sentidos,
a palavra
sem exatidão,

a da feira,
a da folga,
a da fuga,
a da festa,
a palavra

que se culpa,
a palavra
que se cospe,
a palavra
que se digere como coração.
ou não.

a palavra-pedra.
a palavra-ponte.
a palavra-pranto.
a palavra-pênsil...

depois
não seria preciso dizer
coisa alguma.

como criar a palavra
inaudita? como forjá-la
sem que alma se sinta
ferida? como forçá-la
pela raiz
a sair do vernáculo

para expressar o
que sinto, sem tanto embaraço?

dizer então o
que era pra ser

ao primeiro impulso primitivo?
e por isso fixar e
fincar o possível
dentro

de qualquer vínculo
previsível? era

pra dizer a palavra- espaço...
aquela dada
feito abraço: portanto,

sem dizê-la,
beijo o seu abraço-semântico e
abraço o seu
beijo-sintático. curto-

colapso.
lápis sem voo


Adriano Nunes

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

controvérsias, contonos e conchavos

Oru am Sudá

Adriano Nunes


meio-dia.
telefone desligado.
trânsito entrando sobrando
no cérebro,
calor,
vontade
de
sair correndo, dizer
o que
era pra ser dito,
esquecer
o quanto já tinha ouvido,
querer mesmo um
fim

de semana, um dia
pra rever-
ter tudo em
bel-prazer...
mas por que esse pensamento
perigoso,
cisma clínica sexto sentido
intuição,
ciúme, ridículo
arquétipo de
distração
resolveu dar as cartas,
feito diabinho
soprando, na orelha,
o conselho,
a controvérsia,
a centelha
pentelha... a regra
afinal?

e o momento
suspenso-suspense supreende-me
de tal forma
que a vida deforma,
que o real
desbota-se...
enquanto calculo
a margem de erro
do engano:

o amor
é amor e
sem cláusulas,
contrato (esqueçamos
as fissuras,
as loucuras,
as brigas mais duras,
os vexames!)
o amor é
(um desacordo?)
exato.

Adriano Nunes

O ódio do Bobo da Corte

Última Hora


06-12-10
O ódio do Bobo da Corte

Arnaldo  Jabor não chega a ter o brilho de um Nelson Rodrigues ou de um Carlos Lacerda,  mas defende bem o script  da Direita Brasileira, fazendo-se de bobo da Corte Global o que lhe permite dizer qualquer coisa, por conta da irreverência.
Não é que o pobre Jabor e a acanalhada Direita Brasileira odeiem o Lula pelo que ele é. O ódio é pelo que Lula representa E ele representa o Brasil que finalmente deu certo. O mulato que não acha importante falar  inglês (já houve tempo que parecia  que não poderíamos respirar se não falássemos francês) e não vive  animalescamente, apenas para um dia levar seus pobres rebentos à  Disney Word, fazendo, de passagem, suas comprinhas em Miami.
Um mulato boêmio, malemolente, que  não acha tanta graça assim nesses Beatles, e não sabe o que é  é Pop. E o que é Pop? Mulato empreendedor e indomável que construiu uma das maiores, mais generosas e respeitadas potências do Planeta. Um mestiço sem raça, graças a Deus, e que troca esse tal de  Sting (o que é Sting?) pela Calcinha  Preta devidamente misturada com o Luar do Sertão.
Há noventa anos, Lima Barreto, um dos maiores escritores brasileiros, internou-se num hospital para tratamento de doenças mentais que existe até hoje no Engenho de Dentro (Rio). O médico que o atendeu uma anta preconceituosa de classe média, igualzinha à que existe até hoje e que poderia chamar-se Jabor, escreveu na ficha: “Mulato, alcoólatra, aparentes quarenta anos. Diz que é escritor”.
E Jabor, aquele médico preconceituoso atualizado, descreve Lula: mulato, cachaceiro, malemolente, pensa que é estadista e que vai continuar influindo. E vaticina: “Nada disso, Lula. Vá para casa e tome sua pinguinha serena, ao lado de dona Marisa”.
O coitado do Jabor, como o médico idiota que examinou Lima Barreto, não consegue ver que Lula é estadista sim e não vai para casa, não. Vai continuar influindo e viajado pelo País, pelo Mundo e, principalmente, pela América Sul, onde consolidará aquilo que transformou-se no verdadeiro projeto de sua vida: a construção da União Sul-Americana, a Pátria Grande.
Jabor, Lacerda e Nelson Rodrigues não entendem isso. Não entendem que o Brasil e esse mulato sem curso superior podem dar certo. Eles e nossa ridícula classe média alienada carregam a herança cultural dos senhores de engenho e dos fazendeirões do café.
 Seu raciocínio síntese é o do “complexo de vira lata”. Mas eles se colocam fora disso. Acham que o complexo é só da negrada e dos mestiços sem rumo e sem prumo na vida. Eles não, eles se consideram iguais aos europeus e americanos: vestem a mesma roupa, comem a mesma comida  e curtem a mesma música. Entretanto, no fundo, eles são vassalos e, como diz o Chico Buarque, falam grosso com os bolivianos e fino com os americanos. Gentinha da pior qualidade.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Analfabeto Político...



"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."
Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence."

...
Bertolt Brecht

sábado, 20 de novembro de 2010

NEGRO

Viajantes....
Aqui encontraram vida
Aqui encontraram flores
Aqui encontraram ouro
E ...com batismo de sangue
Aqui implantaram crença
Em louvor ao Deus Clemente
Nos pelourinhos da morte
Tanto sangue derramado
Pra mão-de-obra barata
Índio e negro escravizados.
Caçados como animais
Filhos arrancados dos pais
Se o negro não tinha alma
negro não era gente
Se negro não era gente
Era então mercadoria
Mas foi no pranto do desencanto
Que o negro aprendeu cantar;
Mas foi na penumbra da senzala
Que o negro aprendeu sambar;
Mas foi na raça da negritude
Que o negro aprendeu lutar.
São três histórias
Neste grande continente
Uma bem antes de chegarem
E a segunda cinco séculos de invasão
E a resistência índia, negra, popular.
E a terceira é que vamos construindo
Pra destruirmos a raiz de todo mal.
O grito negro de ZUMBI
Vem Lá dos Palmares
Em novos tempos
Pra romper a tempestade
Já com trezentos anos que se passaram
Ainda se ouve o eco necessário a ecoar
Liberdade, liberdade, liberdade!!! (autoriaJP)
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

COISAS DO MILLÔR

Apenas constatando a constatação que o PT nos oferece: o caminho mais curto entre a ideologia e o poder é a corrupção.

domingo, 24 de outubro de 2010

MANIFESTO POPULAR

Diante da profunda indignação pelo processo político e total desrespeito aos cidadãos e á Constituição Brasileira nas eleições de 2010 , sentimo-nos uruspados, desrespeitados, humilhados, dominuidos, atingidos, agredidos, ofendidos em nossa consciência, condição humana e de vida.

É urgente empreender profunda mudança em nosso país.
Não podemos mais esperar que a classe política se torne consciente e passe a respeitar o povo.
Temos sido traidos a cada 2 anos.
Não aceitamos mais tamanha irresponsabilidade.

REFORMA POLÍTICA E NOVA LEI ELEITORAL JÁ!

