terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Praça das Vitórias



Meias janelas abertas ao vento
Beiral curto beira-e-bica
piso em tijoleira e pedra fria a absorver a luz do zol
esfriar o chão
Ao entardecer, cadeiras na calçada, a conversa costumeira
A porta principal em madeira da acesso ao largo corredor
de onde se vê a claridade que vem do fundo do quintal
e do pátio central da casa.




À primeira porta a sala do santo
depois o salão, o gabinete do chefe da família
os quartos de dormir.
Ganchos para redes em tufos de madeira
Dos fundos ouve-se o movimento da cozinha:
Negras com mãos de fada preparam o arroz com carne
a paçoca batida no pilão de aroeira.


A lenha no fogão esquenta a saborosa sopa
NO forno, o leitão, o bolo de sal, a rosca, o bolo corredor
às seis da tarde, o sino da Matriz anuncia a Hora do
Ângelus
Vindo da cozinha, o cheiro do café fresquinho
convida a família para a janta.
Silência na praça das Vitórias.

O céu estrelado de oeiras...

Ao amanhecer, o sol brilhante
por trás da torre da Matriz acorda o sino
que chama para a missa matinal.

Mais uma vez, o cheiro do café, lá da cozinha
convida ao cuscuz com ovos fritos
no café-da-manhã  sertanejo.

Josevita Tapety Pontes
Oeiras, Dez/2006.

Um comentário:

Mari disse...

Muito bom! É preciso fazer esse resgate do modo de vida sertanejo. Sobretudo quando é feito com esse amor que dm você transborda.