Oeiras, inteira, um dia serás!
Não nasci oeirense. Sinto Oeiras em cada célula de minha pele desde criança. Optei por viver na Primeira Capital do Piauí por completa identidade com a ambiência sertaneja, herança que considero genética. O perfume da malva na chegada a Oeiras jamais sai de mim. Rememoro, a cada entrada de inverno, a felicidade que senti nas chegadas a minha terra cada mês de férias sonhado o ano inteiro.
Nasci e me fiz arquiteta e urbanista em Recife, de onde fui levada a trabalhar em Maceió depois Europa (Eslovênia). Julho de 2004 voltei ao Brasil ( Recife, Maceió , Teresina e Oeiras) em visita, com data de retorno marcada para 45 dias. Desde então não consegui mais me afastar de minha terra, de minha gente. Algumas crianças lindas me fizeram lembrar que – pra mim - Oeiras é o melhor lugar do mundo.
Em palestra a crianças e jovens na Doce Colina, ao abrir espaço para conversa com o público, achei por bem perguntar-lhes algo que definiu e direcionou a mim mesma desde os 12 anos de idade: -O que você vai ser quando crescer?Solicitei que quem já soubesse a resposta viesse à frente do grupo e dissesse seu nome e a nós todos o que vai quando crescer. Várias crianças se apresentaram.
Elaine – Eu vou ser médica.
Ceiça – Eu vou ser promotora como Dr. Bill.
Rodrigo - Eu vou ser jogador de futebol. Aliás, vou ser não, já sou. Sou o artilheiro do meu time.
Celina – Vou ser professora.
Lourdes – Vou ser juíza...
Alunos de escola pública, infra-estrutura mínima, a educação carregada nos ombros das professoras e professores – esses seres especiais, profissionais conscientes, responsáveis e de coração enorme que mantém a educação e cultura oeirenses no nível dos centros grandes e ricos. Tudo contra (às vezes só a merenda escolar como única refeição diária), tantos desejos e sonhos, esse o potencial humano riquíssimo de minha gente e eu na Europa, trabalhando para e por aquele povo que já tem quase tudo. Decidi ficar no Brasil, em Oeiras e viver meu sonho Oeirense já! Quatro anos é bastante tempo. Hoje conheço profundamente cada esquina da minha terra. Sinto na pele cada valor e cada penar de minha gente.
...
Nasci para viver solitário, abismado
Na própria vastidão do meu ser tão profundo
Como o espaço sem termo, ou como o mar sem fundo,
Estranho à imperfeição de que vivo cercado.
Meu sonho superior é corcel galopando
Através de vergéis de outrem desconhecidos,
Que vai, galhardamente infrene, desbravando,
Para serem depois por outros percorridos.
Eu sou o portador das verdades futuras,
E o que ensino há de ser somente percebido
Por quem for superior, e tiver pressentido
A nuvem que inda vai se adensar nas alturas.
Sacerdote do Belo – eu prego a teologia
Que há de um dia remir a humanidade nova
E reduzir a pó na escuridão da cova
O cancro da mentira e o mal da idolatria
...
(Trecho do Elogio do Belo, Poeta Nogueira Tapety)
Os caminhos de Deus às vezes se apresentam tortuosos e os desejos humanos são os mesmos do Criador. O Divino como guia e mentor, entretanto, sempre à frente de cada objetivo e decisão, dirige e orienta os atos para o correto, ilumina e abre as mentes e os corações para o melhor. O melhor, é – sempre - o melhor para todos. Qualquer ação que beneficie apenas alguns ou privilegie a um grupo é apenas – e também sempre - algum tipo de apropriação ou espoliação.
Oeiras é rica: em potencial humano, em valores morais e éticos, em fé, em cultura e em inúmeras tradições valiosas. Tem também recursos financeiros que, uma vez bem administrados, podem podem ser convertidos em melhoria de vida e oportunidades para todos. Tem também seus muitos vícios, resultado de anos, séculos de espoliação e apropriação instituída e regulamentada. Conveniências, acomodação, principalmente miséria e falta de oportunidades quase sempre impedem o despertar das consciências.
Oeiras, invicta, triunfará um dia: apesar das vicissitudes da vida, independente de facções político-partidárias.
Que o Divino nos ilumine!
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