IMEDIATAMENTE
A democracia brasileira pelo

VOTO LIVRE
PARLAMENTARISMO
FIM DO VOTO DE LEGENDA
NOVA LEI DE LICITAÇÔES E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
TRANSPARÊNCIA
CONTROLE DOS INVESTIMENTOS ESTATAIS EM MÍDIA E CONSEQUENTE FIM DO CONTROLE ECONOMICO DA IMPRENSA

Pelo

FIM DA COMPRA DO VOTO
FIM DO NEPOTISMO
FIM DO APARELHISMO PÚBLICO
FIM DAS LICITAÇÕES FRAUDULENTAS

Pela

DEMOCRATIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
IMPRENSA LIVRE
MIDIA INDEPENDENTE
RESPEITO AO BEM PÚBLICO
RESPEITO AO CIDADÃO
RESPEITO Á CONDIÇÃO HUMANA.

sábado, 23 de outubro de 2010

AO MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA



“Foi muito importante a presença da Marina. Porque ela evidentemente que desviou votos da candidata do Presidente da República. E com isso possibilitou uma coisa muito importante que foi o segundo turno. Eu acho que o segundo turno é o turno em que a democracia realmente aparece. Na disputa dos candidatos e na qualidade do discurso dos candidatos. Essa agressividade, especialmente a agressividade da candidata Dilma, que se apontou na primeira discussão entre os candidatos, isso eu acho que não leva absolutamente a nada. Ao contrário, eu acho que isso descaracteriza os candidatos que perderam. Aqueles que agem dessa maneira perderam o norte das discussões do segundo turno”.


Querido Hélio!

Prezados senhores!

A intelectualidade brasileira deixou de pensar em filosofia, ideologia para vivenciar, sequer filosofia política para atuar num processo político egocêntrico – ou grupocêntrico - de batalha pelo poder e aquisição de vantagens.

Não estamos passando por uma eleição mas um leilão.

O que estamos presenciando não são debates políticos.

Nenhum dos candidatos em disputa demonstra seriedade nem verdade.

O que a mídia nos tem apresentado são fantoches pintados, travestidos e maquiados para vender produtos sem identidade e completamente vazios.
Compreendo que a proposta política envolve esses acertos, acordos e estratégias que fazem com que todos vocês apresentem milhões de justificativas para seus posicionamentos partidários.

Infelizmente, todos os posicionamentos defendem a democracia vislumbrando a defesa de suas idéias e interesses acima de seus ideais.
Para mim, a presença da Marina Silva e sua candidatura construíram uma nova situação política. Apesar de ter sido colocada como o objetivo óbvio de possibilitar o segundo turno e desafiar o poder instituído pelo claro aparelhamento do Estado PTista, o tiro – podem estar certos – abriu uma clareira em nosso País.

Assim como eu, Paulina e Neto ( que já se pronunciaram neste blog) há muitas pessoas que acreditam que política é coisa séria e uma prestação de serviço à sociedade e – principalmente - pode ser feita pela defesa de IDEAIS acima da defesa de INTERESSES e IDÉIAS. Muitos, pela discussão claro e óbvia que a Marina desencadeou, passamos a compreender o posicionamento político administrativo e ideológico do PT e de seus Partidos - partidos e divididos em grupos com interesses exclusivos e exclusos.

Sou PV por que tenho convicção de que o mundo precisa de uma postura ambientalista séria. Sem isso não haverá possibilidade de libertação nem sobrevivência para ninguém. Isso não pode ser tomado como mais um instrumento de manipulação eleitoreira, como o PT fez com a FOME, a MISÉRIA, a EDUCAÇÃO e a SAÚDE.

O poder e o egocentrismo enlouqueceu e corrompeu até os intelectuais que considerávamos conscientes e fiéis a seus ideais.
Não há diamante de mina encontrada no Piauí que vá valer tostão diante de toda nossa água subterrânea poluída e nossas matas devastadas.

Não há milhão de pré-sal que valha nada diante de gente pobre e doente e ignorante e desasistida.
Nem pose de poderosa, ou de santo bem-feitor e equilibrado, nem pose de santa defensora da natureza poderão mais inebriar a consciência de muitos brasileiros.

Não somos 20 milhões, mas alguns milhões somos sim.
O controle que vocês impuseram à imprensa e à mídia não poderá ser mantido por muito tempo.

O futuro virá.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Existe democracia sem oposição?

Publicado em 21.10.2010

Roberto Magalhães (*)


Para alterar a Constituição é exigido o quorum mais qualificado de aprovação, tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados. Para que isso ocorra, são necessários 3/5 dos votos de todos os parlamentares, o equivalente a 60% dos 81 senadores e dos 513 deputados.

Levando em conta os dados da introdução acima, constatamos que, ao fim do primeiro turno, realizado no último dia 3, a coligação de apoio à candidatura de Dilma Rousseff elegeu, para a próxima legislatura, 45 senadores e 383 deputados, ou seja, 67% dos senadores e 74% dos deputados. Isso permite, com folga e sem qualquer participação da oposição, aprovar, não apenas reformas da Constituição, mas qualquer outro tipo de reforma.

Essa situação será sempre uma ameaça à liberdade dos cidadãos e das instituições democráticas.

A eleição do novo presidente da República, contrariando as pesquisas, não se confirmou no primeiro turno. A transferência da decisão para o segundo turno, muito benéfica para o País, provavelmente se deu em razão de o eleitor, sentindo-se indeciso - até pelo recente caso de tráfico de influência que envolveu a ex-ministra Erenice Guerra -, exigir maior tempo para reflexão.

O que justifica essa necessidade de reflexão?

O mote principal da campanha da candidata Dilma é a continuidade do Governo Lula e acredito que o eleitor despertou para o perigo que essa continuidade pode representar para a democracia.

É bem verdade que o País conseguiu reduzir os níveis de miséria e de desemprego e que a economia encontra-se confortável, apesar de a crise mundial ainda subsistir. Mas isso não poderia ser diferente, uma vez que o governo Lula, além de encontrar um ambiente extremamente favorável para a economia mundial, teve o bom senso de manter e ampliar as políticas de distribuição de renda (bolsas), de combate à inflação (Plano Real) e de controle das instituições bancárias (Proer) entre outras, cujas bases foram construídas antes do seu governo.

E a continuidade do governo Lula proposta pela candidata Dilma Rousseff? Certamente, o eleitorado também está refletindo sobre essa promessa que envolve, entre outros objetivos, a descriminização ou liberação do aborto e o controle ou amordaçamento da imprensa pelo governo. Agora, não faltará quorum no Congresso Nacional (Câmara e Senado) para tanto.

O que aconteceu recentemente na Casa Civil com a ex-ministra Erenice Guerra - braço direito da candidata Dilma e por ela indicada para o cargo - nada mais é do que a continuidade do que aconteceu com o então ministro José Dirceu, na mesma Casa Civil (caso Waldomiro Diniz). Diante disso, cabe perguntar: o eleitor também vai concordar com essa continuidade?

O lado autoritário do presidente veio à tona de outra forma, em Joinville (SC), onde externou seu desejo de exterminar o Democratas (DEM) do cenário político nacional. Esse destempero aproxima Lula de personagens nada democráticos, como Ahmadinejad, presidente do Irã, e Chaves, presidente da Venezuela.

Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, relator da Declaração de Independência daquele país, então integrado por treze Colônias, em 1776, entre outras lições nos ensinou que "o preço da liberdade é a eterna vigilância".

Vigilância que é dever de todos, mas sobretudo de um Legislativo que seja independente e altivo e da imprensa livre.

» Roberto Magalhães, deputado federal, foi governador de Pernambuco e prefeito do Recife

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ADIVINHA QUEM È O ALI BABÁ


UM PELO OUTRO.. NÂO TEM TROCO!!
PENA QUE O VEREZA AINDA NÂO HAVIA ESTADO COM MARINA. MAS O POSICIONAMENTO QUANTO AO LULA VALE A PENA CONHECER.

Durante entrevista ao "Programa do Jô" da Rede Globo ( 3 de maio de 2006) , o ator Carlos Vereza se mostrou indignado com o que considera a "esquerda estérica" que assumiu o poder. Afirmou que o ex-prefeito José Serra integra a "verdadeira esquerda, aquela que não é a viúva do Muro de Berlim", enquanto Lula é "uma invenção da USP, da UNICAMP, e das comunidades eclesiásticas de base com o aval do falecido Golbery de Couto e Silva", General de grande influência política durante o Regime Militar, e que foi chefe do gabinete civíl durante o governo de Ernesto Geisel. Ressaltou ainda que se antes Lula era considerado "um grande líder metalúrgico", hoje "transformou-se na glamurização do apedeuta, da ignorância".

