quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Manifestação em solidariedade às vítimas do massacre do Pinheirinho reúne 5 mil pessoas

Estas imagens você não vê na TV:

Do Blog Sem Lorota. Lara Tapety

Faixa com imagens de atos em outros países. Foto: Lara Tapety

Aproximadamente 5 mil pessoas de todo o Brasil, e algumas de outros países, tomaram conta das ruas do município de São José dos Campos, São Paulo, conforme apontado pela organização do ato nacional em solidariedade ao povo do Pinheirinho.
Milhares de cidadãos de bem dessa comunidade tiveram seus lares e até vidas destruídas brutalmente pela operação de reintegração de posse realizada pela Polícia Militar a mando do prefeito da cidade Eduardo Cury e do Governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. Estas famílias ocupavam há quase 10 anos o terreno abandonado pertencente a empresa falida Setecta Comércio e Indústria S/A, do criminoso megaespeculador Narj Nahas.
Bebês de colo, crianças, mulheres, homens e idosos foram agredidos física e pscicologicamente sem nenhuma justificativa cabível. Ninguém foi poupado. Sprays de pimenta, bombas de gás, balas de borracha e também balas letais foram disparados pelos policiais contra os moradores da região e quem estivesse por perto. Aconteceu um verdadeiro massacre com derramamento de sangue de inocentes. 

Ontem, 01, houve uma audiência pública em apoio aos moradores do Pinheirinho na Assembléia Legislativa de São Paulo. A Casa ficou lotada. Houve exibição de vídeos e depoimento de vítimas da operação da PM.
"Meu braço inteiro está com manchas rochas", disse uma senhora que foi obrigada pela polícia a sair de sua casa mesmo passando mal.
"Agora eles vêm com uma história de dar mil reais pra a gente pagar aluguel e pagar caminhão de mudança. Que mudança? Se destruíram tudo! Que mudança? Geladeira quebrada, televisão que não funciona...", contou outra mulher.
Parlamentares que acompanhavam o processo denunciaram a falta de transparência na desocupação, já que foram impedidos de entrar na área, assim como a imprensa.

Manifestação sendo encerrada em frente à prefeitura. Foto: Lara Tapety

A manifestação de hoje, iniciada na Praça Afonso Pena, passou pela Câmara Municipal e foi encerrada na Prefeitura do Município. Durante o percurso diversos representantes de entidades fizeram intervenções que chamavam atenção da sociedade para a problemática e manifestavam apoio aos desabrigados do Pinheirinho. O feedback apareceu nas janelas dos prédios da cidade em que a população sinalizava com panos brancos. Uma cena emocionante que tive oportunidade de ver de perto, e só de perto mesmo para compreender a imensidão deste fato.
Mais emocionante ainda foi a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que levou 4 caminhões cheios de alimentos em solidariedade aos desabrigados. Feijão, arroz, mandioca, abóbora, frutas e outros produtos orgânicos oriundos de assentamentos de São Paulo foram doados e distribuídos para as vítimas do massacre. Interessante observar que, se foi preciso um movimento fazer tal doação, significa que o Estado não cumpriu seu papel de organizar todo um aparato para a população. Diversos juristas apontaram que para executar a liminar da desocupação isto deveria ser garantido.
A situação de barbárie e desumanidade continua, apesar do apoio nacional e internacional. Os abrigos da prefeitura não têm estrutura adequada, as pessoas - que perderam quase tudo - estão dormindo no chão, sem condições dignas. Falta leite, principalmente para as crianças, fraldas, roupas, cobertores... Enfim, coisas básicas para o dia a a dia. 
A CSP-Conlutas lançou uma campanha de apoio financeiro aos ex-moradores do Pinheirinho. A entidade vai centralizar as doações por meio de uma conta bancária para as entidades que queiram ajudar financeiramente. Além disso, esta campanha consistirá também na arrecadação de alimentos, roupas, remédios e material de higiene. 
Instituições variadas também estão realizando campanha de arrecadação de materiais. Qualquer ajuda é bem-vinda, já que a comunidade perdeu tudo. Um brinquedo, por exemplo, pode trazer de volta o sorriso de uma criança. 
Ajude as vítimas do massacre do Pinheirinho!

Doações financeiras:
Banco do Brasil
Agência: 4223-4
Conta Corrente: 8908-7
Central Sindical e Popular Conlutas

Lara Tapety







Um comentário:

Josevita Tapety disse...

Meu ofício me obrigaria, por dever e tb alegria, a estar aqui colocando pelo um vídeo, uma música, alguma mençåo, qq coisa que se referisse a meu novo cd, que levei 4 anos para gravar. Não consigo. Esta historia de Pinheirinho, está me entristecendo de tal forma, que não consigo. Não tem ego que suporte. E olha que o meu é gigante.

Tenho tb as irritações normais numa criatura bem criada, aparentemente bem educada, e que toma pelo menos uma garrafa de bom vinho, ou espumante por semana, com a ignorãncia e a falta de educação que reina, principalmente nisso que chamamos de nova classe média, para quem e para onde se dirige toda a publicidade, produto e programação das tvs.

Tenho horror hj em dia, de votar, por descrença total, e tb me revolta democraticamente " dividir" meu voto, com a massa, que por mil motivos que sabemos e não vou me alongar nisso, elege justamente quem lhe massacra e trai dps.

Ignorãncia convinientemente mantida.

Alguem poderia me perguntar, pq este fato, em especial está tirando minha alegria, em tal domensão, considerando que o mundo, e não sø aqui, estå um barbárie. Caliúga.

MAS, esta história, esta história escancara, leva ao limite da desumanidade, da alma esvaziada, a prova de que o inferno existe aqui e agora, no coração do homem.Todos nøs sabemos que mesmo que isso fosse apenas uma reintegraçao de posse, jamais poderia ter sido desta forma.

E agora começa a aparecer, pelo menos para mim que vivo no meu umbigo, como muitos de nós, classe média bacana, artistas e outras cositas mais, que estes filhos do diabo não estão nem no direito deste ato. Qto mais da forma que foi executado.

Não me espanta o silêncio da Globo, ou dos outros canais de comunicaçao, que teriam o poder de rapidamente trazer a tona o fato como é de fato, e derrubar quem quer que fosse, como já o fez, e fará qdo for de interesse.

O que me espanta é o silêncio aqui, aqui neste pseudo mundo que viemos todos os dias quebrar nossa solidåo.

Já ví movimentos enormes, aqui. aquizinho. Será que estamos cegos ? anestesiados ? cansados ? Doentes, ou maus ? Rita Lee, socorro !! precisamos de muitas Ritas para esbravejar, precisamos de Pedros em greve de fome. E juro por tudo que é sagrado, se estivesse no Rio ia prestar minha solidariedade ao moço. Passar fome não ia.

Não sou nobre a esse ponto, nem sei se sou a ponto algum. Mas to sentindo dor, e dor pelo outro, mesmo que na hora das filas dos bancos e em super mercados e em outras tantas situaçoes eu tenha vontade de estrangula-los. estou com dor e nojo e indignaçao.

Me resta o desabafo. E tb a greve de ego,. até segunda ordem nao falo de mim. nem de disco, nem de porra nenhuma que nao seja de ordem humanitaria.

Obrigado a quem chegou ate aqui. segue nos comentarios um video explicando um pouco da vergonha que rola la.

Cris Braun ( querida! faço minhas as suas palavras. Excetuando a produção de um CD. : ) Afetuoso abraço.)