sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O PREÇO DO VOTO


É de praxe: há muitos pleitos, os votos dos curais eleitorais são negociados pelos cabos, vereadores e líderes comunitários. O povo diz que o apoio de um vereador de uma cidade com até 5 mil habitantes custa por volta de R$ 3 mil. Já em cidades com 20 mil moradores, o valor negociado seria R$ 10 a R$15 mil.
É assim que funciona, me dizem os “entendidos”. Não adianta você querer lutar contra isso. Explico que tenho respeito pelas pessoas. Não aceito que um suposto líder diga em quem o seu povo tem que votar. Em alguns casos, a negociação inclui, além do valor em dinheiro, favores, consultas, algum tipo de vantagem para ele ou para o grupo. Mas nem sempre. Eleição passada escutei, indignada, um deputado recém eleito contar, em roda de amigos, se acabando de rir, que tomou 1200 votos de um colega, também deputado, e baratinho. Pagou R$ 1200,00 a um cabo eleitoral que estava no aperto e com isso se reelegeu. “Cada eleitor custou apenas R$1,00 (um real)”. E ria muito, contando a maior vantagem: “aquele filho duma mãe só se elegeu por causa da legenda”.


Nestas eleições, os mesmos candidatos gastam horrores.
Jingles de campanha tocados em carros velhos, muitos sem documento ou dirigidos por motoristas sem habilitação, adesivados de soleira a teto. Cada carro velho custa de R$ 15 a R$ 20 mil para rodar 60 dias de campanha. São R$ 200 mil só em carro de som por candidato. A musiqueta anuncia que seu candidato vai ganhar. É, ao menos, uma chance para os artistas e estúdios de gravação. A eleição movimenta toda a mídia e impulsiona algumas empresas, mas também fortalece a manipulação sobre a imprensa, forma novos lobbies e levanta outros já quase falidos.

Em Oeiras, já pudemos contar, nos dias de feira, mais de 50 carros e motos de som circulando ao mesmo tempo. Cada candidato tem pelo menos 10 carros e paga sua equipe de pesquisa e pedido de voto com, em média, 1 salário mínimo por pessoa. Quem ainda não foi contratado por ma coligação, espera a chance para negociar a contratação pelo outro grupo. No mínimo imoral, apesar de nem ser visto como ilícito.

O pior é que todos se sentem beneficiados. Afinal, estão desempregados.
Estes serviçinhos de eleição pagam as dívidas do desemprego da vida inteira?

Intensidade do ruído é outro absurdo
.
Os trios atacam o anoitecer das cidades com ruídos estrondosos. O máximo permitido seria, por Lei, 70 decibéis. Nos trios e carros grandes, a zoada passa dos 200. Agora pense: 200 x 20 = 4000. Este é volume de barulho da campanha ensurdecedora. O candidato mais rico ordena: “quando passar por eles, aumenta o volume”! Em frente a hospital, escola, igreja, prefeitura, TRE: NÃO IMPORTA!

É impossível ao Tribunal fiscalizar essas ações.

O povo tem medo de denunciar ou acionar os poderosos.
Afinal, multinha de R$ 5 mil “não faz nem cosquinha” nos bolsos dos candidatos que estão gastando R$2, R$3 milhões na campanha.

O povo pensa: eu vou ser é ainda mais perseguido. E cala.
Ainda me dizem: rapaz! Você tem é coragem: usar adesivo da Marina Silva – 43.
Argumento: Não faz medo estar com a verdade.


Quando militávamos em movimento estudantil, eles também eram contra se utilizar da condição de miséria para cativar e comprar eleitor. Todas essas práticas, sempre utilizadas pelos coronéis, eram duramente criticadas pelos – hoje – donos do Piauí, do Brasil.
Fome, doença, privação, dificuldade de acesso ao estudo. ZERO! Tudo o que é respeito ao indivíduo e ética foi abandonado em nome da tomada e agora manutenção do poder: “para o Brasil continuar crescendo”. Conversa bonita para amolecer os corações.

A propaganda desvia a atenção das negociações exclusas. Falar em futuro pra quê? O povo, na miséria, só quer é comida. É só falar também em desenvolvimento sustentável e dá certo.

JOGO SUJO DO PODER PELO PODER.


Do alto da colina, ouço a batalha sonora e observo a infiltração sorrateira dos grupos de pesquisa.
E sonho: o que fariam esses 20 ou 30 milhões investidos em minha região em SAÚDE, EDUCAÇÃO E CULTURA, ou assistência à pobreza ao invés de puro marketing político e enganador?

Salário de deputado é R$ 12.300. Nos 4 anos não chega a R$600 mil. De onde vem tanto dinheiro?- Doações?- Por quê?


MEU POVO AINDA HÁ DE ACORDAR. TODOS OS IMPÉRIOS, UM DIA, RUIRÃO.

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