terça-feira, 17 de abril de 2012

CARTA ABERTA. 2º. GRANDE COMÍCIO

JOSEVITA TAPETY: PARTIDO VERDE.OEIRAS - PIAUÍ. 1

 Amanhecer. Catedral de N. Sra. da Vitória. Oeiras-PI

Esta carta aberta foi distribuída em 6000 exemplares pela cidade de Oeiras na época da minha campanha de 2008. Àquela época acreditei que, como vereadora, poderia prestar um melhor serviço à minha cidade e realizar ,junto com tanta gente com quem compartilhei meus sonhos, sonhos em comum.

Mas política não é exercida com a seriedade necessária e urgente.Ao menos não é sério diante do sistema eleitoral, legislativo e executivo tal como se configura ainda hoje.

Descobri que o poder de comando só é valido se compartilhado. Só é viável se compartilhado com total transparência e liberdade. Descobri também que o poder legislativo, em cidade de interior, constitui-se apenas de cabos eleitorais que passam anos a barganhar migalhas de poder e pequenas vantagens p-pessoais  e, no máximo, familiares e de seus pequenos grupos de vizinhança imediata.

Não vale a pena "colocar as mãos na lama para limpar as latrinas", como me sugeriram os amigos que me aconselharam a enveredar por aquele caminho, sem real possibilidade de mudança.
E todo o poder emana do povo e apenas por ele pode ser gerido.

SE O POVO NÃO QUER, NADA MUDA!
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CARTA ABERTA. 2º. GRANDE COMÍCIO

OEIRAS - PI.  Abril de 2008


Desde criança, quando chego a Oeiras, nos meses verdes e úmidos, sinto uma alegria enorme ao sentir o cheiro da malva desde a descida da Ladeira do Inferno, vindo do Gaturiano. O cheiro da flor da Jitirana ao amanhecer e à noitinha, o friozinho das noites e madrugadas, a cruviana... esses referenciais de minha vida inteira me fazem pensar como devem ter se sentido  aqueles Jesuítas quando receberam este presente de Domingos Afonso Sertão e  decidiram se transferir para cá e transformar nossa vila do Mocha numa fazenda rentável. Igreja da Matriz bem no centro do vale entre montes cobertos de alecrim, malva e pintados de roxo nas primeiras chuvas. O Riacho Mocha correndo entre pedras formando  cachoeiras, o Canindé cheio de águas limpas e muitos peixes... um “oásis” no Sertão do Piauí. O cheiro da chuva correndo sobre os lajedos da Primeira Capital, desde a Fazenda Canela, desde a Doce Colina, desde o Leme, formando córregos vigorosos, lavando tudo e levando mais correnteza para o riacho...Fico a imaginar as cores e odores que fizeram minha mãe, a artista plástica Zuleica Tapety pintar as imagens de Oeiras Colonial com tanta veracidade e vida, como se  estivesse estado o tempo inteiro  aqui. È que Oeiras está o tempo inteiro nela, como esteve a vida inteira em meu Pai, o Dr. Vicente Pontes - aquele jovem engenheiro que veio construir estradas, bebeu da água do Mocha, apaixonou-se por minha mãe e por nossa terra querida.
            Imagino o prazer que sentiam aqueles jovens que iam à tarde banhar-se no Riacho, os badalos dos chocalhos do gado manhoso, a conversa dos jumentos, a brisa suave e ás vezes uma ventania.
            Sonho nossa cidade arborizada, florida. Nosso Riacho revitalizado. Nossas áreas de preservação limpas, cobertas de vegetação, bonitas, convidativas ao turista e receptiva aos visitantes. Sonho nossa gente vivendo feliz, com qualidade de vida, ganhando sua vida com dignidade. Sonho nosso povo respeitado.
            Nossa Oeiras cresce, tornou-se uma cidade simpática, hospitaleira, um centro comercial próspero. Aqui se comercializavam gado trazido desde o Juazeiro da Bahia, eram  engordados e a riqueza da fartura produzida na nossa terra se transformava em crescimento e vida melhor para todos.
            Hoje somos quase 37 000 pessoas convivendo numa cidade que cresce a cada dia. Cidade maior, dificuldades maiores. Nossa responsabilidade para com nossa gente e nossa história é enorme.
            Andando pela cidade, às vezes a pé, às vezes de bicicleta, tomo um cafezinho aqui, converso um pouco ali, visito os amigos, conheço gente nova a cada dia. Para mim, não há nada no mundo melhor que isso. Nessas andanças, descobri em Oeiras mais de 150 costureiras que vivem de suas costuras. Encontro todo dia, senhoras, jovens e crianças, a tarde, quando esfria o sol, conversando enquanto fazem seus crochês e bordados. Decidi pesquisar melhor, descobri que há mais de 2500 artesãos e artesãs, capazes de fazer de tudo do melhor em arte popular e artesanato. Nossos trabalhos manuais são muito bons. Melhores que  tantos vendidos para exportação e mesmo comprados  em nossas feiras, vindos do Ceará, do sertão de Pernambuco e Paraíba. Fico me perguntando: no que eles são melhores do que nós?
            Descobri que só nos falta uma coisa: sentimento de coletividade. Apesar de nossa receptividade sertaneja, nosso jeito acolhedor de receber cada amigo e vizinho em casa para um cafezinho , às vezes uma rosca, ou um cuscuz com ovo frito, ainda não descobrimos o jeito e trabalhar em equipe. Isso é que nos enfraquece.  Descobri também que estivemos divididos a vida inteira em 2 pedaços, como se fossemos parte de duas fazendas rivais. Mais que isso, descobri que temos sido usados a vida inteira para fortalecer essa divisão, através de estimulo a paixões e fanatismos. Temos nos deixado levar pela emoção e, apaixonados por algo nada real, temos permitido que nossa maior riqueza permanecesse improdutiva: nosso  maravilhoso potencial humano e  criativo.
            Tenho estado muito triste nos últimos 2 anos. Vendo tanto potencial produtivo e criativo se esvair entre nossas mãos. Vi passarem por nos todas as possibilidades de investimento que trouxe da Europa quando decidi – de uma vez por todas – ficar em Oeiras e viver meu sonho de criança. Parcerias internacionais que trouxe para produção de frutas, queijos, até vinho, ainda não pude concretizar. Possibilidades de venda  para outros Estados e  exportação de nosso artesanato em crochê, cerâmica, palha, novos produtos. Estou tentando de todas as formas viabilizar há 4 anos. Todas as oportunidades me têm sido negadas. Mais me entristece perceber que há interesse determinado que nossa gente continue empobrecida. Gente que se sente fraca, incapaz de se manter com seu trabalho é mais fácil de se deixar manipular.
            Decidi entrar na vida pública e procurar uma forma de levar ao conhecimento de todos o que tenho descoberto aqui. Tudo o que podemos fazer e tudo o que deixamos de fazer: por medo, por insegurança, por opressão.
            A cada 4 anos, nos é dada a oportunidade de decidir: mudar de vida, tomar conta de nosso destino, ou deixar que continuem nos explorando, usando, manipulando. Todo tipo de manipulação beneficia alguns e espolia – sempre – a  maioria. Estou me propondo a trabalhar também como VEREADORA DE OEIRAS para trabalhar para vocês, por nós. A Câmara Municipal pode ajudar nesse processo de mudança.  Juntos, população e vereadores que trabalhem por nossa cidade, podemos muito.

Por uma nova Oeiras: verde, viva!


            

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