O analfabeto Politico - Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
Do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
A política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
O menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Nada é impossível de mudar
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
Hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
Sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
De humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
Nada deve parecer impossível de mudar."

O preço da dignidade

Sou uma Tapety, e me candidatei ao cargo de Deputada Estadual pelo Piauí. Não aceito certos posicionamentos político-administrativos em minha cidade, em meu Estado, no Brasil. Nepotismo, clientelismo, fisiologismo, centralismo autoritário e aparelhismo têm sido marcas dos governos brasileiros. Tudo pela manutenção do poder!  Visitei outros lugares pelo mundo. Conheço o Piauí inteiro. O Brasil tem condições de ser melhor que a maioria deles. Nós podemos muito mais. O mundo quer investir no Piauí, mas os políticos querem que permaneçamos na miséria. Esperar por cada eleição para aparecer fazendo favor. O povo brasileiro aceitou o condicionamento e preferiu se acomodar à festa e à mentira. Prefere contentar-se com as migalhas que os poderosos derrubam de suas mesas gordas e ricas.
E esses maus elementos têm usado a miséria que ele próprio ajuda a manter e, através dela, se mantém confortáveis em suas ricas mansões, carrões e aviões. Sobrevoam seus currais e do alto, nem precisam sentir o suor, a sede, a melancolia conformada de tanta gente sofrida.
Voltei para casa a sonhar meu Brasil Justo. Vislumbrei grandes projetos e grandes sonhos: desenvolvimento sustentável para o semi-árido, com respeito ao patrimônio ambiental e à nossa gente; parcerias internacionais e possíveis grandes investimentos de pessoas fortes em consciência ecológica e cuidado com o Planeta Terra.
Conheci uma sociedade de voto livre e independente.
Sei que é possível, por que o mundo está acordando.
Sonho política descente também para o Brasil.
Queremos uma sociedade justa. Direitos iguais.
Oportunidades iguais para todos.
Educação nos levará a isso.
O Piauí é um Estado rico e já foi vendido baratinho. O Brasil tem sido vendido baratinho. Temos sido roubados em nossa dignidade, em nossas riquezas desde o descobrimento. Cada novo poder que se estabelece espolia mais e pior. Não podemos permitir tantos absurdos. Negociações de bastidores para aprovação de investimentos e recursos, negociação de propinas e participação em lucros ou sobras de "caixas dois" é o que tem sido feito. Todo brasileiro sabe.  Não consigo fechar os olhos para esta condição de iniquidade. Quero política séria. Exijo seriedade. É isso que defendo.
Não é possível que tanta corrupção permaneça impune. Todos os sinais claros de corrupção em todos os níveis governamentais e todo o processo político brasileiro são uma vergonha para este país. Reeleição dos mesmos grupos que usam a máquina administrativa são uma afronta à nossa inteligência. Presidente como garoto propaganda de candidatos, governadores usando toda a máquina e apoiados pelos seus grupos econômicos transformaram a elite governista numa “Cosa Nostra Brasileira”.

A organização construída em rede de corrupção em todos os níveis e órgãos governamentais compram gente simples e compram ambiciosos. A dependência construída com a manipulação imoral da pobreza através da distribuição vergonhosa de bolsas-esmola e propaganda maciça dos programas populistas governamentais denotam claramente a intenção enganadora e ilusória de manutenção do poder a qualquer custo. As pessoas são tratadas como um simples número no título de eleitor e servem apenas para justificar os desvios de dinheiro, desvios de conduta, sérios desvios éticos.

A fome, a miséria, a moradia, o abandono e a doença - reflexo da sonegação aos direitos sociais assegurados pela Constituição – são utilizados para compra e manutenção do poder. Vi muita coisa triste , total abandono durante os últimos 60 dias de peregrinação pelo Piauí.
Nossas riquezas têm sido negociadas de forma exclusa. Não podemos aceitar que o Piauí inteiro seja rateado entre grandes empresas multinacionais que se encarregam até os próximos 30 anos, de dizimar nossa fauna, acabar com nosso bioma e transformar nosso Estado, de Parnaíba à Corrente, em grandes desertos ou imensos panos monocultores sem qualquer preocupação com as novas gerações. Poti, Parnaíba , Canindé foram vendidos e devastados. 
Mesmo nosso pequeno Mocha - berço do Piauí – tem sido extinto deliberadamente. Por total falta de consciência e falta de respeito à história, à cultura e aos referenciais mais cultuados pela comunidade que o margeia. As áreas que devem ser tratadas como parque ambientais urbanos estão sendo ainda mais agredidas com grandes obras, como se todo o Vale entre Montanhas de Oeiras tivesse que ser totalmente devastado rápido e avidamente. Oeiras tem um imenso potencial de desenvolvimento: morros lindos e pontos turísticos maravilhosos dentro da área urbana, mas não tem recebido o devido respeito. Os morros e riachos estão sendo invadidos e depredados. Já fomos celeiro de escravos, celeiro de gado de corte, caprinos. Cajus, carnaubeiras e agricultura já são patrimônio nosso. Nossa gente pode muito mais. Cultura e educação cultivadas serão os elementos de libertação real de todo o Piauí. Do  Brasil.

Esse é o Brasil que não se vê na  TV: gente esquecida em locais tão remotos, sem acesso ainda à civilização ou qualquer cuidado social. Gente em miséria absoluta nas periferias das grandes e pequenas cidades.
Os lixões são transferidos de um local para outro sem qualquer responsabilidade ambiental. Ao invés de gerar zonas de interesse social e promover diminuição da desigualdade através da valorização do solo urbano e da vida, todas as ações administrativas buscam apenas transferência de riqueza entre os mesmos poderosos  com maior empobrecimento do povo já empobrecido.
As nossas cidades precisam ser planejadas. Todos os desmandos estão causam danos irreparáveis. A sociedade, a cada dia mais se deteriora. Toda a violência, drogas, prostituição e condição de miséria decorrem da nossa irresponsabilidade, cegueira ou omissão. Não há poder  capaz de deter a degradação pelo sofrimento.
As decisões de grandes investimentos precisam ser tomadas com ampla discussão pública e pacto social. Pareceres técnicos devem ser  consultados e respeitados. Não é possível que, em pleno século XXI, diante de tanta modernidade, a nossa administração pública continue sendo feita como negócio de família. Os poderosos enriquecem e se mantém confortáveis em sua rica marginalidade. Os demais jamais terão chance. Mas a sociedade se rebela e um dia se revela. Desde o morro, ressurge da lama em que é jogada e toma, mata, se revolta. Isso é construído pelo poder. Não há  polícia nem lei capaz de conter tanto sofrimento reprimido.

Grande parte da população abaixo da linha de pobreza vem sobrevivendo das migalhas de esmolas governamentais. São os eleitores que mantém seus legítimos representantes no poder e precisamos exigir dignidade: emprego com salário digno. Oportunidade para todos e não para alguns apenas. Ajuda de custo não é salário! Em nosso país, fome e miséria são argumento de barganha de voto. Institucionalizar essa condição é crime, roubo, manipulação suja.

A educação e saúde pública de qualidade são direito de todos e não favor. Não admito que se continue fazendo do sistema público de saúde uma forma de controle eleitoreira. Isso é imensa falta de respeito à nossa condição de humanidade. Não se pode tolerar o desrespeito total aos professores – os maiores responsáveis pela grande revolução social. Conhecimento e consciência são os grandes agentes de transformação.

