terça-feira, 28 de junho de 2011

Sociedade quase justa...já aconteceu! Eu vi!



Será que o Brasil ainda tem jeito?

Anoiteci e amanheci pensando nisto: Onde se situa o limiar entre o político e o cidadão? .
..e por que o político deixa de ser cidadão? ...e quais as diferenças de atitude entre um e o outro? ...e o que na postura cafajeste que o político acha que deve assumir cativa o eleitor?... e qual a função, mesmo, do político?  Seria prestador de serviço aos cidadãos? Aquele que deve assumir o cargo de representante comercial da mais valia resultante do trabalho de cada cidadão? Empresário (como de artista)? Vendedor? Mercador?

A vida inteira, militei e participei da vida política enquanto cidadã pensante e independente ao tempo que questionava as decisões dos lideres políticos da minha família, de minha cidade, Estado, país. Observava posicionamento estritamente ético de meu pai e ponderava: eu não sirvo pra política.  

A vida me levou a assumir um posicionamento novo. Antes de reorganizar minha vida em função da militância partidária, questionei longamente e peses as implicações dessa decisão. Não me arrependo. Cada nova vivência representa novo aprendizado.

Da experiência na Eslovênia, retirei a mensagem de que político seria (apenas) um profissional qualificado em certa área e que se coloca – por um certo período de tempo - à disposição da sociedade para prestar serviço dentro da área que mais estudou e tem experiência. Não deixaria de ser um profissional quando passa a exercer cargo público, mas também não teria que se dedicar com exclusividade a essa atividade. Claro que isso exigiria um alto conceito ético que evitasse a tentação ao tráfico de influência e outras seduções do poder. O  representante político recebia ajuda de custo, mas a remuneração só era permitida com dedicação exclusiva e no período em que o serviço era prestado , por opção do cidadão.

O cidadão-político nasce em nível local, comunitário, a partir do poder de liderança e facilidade de comunicação. Tendência natural da organização social.

Filho de político vai pra escola com os outros meninos ‘normais’ e aprende a desenvolver as próprias potencialidades para um dia ter seu lugar na sociedade e talvez até venha a dedicar um momento de sua vida a prestar serviço à comunidade e devolver os benefícios que recebeu do Estado, tanto em educação como cuidados com saúde.  Tudo gratuito e de excelente qualidade para qualquer um, independente de posição social.
Sonho? Utopia? Não. Isso tudo existiu na Iugoslávia. E muito da qualidade de vida comum conquistada no século passado permanece. Eu vi e vivi uma situação de socialismo muito próximo do ideal na Eslovênia de Tito até a entrada do novo milênio. Idosos aposentados, a tarde, encontram-se para um cafezinho e conversa nos pontos de encontro de cada comunidade. Serviço médico com hora marcada, ficha de cada cidadão completa no sistema e acessado por terminal eletrônico. Escola de primeira qualidade e gratuita até os 27 anos de idade para bom aluno que obtiver média 7 e com acesso até o nível de pós doutorado aos mais dedicados. 

E era assim que políticos eram respeitados até uns 3 anos depois da entrada na  União Européia. Além de Viena, Berlim, Varsóvia, os jovens passaram a estudar em Londres, Milão, NY. Depois que se trocaram o Tollar pelo Euro, a propaganda, o NATO passou a interferir e as fronteiras se abriram, nada permaneceu ileso. Os cânceres egocêntricos e a corrupção passaram a dominar a consciência. O ocidente comprou quase tudo. Mr. Drnovsek morreu e, com ele, os sonhos idealistas de ter uma sociedade mais próxima da qualidade de equanimidade que se sonhava.

E volto ao meu sonho com a questão: será que o Brasil ainda tem jeito?

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