quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O ódio do Bobo da Corte

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06-12-10
O ódio do Bobo da Corte

Arnaldo  Jabor não chega a ter o brilho de um Nelson Rodrigues ou de um Carlos Lacerda,  mas defende bem o script  da Direita Brasileira, fazendo-se de bobo da Corte Global o que lhe permite dizer qualquer coisa, por conta da irreverência.
Não é que o pobre Jabor e a acanalhada Direita Brasileira odeiem o Lula pelo que ele é. O ódio é pelo que Lula representa E ele representa o Brasil que finalmente deu certo. O mulato que não acha importante falar  inglês (já houve tempo que parecia  que não poderíamos respirar se não falássemos francês) e não vive  animalescamente, apenas para um dia levar seus pobres rebentos à  Disney Word, fazendo, de passagem, suas comprinhas em Miami.
Um mulato boêmio, malemolente, que  não acha tanta graça assim nesses Beatles, e não sabe o que é  é Pop. E o que é Pop? Mulato empreendedor e indomável que construiu uma das maiores, mais generosas e respeitadas potências do Planeta. Um mestiço sem raça, graças a Deus, e que troca esse tal de  Sting (o que é Sting?) pela Calcinha  Preta devidamente misturada com o Luar do Sertão.
Há noventa anos, Lima Barreto, um dos maiores escritores brasileiros, internou-se num hospital para tratamento de doenças mentais que existe até hoje no Engenho de Dentro (Rio). O médico que o atendeu uma anta preconceituosa de classe média, igualzinha à que existe até hoje e que poderia chamar-se Jabor, escreveu na ficha: “Mulato, alcoólatra, aparentes quarenta anos. Diz que é escritor”.
E Jabor, aquele médico preconceituoso atualizado, descreve Lula: mulato, cachaceiro, malemolente, pensa que é estadista e que vai continuar influindo. E vaticina: “Nada disso, Lula. Vá para casa e tome sua pinguinha serena, ao lado de dona Marisa”.
O coitado do Jabor, como o médico idiota que examinou Lima Barreto, não consegue ver que Lula é estadista sim e não vai para casa, não. Vai continuar influindo e viajado pelo País, pelo Mundo e, principalmente, pela América Sul, onde consolidará aquilo que transformou-se no verdadeiro projeto de sua vida: a construção da União Sul-Americana, a Pátria Grande.
Jabor, Lacerda e Nelson Rodrigues não entendem isso. Não entendem que o Brasil e esse mulato sem curso superior podem dar certo. Eles e nossa ridícula classe média alienada carregam a herança cultural dos senhores de engenho e dos fazendeirões do café.
 Seu raciocínio síntese é o do “complexo de vira lata”. Mas eles se colocam fora disso. Acham que o complexo é só da negrada e dos mestiços sem rumo e sem prumo na vida. Eles não, eles se consideram iguais aos europeus e americanos: vestem a mesma roupa, comem a mesma comida  e curtem a mesma música. Entretanto, no fundo, eles são vassalos e, como diz o Chico Buarque, falam grosso com os bolivianos e fino com os americanos. Gentinha da pior qualidade.

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