Tenho certeza de que política pode ser séria e responsável. 
A vida pública é prestação de serviço nobre. 
É possível fazer direito. Basta pensar no coletivo e trabalhar com seriedade.
 As mudanças ainda não acontecem por que o poder estabelecido não aceita nem permite a libertação que sonho para meu povo.
A escravidão continua.
O medo domina e escraviza tanto quanto o dinheiro e o poder.
Humilhação permanente reduz os seres humanos a objetos de manipulação ou um simples número no título de eleitor.
Os altos gastos de dinheiro em campanhas eleitorais milionárias demonstram o volume do desvio que enriquecem alguns e mantém a maioria muito pobre. Isso precisa continuar a ser fortemente combatido. É falta total de responsabilidade social! Total desrespeito ao ser humano! E pior: ainda na desculpa de caridade e cuidado com a pobreza. Isso é uso da condição de miséria e doença para barganha de voto. Maior a decepção, mais forte e vivo permanece o sonho.
Lideres governistas afirmam que todo este posicionamento se deve a ignorância política. Quem “não assina a carteirinha, não tem chance!”. Nessa afirmação fica claro objetivo de manipulação e desvio de conduta que o levaria ao poder e instituição de nova rede nepotista  e clientelista onde toda sua família  e financiadores se beneficiam dos desmandos disfarçados de obra social pela qualidade de vida. Os governos federal, estadual e municipal, deliberadamente, incharam a máquina pública com os comissionados e terceirizados com o objetivo único de construir uma maquina de controle e empreguismo baseado nas fichas de carteirinha, sem qualquer compromisso profissional.  Não se pode tratar a entidade pública como serviço de fundo de quintal.

Máquinas fenomenais para manter ascensão de corruptos e novos corruptores asseguram o poder aos grupos ascendentes. Isso é um ciclo vicioso sem fim. Isso que temos vivido sei que, intimamente, ninguém aceita. Apenas se sujeita, por medo ou conveniência.
É difícil admitir condição de escravidão e miséria.
Isso assusta.
Continuo a defender o profissionalismo na administração pública! Jamais pude participar de concursos públicos para minha categoria. Isso nem poderia ser questionável, mas sim, ser fato normal e corriqueiro. É questão ética e moral a promoção permanente de concursos e licitação para projetos arquitetônicos e todos os projetos de interesse social. Questão de justiça, isso precisa ser promovido pelo Governo e órgãos competentes para esta finalidade.
Decisões quanto ao uso do espaço público precisam ser tomadas com participação social real.
É doloroso o total desrespeito à cultura popular, à juventude e ao direito de nossos jovens crescerem com acesso à conhecimento, formação e informação sérios. Jovens deixados na rua tem se tornado, a cada dia, alvo fácil do tráfico de drogas, prostituição e pedofilia. Marginalizados pela sociedade corrupta e corruptora, são vítimas da podridão que o jogo político do poder mantém, com a justificativa de que para manter o poder, tudo vale. Povo que não respeita suas riquezas, sua gente, sua história jamais poderá conquistar respeito algum.
Acredito no Piauí.
Acredito nos piauienses.
Acredito no Brasil.
Nossa sociedade está em fase de evolução e mudança.
Todos esses mitos estabelecidos e os novos ricos do poder hão de cair.
A sociedade reagirá e se levantará contra tudo isso.
Culpa judaico-cristã, medo, divisão e cobiça podem muito pouco diante da verdade, quando a miséria se estabelece em nível físico e moral. Ferem a alma de forma irremediável.
Tenho dado minha contribuição e semeado um campo maravilhoso e os frutos hão de vir. Utilizei a tribuna eleitoral para manifestar minha indignação pela forma suja como a política brasileira tem conduzido o destino de seu povo. As batalhas pelo investimento em educação pública de qualidade, pela valorização da ética, moral, respeito e amor à condição humana continuarão: através de mim e de alguns que conseguiram receber minha mensagem.
Sonho nossa gente livre.      
Sonho nosso Piauí forte e desenvolvido, íntegro e promissor também para nossos netos. Sonho o Brasil integro e respeitado.
Sonhamos juntos, acontece.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

...

A liberdade não tem trancas...
É porque não é porta, nem janela! 
Liberdade é caminho.

domingo, 26 de setembro de 2010

QUANTO AO EUCALIPTO 1


Rede Alerta Contra o Deserto Verde
O pacto da Rede Gazeta de Comunicações com a empresa Aracruz Celulose

 Carta Denúncia

 Esta carta tem o objetivo de denunciar a parcialidade explícita da Rede Gazeta de Comunicações no tratamento da polêmica questão da expansão das plantações de eucalipto no Estado do Espírito Santo, em favor da empresa Aracruz Celulose S.A. Tal medida dos movimentos sociais capixabas e de estados vizinhos, protagonistas da Rede Alerta contra o Deserto Verde, se justifica pelo acúmulo de procedimentos eticamente condenáveis encampados pela referida empresa de mídia.
 De um lado, a Rede Gazeta utiliza-se de instrumentos de censura, não publicando matérias sobre as manifestações contestatórias, que questionam a legalidade dos processos de licenciamento dos programas de fomento florestal e de ampliação da Aracruz, bem como denunciam os impactos ambientais, sociais e econômicos, resultantes da monocultura do eucalipto no estado. De outro lado, a Rede Gazeta tem privilegiado matérias que apresentam apenas a defesa dos interesses da Aracruz Celulose, chegando ao cúmulo de publicar opiniões próprias sobre o assunto, desqualificando tecnicamente a posição dos movimentos contestadores, sem abrir espaços suficientes para respostas dos leitores atacados.
É certo que a Aracruz Celulose constitui uma das maiores anunciantes da mídia local. Isso poderia justificar a posição de uma empresa de mídia que visa lucros a partir de anúncios pagos. Entretanto, não podemos nos calar diante de tamanha afronta à ética jornalística e à falsificação dos acontecimentos, principalmente, quando se trata de fatos de tão graves repercussões ecológicas, econômicas e sociais.
 Com sua postura, a Rede Gazeta busca conseguir mais uma vez, de forma antidemocrática, calar a boca de milhares de famílias e dezenas de entidades, movimentos, pastorais, sindicatos, pastores, bispos, etc., que podem mostrar para ela que o eucalipto, além de inúmeros outros impactos negativos, gera muito menos emprego e renda que o plantio de alimentos na agricultura familiar.
 A Rede Alerta contra o Deserto Verde elabora documentos, com números e análises, resultados de nossos estudos e pesquisas. Já foram enviados vários de nossas elaborações para o Jornal A Gazeta, que tem feito questão de nunca mencionar sequer um desses documentos, além de afirmar que nós somos mal informados e atrasados. Ora, uma imprensa que somente acredita, de forma cega, nos números de um lado de uma disputa, representando inclusive uma pequena minoria, está manipulando as informações em vez de investigar a realidade. E isso é extremamente perigoso para os interesses do conjunto da sociedade.
 Um exemplo nítido dessa posição da Rede Gazeta se manifesta na decisão desta empresa de mídia de não cobrir as sessões da CPI da Aracruz Celulose que tramita na Assembléia Legislativa desde o início do mês de abril/2002. As sessões da referida CPI estão ocorrendo com regularidade todas as terças-feiras, no horário da manhã, com início às 10h30min., porém não têm sido acompanhadas por repórteres da Rede Gazeta. Inclusive, no caso do depoimento do representante da Aracruz Celulose, Sr. Luciano Lisbão, também não compareceu qualquer repórter da GAZETA. Este Sr. foi convocado para depor, exatamente por ter provocado grande polêmica ao denunciar um suposto envolvimento de uma ONG da Rede Alerta contra o Deserto Verde com financiamentos de empresas européias concorrentes da Aracruz
Celulose, numa entrevista na Rádio CBN-Vitória, uma das emissoras da Rede Gazeta. Essa entrevista do Sr. Lisbão foi repercutida no Jornal A Gazeta, mas em seu depoimento à CPI, o depoente declarou não ter provas de sua denúncia, que inclusive teria sido proferida no calor emocional da entrevista. Entretanto, nem os leitores de A Gazeta, nem os ouvintes da própria Rádio CBN-Vitória ficaram sabendo da nova posição do ilustre entrevistado, pois, mais nada foi publicado na Rede Gazeta sobre o assunto.
Ficamos profundamente indignados com o brutal assassinato do jornalista Tim Lopes ocorrido há poucas semanas. Admitimos a qualidade do trabalho dos profissionais de imprensa e, sobretudo, daqueles vinculados à Rede Globo e valorizamos, neste caso, a postura da empresa de defesa imediata e intransigente de seus telejornais na promoção do papel investigador da imprensa na sociedade brasileira, em prol das comunidades locais. São essas comunidades que encontraram em Tim Lopes um grande aliado em dar visibilidade e denunciar aqueles que geram violência e terror nos seus bairros.
 Mas, o que assistimos hoje no Espírito Santo é exatamente o contrário do que a Rede Globo defendeu nesses dias.
A REDE GAZETA, ligada à Rede Globo, através do Jornal A GAZETA mostrou para a sociedade capixaba como não
deve se fazer jornalismo. Abriu seu jornal do dia 11 de junho de 2002 com matéria de capa anunciando “mais 25 mil empregos: expectativa com a liberação do plantio de eucalipto” no Estado do Espírito Santo. Com este anúncio, feito pelo Sr. Nyder Barbosa, representante da Federação de Agricultura no Espírito Santo, a classe patronal dos proprietários rurais, o Jornal A Gazeta, de uma vez por todas, se declara defensor e aliado da empresa Aracruz Celulose e seus objetivos neste Estado.
 A Rede Alerta contra o Deserto Verde defende os princípios da Lei 6.780/2001 que proibiu o plantio de eucalipto para fins de celulose no Estado até que fosse elaborado pelo poder público estadual um zoneamento agro-ecológico para a delimitação territorial de culturas. Infelizmente, baseado em argumentos puramente legais, mas sem o mínimo de argumentos de caráter social, econômico, ambiental e/ou cultural, o Supremo Tribunal Federal deu, através de uma liminar, razão a Aracruz Celulose, e o pequeno grupo de políticos, técnicos, fazendeiros e trabalhadores que apoiam e se beneficiam dela.
 A Rede Alerta contra o Deserto Verde continuará, de forma intransigente, suas denúncias e sua luta contra a expansão do plantio de eucalipto no Estado do Espírito Santo e nos estados vizinhos. Acreditamos que esta seja a forma de garantir áreas para agricultura familiar, para a reforma agrária, para a preservação ambiental e dos recursos hídricos, para demarcar as terras indígenas e das comunidades negras no Norte do Estado. Defendemos um futuro para o Espírito Santo, baseado na dignidade de todos, e não um futuro baseado apenas nos lucros de poucos. Nos comprometemos também fazer circular este documento para dignar a verdade e inclusive para alertar contra as mentiras do “Jornal da Verdade”.

