segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Hipocrisia e repressão alimentam o falso moralismo social



Novidade nenhuma!

Conversava com um padre, certa vez, a respeito da iniciação sexual dos rapazes e moças na comunidade interiorana. Os primeiros desejos dos meninos eram satisfeitos nos animais do quintal: caprinos, aves e asnos. A modernidade, inspirada na hipocrisia e falso moralismo apoiados na repressão sexual passou a iniciar meninos e meninas em estímulos homossexuais ou outras formas periféricas, alheias ao contexto social e familiar.

Passo a conjeturar, a partir desse fato, as motivações que levam a nossa sociedade a mentir, espoliar, roubar descaradamente e administrar o bem e o patrimônio público sem qualquer seriedade.   É mais que clara a posição e determinação executivas de evitar que continuássemos o movimento cultural iniciado há seis anos em minha cidade. Gente que pensa é realmente difícil de manipular, manter sob controle em regime de escravidão.

Mapear as ações políticas e administrativas dos líderes do interior do Brasil é bastante simples. Para tanto é suficiente analisar de maneira isenta os fatos históricos, historietas e fuxicos de calçadas e sombras das Praças.Seria muito simples descrever, por exemplo, o mapeamento político e histórico de um município desde o Estado Novo. Tecnicamente, analisar o funcionamento da cidade enquanto uma Empresa seria o suficiente para apontar soluções praticas para problemas sociais crônicos.  Basta compreender e gerenciar o patrimônio publico como uma Empresa e não como fundo do quintal ( ou senzala ) que a coisa publica se torna um bem administrável e lucrativo. Trata-se de aceitar o poder como uma simples forma de prestação de serviço à comunidade e não uma forma de apropriação fácil e indébita do bem comum. Basta gerir a vida da cidade com uma compreensão exata das relações interpessoais, por que essas definem as relações de poder, de posse, comando, decisões político administrativas. Ética não pode ser relativa nem condicional.

Algo de absurdo? - Claro que não! Mas quando afirmamos isso, passamos a ser chamados de visionários, burros, inocentes ou mesmo retardados. Por que esperto é o ladrão, o oportunista, o tarado pelo poder e por ascensão social. É sempre o bem apessoado, o respeitado, bajulado e, principalmente reconhecido como rico. Rico a partir do roubo ou da espoliação do bem público e pior, com o aval da maioria. Isso é que é o mais grave: poderes absolutos adquiridos e mantidos através do medo, com o apoio religioso e de todos os vassalos dos falsos reis.

Politicagem! Valido a paixão pelo valor humano que mantém a sociedade viva. Política limpa e eficiente é nobre e lícita. O que o Brasil inteiro e o mundo enfrentam, a crise de caráter e ética são reflexo claro e nítido do processo de instituição da hipocrisia e repressão como instrumentos de manutenção do poder. Viver na mentira, pela mentira, de mentiras é a verdade aceita e imposta pela mídia.

E o mentiroso, o ladrão, o corrupto é aceito por que:
rouba, mas faz;
discurso “intelectuoso”, é inteligente;
anda de carrão, é rico, merece respeito...

A repressão que se inicia através do controle sexual e hipocrisia, desde a infância, deixa as pessoas enlouquecidas e cegas.
Depressão, crises emocionais e de identidade são o centro do problema e precisam ser encarados. Enquanto igrejas, instituições de ensino e instrumentos de controle mantiverem a sociedade reprimida e acorrentada a falsos moralismos, mentiras e sujeiras varridas para debaixo dos tapetes e escondidas nos colchões, os preconceitos, homofobia, injúrias, injustiças e maldades se imporão sobre a harmonia e desenvolvimento sociais.

Se não fosse trágico, seria cômico. Ao avaliar as situações impostas à produção cultural da cidade, tendo a reavaliar as análises de Lacan para Freud. A religião e o apego à moral hipócrita reprimem e alienam as mulheres, que ficam em casa ou nos bancos das igrejas a orar e suplicar pela santidade dos seus maridos festeiros, “raparigueiros”, muitas vezes homossexuais, bissexuais e/ou pedófilos. Vive-se em orgias, na jogatina ou no bacanal das garotas de programa de fora trazidas pelos “vaqueiros” vizinhos, nos quartos e esquinas vigiadas por olhos velhos fuxiqueiros e fuxiquentos.

Oração!
Orai irmãos! Para redimir a humanidade dos seus falsos moralismos e hipocrisia.

Do alto das calçadas, sob os olhares críticos, reprimidos e repressores, qualquer demonstração de afeto, seja de que tipo for, é castrada e condenada. Os lideres espirituais, políticos, agentes culturais, artistas e comunidade pensante são, todos, amarrados e suprimidos em todo seu potencial criativo e humano. Quem pagará essa conta ao novo mundo?

Cidade morta, em cinzas e ruínas.
Comerciantes e empresários herdam não sabem o que, para produzir não sabem como nem para que. Precisam de se apegar aos falsos valores que mantém o poder pelo poder, ao prestígio de uma sociedade fechada, em que os novos valores jamais podem ameaçar aos times que sempre estiveram ganhando e - por isso - não podem ser mexidos.
Não sabem o que fazer com as heranças materiais. As heranças culturais, intelectuais, valores morais e éticos são queimadas ou trancafiadas nos quartinhos dos loucos. Quando e onde resta alguma sanidade, a sociedade e a comunidade expulsam: por medo de ter a própria loucura explicitada e desmascarada.

No vale entre montes, sob a Doce Colina, quase todo mundo é negro, mas apenas alguns têm coragem de assumir sua cor. E afirmam:  sempre foi assim! 

Que sociedade é essa?

Mas a cada ano, liberto mais uma vez o Barrabas, Cristo imolado,  promessas serão pagas e tudo permanecerá em paz.

Josevita Tapety
Oeiras, maio de 2008

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