domingo, 25 de março de 2012

O Amor faz milagres.

MAIS IMPORTANTE DO QUE O CONHECIMENTO 


Gosto muito da célebre frase de Albert Einstein: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. No entanto, considero o Acaso muito mais surpreendente do que a imaginação humana. E eu exageraria: Considerá-lo-ia até mais inteligente do que os homens. É algo superior a tudo que possa nosso psiquismo realizar. Muitas vezes, contrariando regras, leis e a própria razão, fatos fortuitos nos trazem inusitados resultados. Assisti ao filme “Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau)”, no qual homens com fantásticos poderes de construir o futuro calculam como é matematicamente impossível, numa metrópole com nove milhões de pessoas, o encontro casual (sem qualquer referência prévia) do político David Norris (interpretado por Matt Damon) e a bailarina Elise Sellas (protagonizada por Emily Blunt). 

Daria para concluir (se a lógica matemática imperasse), que não haveria qualquer possibilidade prática de um “jovem ideal” encontrar-se com a “namorada ideal”. Isso só aconteceria (embora os cientistas atribuam essa atração aos feromônios) pela ação de “agentes deterministas” que fazem “a coisa ser conforme planejada”. Por seres de uma dimensão paralela (que já os chamamos de “anjos”), com poderes que ignoramos. 

Curiosamente, essa fantasia que nos faz pensar, adveio da adaptação conto “The Adjustament Team”, escrito em 1954, pelo visionário Philip K. Dick, falecido em 1982. Depois de uma vida desajustada, marcada por alucinações fantásticas e paranóia decorrente do consumo de drogas. No entanto, hoje, o que era considerado loucura em seu tempo, vem se consolidando na problemática da realidade. Aquele autor, além de contos curtos, deixou 36 romances escritos em tempo “record”, antevendo os atuais “reality-shows”; a “moralidade das experiências genéticas”; a “clonagem”; a “crise de identidade”; a “interferência na liberdade humana”; as “formas de controle das mentes das pessoas” e a “ruptura da ordem natural, pela evolução tecnológica” — todos temas de incrível atualidade, a ponto de serem constantemente levados ao cinema. Hoje se procura entender a inusitada lucidez e antevisão da realidade que se manifestava no psiquismo daquele “hippie paranóico”. Que não tinha dúvidas quanto à reencarnação e aos poderes invisíveis da, agora, chamada “teoria da conspiração”. Por isso, já vem sendo posta em dúvida a conceituação das doenças mentais. Avalia-se que o escritor, ao defrontar possibilidades ainda inadmissíveis aos de sua época, dissimulava-as literariamente, em ficção e em realismo fantástico. Porque a Lógica pode não ser real. 

Alguém me contou, certa vez, que o dono de um jardim, pediu a seu jardineiro, ao ver uma muda de roseira estiolada e “raquítica”, que a arrancasse e jogasse ao lixo. Pois, certamente, aquela planta não teria qualidade para lá permanecer. No entanto, o cuidadoso empregado, apiedando-se em acabar assim com um ser vivo, em vez de destruir a pequena planta, transportou-a para um lugar pouco visível e dedicou-lhe todos os cuidados para que crescesse. E foi o que aconteceu. Em pouco tempo, a muda ganhou nova vida e depois de encorpar produziu uma belíssima e volumosa rosa vermelha. O dono do jardim, ao vê-la, admirou-se. Tratava-se de uma espécie raríssima que ali tinha florescido. O jardineiro, para não contrariá-lo, já que lógica e tecnicamente seu patrão estava correto quando pediu para exterminar a planta, manteve-se em segredo. Porém, ele conhecia e guardava para si a verdade. Por isso, vale repetir: Possibilidades matemáticas caem diante de um “Dever Ser” maior. O ideal pode não estar na razão. O Acaso é muito mais surpreendente do que a imaginação humana. E como dizia Albert Einstein: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. 

PAULO CESAR CAVAZIN
(Esta crônica foi publicada no Jornal Visão Empresarial Limeirense - editado pela ACIL - em setembro de 2011)

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