Vitória, julho/2002

1. ACAPEMA – Assoc. Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente
2. ADEFAI – Assoc. dos Deficientes Físicos e Amigos de Iconha
3. AGB – Assoc. dos Geógrafos Brasileiros – Seção Vitória (ES)
4. Alexandre Passos – Vereador de Vitória – PT/ES
5. AMJAP – Assoc. dos Moradores de Jd. da Penha – Vitória/ES
6. AMPRDI – Assoc. de Moradores e Produtores Rurais de Iconha
7. AMUTRES – Assoc. de Mulheres Trabalhadoras Rurais do ES
8. Adailson Freire da Costa – Mov. de Cidadania pelas Águas
9. Ana Rita Esgário – Vereadora de Vila Velha – PT/ES
10. Ana Cristina Nascimento Givigi – Socióloga – ES
11. APEDEMA (Assemb. Permanente de Ent. de Defesa do M.Ambiente-RJ)
12. Associação Padre Gabriel Maire em Defesa da Vida
13. Bicuda Ecológica
14. CECUN/ES – Centro de Estudo e Cultura Negra/ES
15. Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra
16. Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Baixo Guandu
17. Centro de Defesa dos Direitos Humanos de S. Gabriel da Palha
18. Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Extremo Sul da BA
19. Centro de Defesa dos Direitos. Humanos – Regional Sul
20. CEPEDES – Centro de Pesq. p/ Desenv. do Extremo Sul da BA
21. CIMI Equipe ES – Conselho Indigenista Missionário
22. CIMI Equipe Extremo Sul da Bahia
23. Cláudio Vereza – Deputado Estadual – PT/ES
24. Cláudio Zanotelli - Prof. do curso de Geografia da UFES
25. CNFCN - Centro Norte Fluminense para Conservação da Natureza
26. COMIN - Conselho de Missão entre Índios
27. Conselho Municipal de Educação de Cachoeiro de Itapemirim
28. COOPICAR – Cooperativa das Famílias Carvoeiras do Norte do ES
29. CPT São Mateus – Comissão Pastoral da Terra
30. CUT Extremo Sul Bahia
31. CUT/ES – Central Única dos Trabalhadores
32. Dauri Tamanhão – Vereador de S. Gabriel da Palha – PT/ES
33. Eduardo de Biasi – Vereador de São Mateus – PT/ES
34. Eliza Bartolozzi Ferreira – Profª Faesa - Vice-diretora ANPAE-ES -
Doutoranda em Educ. pela UFMG
35. Espaço Cultural da Paz – Teixeira de Freitas
36. Fabricio Noronha Fernandes - estudante, ensino médio
37. FACOOPES – Fórum de Coop Sociais, Pop e Sócia Econômica Solidária
38. FAMMOPOCI – Fed das Assoc de Mor e Mov Pop de C. de Itapemirim
39. FAMOPES – Fed das Assoc de Moradores e Mov Populares do ES
40. FASE /Itabuna/BA
41. FASE/ES – Fed. de Órgãos p/Assistência Social e Educacional
42. Fernanda Neves Gomes, estudante de Jornalismo (UFES)
43. Fernando Machado Tonani - estudante de Comunicação Social da Ufes
44. FETAES – Federação dos Trabalhadores na Agricultura/ES
45. Flavia Passos Soares - LTDS/COPPE/UFRJ – RJ
46. Fórum de Lutas do Campo e da Cidade
47. Fórum de Mulheres do Espírito Santo
48. Fórum Sócio-Ambiental do Extremo Sul Bahia
49. Fundação Cannan
50. Helder Gomes, mestre em economia pela UFES.
51. Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia
52. Genivaldo Liévore – Vereador de Colatina – PT/ES
53. Givaldo Vieira da Silva – Sec. Munic. de Dir. Humanos da Serra
54. IBIO – Inst. da Biologia do M. Ambiente – Bahia-Prof. Dr. Everaldo Lima
de Queiroz / Deptº de Zoologia/UFBA
55. Igreja de Confissão Luterana /Brasil (Sínodo do Espírito Santo a Belém)
56. Iriny Lopes – PT Regional
57. Isaltino Venturim – Vereador de Nova Venécia – PT/ES
58. João Carlos Coser – Deputado Federal – PT/ES
59. João José Barbosa Sana - Pres PT Guaçuí e Dir. Sind Bancários/ES-CUT
60. João Passos – Vereador de Montanha – PT/ES
61. Joel Guilherme Costa – Diretor Sindicato dos Bancários/ES
62. Lia Ribeiro - Jornalista – RJ
63. Luiza Pilon – Vereadora de Colatina – PT/ES
64. Luiza Ribondi Cosme – Vereadora de Jaguaré – PT/ES
65. Magno Pires – Presidente do PT de Vila Velha/ES
66. Manoel Rodrigues – Vereador de Cariacica – PT/ES
67. Marinez Bianchini Ramos – Vereadora de Iconha – PT/ES
68. Missionários Combonianos (Carapina/Serra/ES)
69. Movimento de Defesa de Porto Seguro/BA
70. Movimento Nacional de Direitos Humanos/Regional Leste I
71. Movimento Nacional de Meninas e Meninos de Rua
72. MPA – Mov dos Peq Agricultores de S.Gabriel da Palha – V. Valério/ES
73. MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
74. Nasser Yuossef – Dep. Est. Partido Popular Socialista – PSDB/ES
75. OJAB – Organização da Juventude Negra – Nação Zumbi
76. ONGAL – ONG Amigos do Lameirão
77. Organização Afro-Cultural Benedito Meia Légua – Conceição da Barra
78. Partido dos Trabalhadores – PT/ES
79. Partido de Mobilização Nacional – PMN/ES
80. Pastoral Social de Braço do Rio
81. Paulo César Scarim - Geógrafo
82. Renato Casagrande – Partido Socialista Brasileiro – PSB/ES
83. Ricardo Vereza – Secretário Municipal do Meio Ambiente de Vila Velha
84. Salim Bianchini – Vereador de Iconha – PT/ES
85. Sandra Mara Nunes – Vereadora de Linhares – PT/ES
86. SAPI – Sociedade Amigos do Parque de Itaúnas
87. Saulo Andreon – Vereador de Cariacica – PT/ES
88. Sérgio Ângelo Petri – Vereador de Iconha – PT/ES
89. Sindicato dos Bancários do Espírito Santo
90. Sindicato dos Bancários do Extremo Sul da Bahia
91. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaguaré
92. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Linhares
93. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montanha
94. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gabriel da Palha
95. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Mateus
96. Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Mármore/ES
97. SINDIPETROLEIROS/ES – Sindicato dos Petroleiros do ES
98. SINDIUPES – Sindicato dos Professores da Rede Pública do ES
99. SINTRACICAL – Sindicato dos Trabalhadores em Cal e Gesso do ES
100. Thiago de Vasconcelos Duda - Estudante/UFES

Devastação de área de preservação em Campo Alegre é barrada por meio de liminar

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC

http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/noticias/detalhe.asp?campo=11000&secao_id=369
Campo Alegre, 22/09/2010

A pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em ação civil pública, a Justiça expediu medida liminar proibindo a Companhia Catarinense de Empreendimentos Florestais (ComFloresta) de dar continuidade à retirada de árvores nativas para plantação de pinus em área de preservação permanente. Consta nos autos que a empresa já suprimiu cerca de 6,5 milhões de metros quadrados de mata nativa em área de nascentes e cursos d'água no Município de Campo Alegre.

Na ação, o Promotor de Justiça Alexandre Carrinho Muniz ressalta que a ComFloresta já foi autuada nove vezes pelos danos ambientais e mesmo assim deu continuidade à retirada da mata nativa em área de preservação para plantação de pinus - planta exótica de caráter comercial.

A liminar foi concedida pelo Juiz de Direito Romano José Enzweiler, da 1ª Vara da Comarca de São Bento do Sul, à qual pertence o Município de Campo Alegre. A liminar fixa multa de R$ 300 mil por hectare ou fração em caso de descumprimento. A empresa não pode praticar qualquer ato, como por exemplo a retirada de árvores já abatidas ou a abater e a plantação de novas árvores. A multa dobra de valor em caso de reincidência.

Além da medida liminar já concedida, o Promotor de Justiça requer, no julgamento final da ação, que a empresa recupere da área degradada e indenize a sociedade pelos danos já causados, a serem apurados através de perícia. Cabe recurso da decisão liminar ao Tribunal de Justiça. (ACP nº 058.10.005124-0)._,_.

sábado, 25 de setembro de 2010

" Nada no universo
 pode resistir 
às energias convergentes 
de um número de mentes 
suficientemente agrupadas 
e organizadas!"  
Teilhard

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SEM EDUCAÇÃO NÃO TEM SOLUÇÃO!


Falar, repetir e bradar que nosso povo precisa receber todas as possibilidades de se educarem não é invenção minha, nem de Marina, ou do Professor Leonardo Boff. Platão, importante filósofo grego afirmava isso desde antes de Cristo:

"A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter".
E mais:
"O belo é o esplendor da verdade".
"Praticar injustiças é pior que sofrê-las".
"A harmonia se consegue através da virtude".
"O que mais vale não é viver, mas viver bem".

Platão nasceu em família de aristocratas. Passou a filosofar desde que manteve contato com Sócrates, outro importante pensador grego. Em 387 a.C, fundou a Academia, uma escola de filosofia que buscava recuperar e desenvolver as idéias e pensamentos do seu mestre. Valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com Platão, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida. A educação deveria funcionar como forma de desenvolver o homem moral. A educação deveria dedicar esforços para o desenvolvimento intelectual e físico dos alunos através de aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, astronomia e educação militar ( isso significava, para ele, disciplina). Afirmava também que a educação da mulher deveria ser a mesma educação aplicada aos homens.

Quando a intelectualidade brasileira inteira reivindica investimento maciço em educação, é exatamente pela consciência de que é esta a única forma de nosso país de desenvolver com justiça e diminuição das diferenças sociais.
É óbvio e claro que o poder, historicamente, institucionaliza pobreza, miséria e domínio através da sonegação de informação, da mentira, enganação, do uso de marketing manipulador.
Este momento brasileiro é ainda mais grave. As pessoas que assumiram o poder e sempre se pronunciaram contra a manipulação, contra a institucionalização da pobreza são exatamente esses que aparecem na mídia defendendo TUDO o que sempre FORAM CONTRA: esmola para manter o povo escravizado.
POLÍTICA DESENVOLVIMENTISTA a todo custo é o PIOR AGENTE PREDADOR de nossas riquezas e possibilidades de libertação. Comportamento anti-ambientalista, aquecimento global, desmatamento e cobiça jamais levarão nosso país a equilíbrio ou diminuição das diferenças sociais. O abismo cada dia aumenta. Os governos estão corrompidos e construíram uma teia de corrupção tão poderosa que envolveu toda a pobreza brasileira. Significa dizer que mais de 100 milhões de brasileiros estão sendo enganados pelo governo que se dizia libertador. E me doem as entranhas pela consciência de que eu acreditei neles, votei e contribuí com meu voto para que todos os desmandos se institucionalizassem e fortalecessem. Dizer que há mais empregos, que dividas foram pagas, que as pessoas estão mais educadas pode ser até sinal de boa intenção. Não acredito! Disso, o Inferno está cheio.

Desde que as relações de poder se confundiram com as relações de troca e enriquecimento, o ser humano criou formas e fórmulas de controle social; seja pelo uso de drogas ou quaisquer instrumentos capazes de inebriar a consciência: açúcar, álcool, fumo e depois drogas mais fortes que, além de controlar, escravizam.

O conhecimento, a informação, a educação são as únicas formas de libertação social.

domingo, 19 de setembro de 2010

MARINA SILVA e a SERRA VERMELHA

Sinal amarelo para a Serra Vermelha

Marina Silva
De Brasília (DF)

Caatinga, bioma exclusivo do Brasil
(foto: Maria Hsu/Creative Commons/Reprodução)


Caatinga, em tupi-guarani, significa mata branca. Recebeu esse nome porque a vegetação fica desfolhada no período da seca e com uma cor esbranquiçada. Esse bioma só existe no Brasil e as últimas áreas nativas de caatinga que existem no país ficam no Piauí.
Naquele estado também se encontra um região muito exuberante e peculiar, chamada de Serra Vermelha. Com cerca de 120 mil hectares, fica no sul do Piauí e abriga um mosaico de ecossistemas: cerrado, caatinga e mata atlântica. É uma área de transição única, com tantas variações de vegetação que é até difícil definir onde termina e onde inicia cada tipo.

Juntamente com a Serra das Confusões e com a Serra das Capivaras, a Serra Vermelha forma um conjunto com belezas e particularidades naturais que deveria ser mais conhecido dos brasileiros.

A mistura de vegetação acaba propiciando uma maior diversidade biológica e de espécies endêmicas. Na região é possível encontrar animais ameaçados de extinção, como a onça pintada, a suçuarana, o tamanduá-bandeira e a arara-azul-de-lear.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) registraram a presença de mais de 340 tipos de vertebrados terrestres como anfíbios, répteis, aves e mamíferos com várias espécies ainda desconhecidas pela ciência.
A Serra Vermelha é também uma importante área de captação e infiltração de água da chuva, responsável por alimentar os mananciais próximos, incluindo a área conhecida como "pantanal do Nordeste", tal a diversidade de fauna e flora. Sua localização e formação geológica servem ainda como um divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Parnaíba e São Francisco, e como recarga de aqüíferos.

Mesmo sendo responsável pela captação de água, a Serra Vermelha está inserida numa das regiões mais carentes de recursos hídricos do país. O que acaba determinando outra característica do local, o solo frágil e arenoso. Para se ter uma idéia, próximo ao município de Gilbués, está o maior núcleo de desertificação do Brasil.

Mas apesar de toda essa importância ecológica, a proposta do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de criação do Parque Nacional da Serra Vermelha tem enfrentado forte oposição do governo do Piauí e de alguns setores econômicos.

Os estudos técnicos do grupo de trabalho organizado pelo MMA indicaram que o parque da Serra Vermelha deveria ter uma área de aproximadamente 440 mil hectares. No entanto, segundo denúncias de movimentos sociais e ambientalistas, estaria sendo fechado um acordo com o governo do Piauí para diminuí-la quase pela metade, para assegurar áreas para o produção de carvão, plantio de grãos e pecuária.
Se isso se confirmar, estaremos diante de um grave erro. Um patrimônio biológico como aquele só se encontra naquela área. Nem mesmo argumentos econômicos seriam capazes de sustentar essa opção, pois os resultados dessas atividades podem ser plenamente superados com uma política séria de desenvolvimento sustentável e de ecoturismo, criando um novo círculo virtuoso de bem-estar humano naquela região.

Quando foram criados 24 milhões de hectares de unidades de conservação no Brasil, durante minha gestão no Ministério do Meio Ambiente, apesar de forte resistência, percebemos que existe sustentação política na sociedade brasileira para que o gestor público faça a escolha certa.
Sem dúvida alguma, optar por preservar a biodiversidade e os serviços ambientais associados, como por exemplo, à proteção dos mananciais hídricos, significa maximizar os benefícios sociais, econômicos e ambientais.

Trata-se de uma escolha determinante para o explorado semiárido nordestino, região que será muito afetada pelos efeitos negativos da mudança climática global, caso não se tenha sucesso em mitigá-la.
O sinal amarelo está aceso para a Serra Vermelha. Esperamos que o governo faça a escolha certa e acenda o sinal verde para a proteção integral daquela extraordinária área.

Marina Silva é professora de ensino médio, senadora (PV-AC) e ex-ministra do Meio Ambiente.

Fale com Marina Silva: marina.silva08@terra.com.br

terça-feira, 14 de setembro de 2010

MATERIA DIVULGADA NOS PORTAIS DO PIAUÍ EM 26.11.2007. CARVOARIAS NO PIAUÌ


Audiência pública mantém o problema das carvoarias na região de Oeiras
Publicado em 26.11.2007 - 17:02:57


Engenheiro florestal do projeto das carvoarias NA REGIÃO Oeiras é o mesmo do escândalo da Serra Vermelha.

Imagem: André Pessoa


Fornos queima a mata nativa

Na última sexta-feira, 23, aconteceu em Oeiras uma audiência pública, organizada pela Câmara de vereadores da cidade, presidida pelo vereador Espedito Martins para discutir a produção de carvão na região que segundo populares e ambientalistas vêm devastando a biodiversidade da última floresta de Caatinga Arbustiva da região e possivelmente a última do Nordeste. .. mais no link acima.

A audiência contou com a presença do secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Dalton Macambira, Padre João de Deus, o representante do Ibama, Edmilson Rodrigues, Promotor Carlos Rubem Campos Reis, o proprietário do empreendimento, Misael Torres Galindo Neto, representantes da comunidade e assentamentos de agricultores, sindicatos de produtores rurais e os representantes dos demais órgãos governamentais responsáveis pelo licenciamento do projeto.

Participou também o engenheiro florestal, Elizeu Rossato Tombolo, que foi o mesmo que elaborou o projeto de desmatamento pela empresa JB Carbon na Serra Vermelha, denunciada pelo Globo Repórter, no dia 26 de janeiro deste ano. Atualmente ele coordena a M.G. Florestal, é a empresa que tem licença para desmatar 7 mil hectares de Caatinga em Colônia para produção de carvão vegetal.
...

Segundo a coordenadora do Fórum Sócio-Ambiental de Oeiras, Josevita Tapety, depois de uma manhã inteira de perguntas e respostas, ela afirma que ficou claro que foi essa mais uma das reuniões e audiências que teve por objetivo justificar as ações e decisões tomadas em esfera governamental, dessa forma ficou mascarada como decisões tomadas pela comunidade.
...
...
Segundo os defensores dos planos de manejo florestal, esta é forma mais adequada de se permitir o desenvolvimento com menor prejuízo ambiental. Nas contas do engenheiro, devastação é o que se tem feito ao longo dos últimos 300 anos, o mesmo culpa os pequenos agricultores plantam suas roças em áreas ribeirinhas, pois afirma que cortam as matas ciliares, destocam e queimam o carvão para manter acessos os seus fogões de lenha.

Josevita questionou qual o número de propriedades que serão devastadas para inteirar os 120 mil hectares capazes de manter os fornos da COSIMA (Companhia Siderúrgica do Maranhão) e outras siderúrgicas. E por que sempre a população pobre do Estado é culpada pela “desgraça ambiental”.
...
“Ao que parece, todo tipo de manejo, com justificativa de geral alguns empregos com estrutura física de empresa organizada, na verdade é mais uma fonte de geração de renda e exploração dos recursos naturais para o enriquecimento de alguns. Mas, segundo o próprio engenheiro, o termo exploração não é lá de seu agrado, uma vez que dá uma imagem negativa ao projeto. A população, se permanecer calada e conivente, não terá mais tarde do que se lamentar. Tudo legítimo e justo!”, disse Josevita.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CULPA

Jadson Santos

Antes de dormir, olho o céu estrelado
Ouço o silêncio culposo da Praça das Vitórias
Tento me enganar que amanha será diferente
Todos os dias, quando acordo
Ouço os fuxicos, as notícias da manhã.
Aquele homem
Aquela mulher
Aquele menino com quem brinquei
Sumiu
Talvez mais um suicídio
Prostituição
Pedofilia
Estupros

Acordo
Não são fuxicos

Pessoas caminham em volta da praça
Feito loucos
Em busca do nada
Vencidas
Toda manhã
Toda manhã
Toda manhã
À tarde, fujo da cidade

Do alto,
Morro
da Cruz
Lugar sem dono
Abandono

Vejo a melancolia lá em baixo
A noite vem sempre bela

Lá no coreto
A tristeza não é triste
Dá cambalhotas
Tento me enganar
E acreditar que Oeiras muda

SOCIEDADE JUSTA RESPEITA AS DIFERENÇAS

68% da população Oeirenseé NEGRA. SOMOS 93% NEGROS

Terça-feira, 19 de Junho de 2007
DO ESCRAVISMO NO BRASIL
Artigo publicado no blog IDEÁRIO OEIRENSE.
Josevita Tapety

Clóvis Moura é um dos mais importantes intelectuais negros deste nosso pai, falecido em 23 de dezembro de 1999. Em 1959 publicou Rebeliões da Senzala, sua principal obra.


Clóvis Steiger de Assis Moura nasceu em 1925, em Amarante, no Piauí. Ingressou no PCB nos anos 1940, trabalhando como jornalista na Bahia e São Paulo. Foi um dos raros intelectuais que acompanhou o PC do B na ruptura de 1962. Nos anos 1970, destacou-se pela militância junto ao movimento negro brasileiro.


Em 1948, aos 23 anos, o sociólogo Clóvis Moura empreendeu pesquisa sobre a luta dos trabalhadores escravizados. Apesar de concluir o trabalho em 1952, e de ter acesso direto à principal editora de esquerda da época.

Rebeliões da senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas foi lançado apenas em 1959, pelas Edições Zumbi, micro-editora fundada por militante comunista para publicar obras rejeitadas pela Editora Vitória, do PCB. Propunha o caráter dominante da escravidão, assinalando que, “do ponto de vista sociológico”, a instituição dividira “a sociedade colonial em duas classes fundamentais e antagônicas", a dos senhores, "ligados economicamente à Metrópole" e a da "massa escrava", formada pela "maioria da população", que "produzia toda [sic] a riqueza social”.


Quando Clóvis Moura começou a escrever seu Rebeliões da Senzala, em 1949, o historiador Caio Prado Jr., então considerado o principal historiador marxista do Brasil, aconselhou-o a desistir da empreitada. Ele dizia que a passividade teria sido o elemento característico do comportamento do escravo no Brasil em conseqüência, não teria havido aqui um processo de luta de classes digno de nota entre senhores e escravos.

Caio Prado endossava, assim, um dos mitos mais caros da historiografia tradicional brasileira, o da passividade do escravo e da benignidade da escravidão em nosso País. E ilustrava, assim, a influência e persistência dessas idéias tradicionais, presentes mesmo no pensamento historiográfico avançado de um teórico do seu porte. Neste quase meio século que se passaram desde então, a obra de Clóvis Moura tem sido um corpo a corpo permanente com a mitologia forjada pelas correntes dominantes para adocicar o relato do drama histórico vivido por nosso povo.


Num País que, como o nosso, teve quatro quintos de sua história vividos sob o sistema escravista, a compreensão em profundidade de sua trajetória implica em, necessariamente, esmiuçar os segredos do escravismo, resgatar as lutas escravas contra esse sistema opressivo, rastrear nesse passado conflituoso as raízes dos dramas que o povo e a nação brasileira vivem em nosso tempo. Afinal, as marcas desse passado escravista e colonial estão ainda vivas nas instituições políticas brasileiras; na forma de organização da produção material; na maneira como nós, brasileiros, nos relacionamos entre nós e com o mundo.


O texto aqui transcrio é um extrato de seu último livro, Dialética Radical do Brasil Negro, publicado pela Editora Anita.


“Quando falamos de um sistema classificatório racial no Brasil, subordinado a uma escala de valores racistas, evidentemente não nos referimos a um código elaborado e institucionalizado legalmente. Assim como nunca elaboramos um Código Negro que regulamentasse as relações entre os senhores e os escravos, também não tivemos um tipo apartheid da África do Sul ou uma Jim Crow dos Estados Unidos. Da mesma forma como a Constituição do Império omitiu a existência da escravidão e o jurista Teixeira de Freitas tenha se recusado a colocá-la quando redigiu o projeto do Código Civil do Império, assim também esse sistema classificatório racista não foi codificado e institucionalizado, embora tenha atuado dinamicamente durante quase quinhentos anos. Pelo contrário. Enquanto as elites dominantes, suas estruturas de poder e elites deliberantes aplicavam essa estratégia discriminatória, através de uma série de táticas funcionando em diversos níveis e graus da estrutura, elaboraram, em contrapartida, como mecanismo de defesa ideológica a filosofia do branqueamento espontâneo via miscigenação e como complemento apresentavam-nos como o laboratório piloto da confraternização racial, cujo exemplo deveria ser seguido pelos demais países poliétnicos. Essa dupla face do comportamento das estruturas de poder racistas do Brasil será o que iremos abordar na conclusão deste capítulo.


Podemos dizer, em primeiro lugar, que no Brasil esse problema (relacionamento interétnico) foi conduzido em relação ao índio e ao negro de forma diferenciada, mas com o mesmo conteúdo de destruição da consciência étnica e cultural de ambos.


Em relação ao índio, primeiro houve a fase genocídica de ocupação da terra e da destruição de milhares dos seus membros. Depois, a fase da cristianização, da catequese, da chamada evangelização, ou seja, da destruição das suas religiões e de sanções àqueles que não aceitassem submissamente a religião do colonizador que exercia nesse contexto o papel de bloco ideológico do Poder. 1


Em segundo lugar, foi a invasão das suas terras em ritmo rápido e violento no início, e, depois, lenta e constante, a destruição daquelas tribos que ainda resistiam à integração, situação que perdura até hoje. Criou-se o Estatuto do índio no qual os seus direitos foram regulados pelos brancos, sem que eles pudessem intervir como agente social e cultural dinâmico. 2 Mas, de qualquer forma, os remanescentes dos povos indígenas não perderam totalmente a sua identidade, a territorialidade em parte. Com isto, têm pólos de apoio que facilitam uma articulação de resistência, pois até onde têm os seus direitos outorgados pelos bancos e aquilo a que têm direito legitimamente. A desigualdade entre o índio e o chamado homem branco iguala e une os índios na sua luta pela demarcação das suas terras (territorialidade) na luta contra a invasão das mesmas e procuram igualar-se em termos de cidadania. Com isso a sua consciência étnica mantém a sua identidade que dinamiza no processo de resistência pelos seus direitos diferenciados porque foram-lhe fixados de for a, mas persiste a memória ancestral coletiva.


Com o Negro, porém, a situação é diferente e as estratégias montadas foram mais sofisticadas e eficientes. O racismo tem outra tática para com ele. Em primeiro lugar, o negro é considerado cidadão com os mesmos direitos e deveres dos demais. No entanto, o que aconteceu historicamente desmente este mito. Trazido como escravo, tiram-lhe de forma definitiva a territorialidade, frustraram completamente a sua personalidade, fizeram-no falar outra língua, esquecer as sua linhagens, sua família foi fragmentada e/ou dissolvida, os seus rituais religiosos e iniciáticos tribais se desarticularam, o seu sistema de parentesco completamente impedido de ser exercido, e, com isto, fizeram-no perder, total ou parcialmente, mas de qualquer forma significativamente, a sua ancestralidade.


Além do mais, após 13 de Maio e o sistema de marginalização social que se seguiu, colocaram-no como igual perante a lei, com se no seu cotidiano da sociedade competitiva (capitalismo dependente) que se criou esse princípio ou norma não passasse de um mito protetor para esconder as desigualdades sociais, econômicas e étnicas.


O negro foi obrigado a disputar a sobrevivência social, cultural e mesmo biológica em uma sociedade secularmente racista, na qual as técnicas de seleção profissional, cultural e política e étnica são feitas para que ele permaneça imobilizado nas camadas mais oprimidas, exploradoras e subalternizadas.

Podemos dizer que os problemas da raça e classe se imbricam nesse processo de competição do Negro pois o interesse das classes dominantes é vê-lo marginalizado para baixar os salários dos trabalhadores no seu conjunto.3 O racismo brasileiro, como vemos, na sua estratégia e nas sua táticas age sem demonstrar a sua rigidez, não aparece à luz, é ambíguo, meloso, pegajoso mas altamente eficiente nos seus objetivos.


E por que isso acontece? Porque podemos ter democracia racial em um país não se tem plena e completa democracia social, política, econômica social e cultural. Um país que tem na sua estrutura social vestígios do sistema escravista, com uma concentração fundiária e de renda das maiores do mundo; governado por oligarquias regionais retrógradas e broncas; um país no qual a concentração de renda exclui total ou parcialmente 80% da sua população da possibilidade de usufruir um padrão de vida decente; que tem 30 milhões de menores abandonados, carentes ou criminalizados não pode ser uma democracia racial.


Quando democratizamos, realmente, a sociedade brasileira nas suas relações de produção, quando os pólos do poder forem descentralizados através da fragmentação da grande propriedade fundiária e o povo puder participar desse poder, quando construirmos um sistema de produção para o povo consumir e não para exportar, finalmente, quando sairmos de uma sociedade selvagem de competição e conflito, e criarmos uma sociedade de planejamento e cooperação, então, teremos aquela democracia racial pela qual todos almejamos.



 



Notas

1. Sobre a situação atual do índio ver: CUNHA, Manuela Carneiro da. Os direitos do Índio. Editora Brasiliense, SP, 1987, passim.

2. Cf. HASELBAG, Carlos. Discriminação e Desigualdade Raciais no Brasil.Rditora Graal, RJ, 1979

3. Sobre a existência e as estratégicas ideológicas do racismo brasileiro, negando ou constatando-o em vários abordagens e conclusões, consulte-se fundamentalmente: (seguem no livro 52 referências bibliográficas)

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